Segurança: valor que distingue povos desenvolvidos dos subdesenvolvidos?
Com apenas 3 anos de idade, meu filho chegou em casa e foi logo me ensinar o que fazer em caso de incêndio. Estávamos morando no exterior e como eu realmente não sabia nada sobre o assunto, segui suas orientações e tratei de aprender. Ele me disse muito autoritário: “Mamãe, caia, role e vá engatinhando.” Eram as ordens de comando ensinadas na escola.
As ordens faziam sentido. Se a criança pegasse fogo, era necessário primeiro apagar as chamas, e para tanto, o melhor que ela podia fazer era rolar no chão, ao invés de sair correndo, dando mais ímpeto para o fogo. Engatinhar para fora da casa era indicado por conta da maior presença de oxigênio em lugares mais baixos. Depois da demonstração, ele me perguntou qual era a saída de incêndio da nossa casa. Novamente, fiquei perplexa. Não tinha a mínima ideia!
Toda semana as crianças eram relembradas de alguma medida de segurança que precisavam internalizar.
Nunca gostei das mil e uma comparações que nós brasileiros gostamos de fazer entre nós e os países desenvolvidos da Europa e América do Norte, geralmente unilaterais, polarizadas e preconceituosas. Mas diante da tragédia ocorrida neste fim de semana em Santa Maria, no Rio Grande do Sul, fico pensando se não seria o caso de aprendermos um pouco sobre prevenção e segurança com os nossos amigos do hemisfério norte.
Maurício Cunha e Beth A. Wood publicaram em seu livro “O Reino entre Nós” (Editora Ultimato) uma lista que distingue culturas que exibem uma “ética de desenvolvimento” daquelas que demonstram possuir uma “ética de subdesenvolvimento”. Todas as culturas têm uma mescla de coisas que funcionam e que portanto são boas e coisas inadequadas e que portanto geram resultados ruins.
Ao publicar esta lista aqui, não defendo a ideia de que nós brasileiros estamos enquadrados na lista negativa, e que os países do norte estão na lista positiva. Gostaria apenas de ponderar na possibilidade de mudarmos uma característica em nossa cultura: precisamos ser mais precavidos! Nossas crianças, adolescentes e jovens agradecem (depois de reclamar por conta das restrições que virão)!
Elsie B. C. Gilbert