Recentemente caiu em minhas mãos uma cartilha muito interessante sobre educação financeira das crianças para pais, produzida pela Câmara de Deputados Federais (baixe PDF aqui). Ela vem repleta com considerações  sobre a diferença entre querer e precisar, finanças na hora da compra, parâmetros para a mesada, como se divertir com o ato de poupar, alertas sobre o poder da publicidade na vida das crianças, o consumo consciente e o mais pertinente aos dias de férias e festas: “Arte de doar, arte de se doar”.

Experimentei na prática as lições apresentadas na cartilha quando decidi, pela primeira vez, pedir para minha filha que escolhesse roupas para doar antes do natal, já que é provável que ela ganhe mais roupas para serem guardadas num armário  já super barrotado!

Em anos anteriores eu me poupava fazendo esta limpeza nos dias em que ela viajava para o acampamento da Mocidade para Cristo, evento que já tem lugar garantido no nosso calendário familiar. Desta vez, resolvi transformar a tarefa prática numa experiência pedagógica, nada prática…

Minha filha, que tem hoje 10 anos, conseguiu passar 4 horas entre protestos, decisões, retrações, indecisões, e muitas, muitas lágrimas. O salto final: 13 peças de roupas doadas com a condição de que a futura dona seja uma menina muito cuidadosa e que saiba cuidar dos seus vestidos favoritos que não servem mais!

Para mim a lição foi outra. Na minha infância eu fui a “futura dona” e até a adolescência, praticamente todas as minhas roupas foram peças reformadas  de roupas doadas para nossa família. Preciso lembrar que meus filhos estão sendo criados em um outro contexto econômico e social e que portanto é necessário insistir com experiências  pedagógicas, nada práticas nas quais nossa paciência como pais é testada, experiências que em outros tempos talvez não fossem tão necessárias. E agora, para a segunda fase da lição: hoje é dia de escolhermos livros, brinquedos e demais bugigangas!

Elsie B. C. Gilbert

Um outro aspecto muito importante na educação financeira é a doação. Devemos ensinar os nossos filhos a olhar em torno de si para  perceber as necessidades dos outros e não apenas as suas próprias, e estimulá-los a compartilhar não apenas dinheiro, mas tempo, talento, ideias, afeto etc.

Podemos incentivá-los a separar as roupas antigas e os brinquedos que não usam mais para sejam doados a outras crianças; a ler um livro para o irmãozinho mais novo; a ajudar um colega da escola que esteja com dificuldade em uma matéria; a ligar para os avós para saber se então bem, enfim há mil e uma maneiras de fazer doações.

Segundo Pinotti, a generosidade é ainda “um exercício de prosperidade, pois faz circular uma sensação de fartura e acolhida pelo universo. Isso inspira no outro um espírito construtivo e colaborativo, uma vontade de trocar com os demais, de dar sua contribuição, de suprir as lacunas do outro em vez de condená-las. Também gera fé, não necessariamente em uma divindade, mas na existência de um mondo melhor e mais hospitaleiro, onde a irmandade humana se protege. Esta solidariedade diminui a desesperança, a sensação de solidão, caos ou abando, trazendo apoio e suporte. Quando passamos a compartilhar este estado, sempre acabamos recebendo novas oportunidade vindas desse fluxo construtivo de trocas, pois criamos um meio próspero, o que é chamado de Lei do Retorno.

 

Texto retirado da cartilha Educação Financeira para Pais, publicado pela Câmara dos Deputados, Brasília 2011.

 

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