Comentário do Editor: Este Documento Avançado de Cape Town 2010 foi escrito por S. Kent Parks e John Scott com o objetivo de oferecer um panorama do tema a ser discutido na sessão Multiplex intitulada “Não Alcançados: ‘Um Quarto do Mundo’ sem ajuda”.

OVELHA PERDIDA, MOEDAS PERDIDAS, POVOS PERDIDOS

Certo dia, os companheiros de Jesus, coletores de impostos e pecadores, juntaram-se em torno dele para ouvi-lo: “Qual de vocês que, possuindo cem ovelhas, e perdendo uma,… Ou, qual é a mulher que, possuindo dez moedas e, perdendo uma delas…” (Lucas 15). Essa multidão não teve problema para entender Jesus. Eles sabiam o que significa estar perdido. 

Anos mais tarde, em impressionantes visões reveladas na ilha de Patmos, o apóstolo João vê um Cordeiro, parecendo que tinha sido morto, no centro do trono, no céu.  Uma espontânea adoração irrompe: “Digno é o Cordeiro que foi morto, e que com o seu sangue comprou para Deus homens de toda tribo, povo, língua e nação” (Apocalipse 5).

O preço com sangue da compra foi pago e na visão celestial Jesus está recebendo a adoração que Lhe é devida. A obra já está completa.

Como Jesus pretendeu que todos estes perdidos, de toda tribo, língua, povos e nações descobrissem que Ele já pagou o preço por eles? Nestas histórias sobre ovelha e moedas perdidas, Jesus lembra que a coisa mais natural que acontece quando perdemos algo é ir procurar o que se perdeu. Mesmo que, como foi com a ovelha, signifique deixar as noventa e nove e ir em busca da perdida. Jesus, inclusive, afirma que o Pastor fica “mais feliz com aquela que ele encontrou do que com as 99 que não se perderam” (Mateus 18:13). Será que assimilamos esta verdade?

A diversidade dos povos ao redor do trono celestial em Apocalipse 5 leva-nos a perguntar:

  • Se esta rica variedade é o destino da Igreja na eternidade, porque tantas pessoas ainda não estão presentes na figura da visão de João?
  • Qual o impacto em nós da ausência deles? Será que já paramos para pensar em o quê “nós”, na igreja global estamos perdendo porque tantos não estão presentes?

Quando as prioridades de Jesus para os perdidos e marginalizados são ignoradas pela Sua Igreja, dois bilhões de pessoas são ignoradas. Quem é este um quarto da população esquecida do mundo?

POVOS ESCONDIDOS – UM QUARTO DA POPULAÇÃO DO MUNDO ESQUECIDA

No histórico Congresso Lausanne de 1974, Ralph Winter mexeu com o mundo evangélico ao chamar a atenção para a situação dos “Povos Escondidos”:

“Nossa exaltação com o fato de que em todos os países do mundo já houve penetração, permitiu que muitos de nós presumíssemos que em todas as culturas já houve penetração. Este erro de interpretação é um mal tão disseminado que merece um nome especial. Vamos chamá-lo de “cegueira dos povos”—ou seja, cegueira em relação à existência de povos separados dentro dos países.[1]

Estes “povos separados” são, na sua maioria, muçulmanos, hindus e budistas, e incluem importantes populações urbanas. Eles foram descritos como “grupos de povos não alcançados, povos menos alcançados”, e, talvez, a descrição mais precisa e inquietante de todas: “povos ignorados”. O Dr. Winter e outros depois dele tentaram iniciar um movimento global da Igreja envolvendo estes povos. Apesar de todos os trabalhos e discussões, e conferências, hoje, 36 anos depois, este “um quarto esquecido” sem acesso ao evangelho chega a mais de 28% da população mundial [2] e 41% de indivíduos no mundo são membros de um grupo sem igreja viável [3].

Fazendo uma comparação, Bill Gates tinha acabado de se formar no ensino médio e estava para entrar na Universidade de Haward quando Dr. Winter se pronunciou no Congresso Lausanee de 1974. Naquele mesmo ano surgiu o primeiro anúncio publicitário de um computador pessoal, com 1K de memória programável, por $565. Hoje deve haver uns dois bilhões de computadores em uso operando nas mais remotas regiões, com pelo menos um milhão de vezes mais memória do que aquele primeiro computador. Quem, em 1974, poderia imaginar uma mudança tão impressionante como esta?

Por que, da mesma forma não vimos no mesmo período, mudanças do mesmo nível entre os Povos Não Alcançados? O que aconteceu? Ou mais importante ainda, o que não aconteceu? E por que não aconteceu?

DESAFIOS

Infelizmente, temos que admitir que as principais razões desta negligência estão dentro da comunidade cristã global: gastamos a maior parte do tempo e dos recursos com nós mesmos, ainda sofremos de “cegueira dos povos”, nossas prioridades são outras, estamos engajados em batalhas teológicas entre nós mesmos. E para completar, o custo com pessoal do ministério para estes povos é alto, exige trabalhadores que transponham barreiras transculturais, linguísticas, sociológicas e religiosas e muitos desses povos também estão geograficamente distantes. Enfocaremos primeiro estes e outros desafios externos.

Desafios Externos

Oralidade / Alfabetismo: Mais de um bilhão de adultos no mundo prefere o aprendizado oral. Alguns não têm outra opção. Eles continuam isolados do evangelho, não por ignorância, mas pela insistência da Igreja com a palavra escrita para evangelizar e fazer discípulos.

Pobreza bíblica: Enquanto a Igreja continua concentrada em alcançar as populações majoritárias que são semelhantes à de seus membros, muitos grupos de povos ainda não ouviram as boas novas de Jesus Cristo em sua própria língua. A lingua não é apenas uma forma de entendimento — a identidade de muitos grupos de povos está inserida dentro da sua língua. E onde existem traduções, até em vários formatos, a distribuição costuma ser ineficiente, principalmente fora do Norte Global.

Cultura/Sociedade: A resistência às influências externas isola as culturas impedindo intrusões infrutíferas e ao mesmo tempo, barra as verdades libertadoras do evangelho. Além disso, mensageiros transculturais mal treinados, às vezes criam no seu público alvo, uma prevenção contra o evangelho por causa dos seus métodos. O que parece ser resistência ao evangelho e rejeição a Jesus pode ser simplesmente uma reação à abordagem feita.

Frequentemente, como igreja, estamos cegos para nossas próprias falhas culturais e injustiças, e nos concentramos nas falhas de outras culturas ao nosso redor. Geralmente não temos disposição para transpor barreiras culturais por causa da nossa acomodação e da nossa própria cultura, ou por causa do nosso preconceito contra comunidades que são diferentes de nós.

Isolamento Político: Há governos que restringem ou proíbem a evangelização de seus cidadãos e perseguem os crentes dentro do país. Em um país do Oriente Médio, são oferecidas recompensas para qualquer pessoa que denunciar um grupo de oração, e com frequências os trabalhadores missionários ficam impossibilitados de se aproximar das pessoas a quem desejam servir.

Isolamento Religioso: É comum autoridades religiosas individuais ou comunidades religiosas fazerem tudo o que podem para impedir que seus membros estejam em contato com cristãos e com sua mensagem. Na Somália, pessoas colocam suas vidas em perigo quando se interessam em ouvir as transmissões de programas cristãos pelo rádio.

Isolamento Geográfico: Muitos grupos, por exemplo, os tibetanos e nômades, têm pouca comunicação com o mundo exterior o que dificulta o envio e apoio a missionários transculturais e, além disso, condições naturais como o clima, impedem esses missionários de viver em uma determinada área por um período de tempo mais longo.

Devido à ideia predominante na igreja, da necessidade de instalações (sedes, escritórios) e programas fixos, povos nômades representam um desafio singular. Vejam as palavras de um pastor de camelos, somálio, na África Oriental: “Quando você conseguir colocar sua igreja no lombo do meu camelo, aí eu vou acreditar que o cristianismo é importante para nós”.

Perseguição e Terrorismo: Terrorismo e fundamentalismo religioso representam imensos desafios para a propagação do evangelho. A perseguição aos cristãos resulta na morte de mais de 165 mil crentes todo ano (500 por dia). Embora muitos cristãos sejam fiéis ao chamado do seu Senhor, diante de tal perseguição, outros, com medo, recuam.

Isolamento Social: O sistema de castas no Sul da Ásia é um exemplo de isolamento social. A pobreza econômica também é uma espada de dois gumes: as necessidades do povo são devastadoras e as condições de vida constituem um desafio pessoal para os trabalhadores cristãos.

Migração: Hoje, mais de 30 milhões de refugiados politicos (o correspondente às populações de Uganda ou do Peru) estão recolocados dentro de seus próprios países e mais de 100 milhões fugiram para outros países. O numero de refugiados econômicos atinge a ordem de milhões.

Desafios Internos dentro do Corpo de Cristo

Além destes desafios externos, e dos internos aqui mencionados – “cegueira dos povos”, falta de prioridade para os Povos Não Alcançados e o alto custo de pessoal do ministério – outros fatores prejudiciais são:

Mau uso dos recurso de Deus. Os cristãos ainda dão apenas 1% do seu dinheiro para as causas cristãs. Desse dinheiro doado para causas cristãs, 95% é gasto na Igreja. Menos de 1% é usado para alcançar 28% do mundo sem acesso ao evangelho. 90% dos missionários trabalham entre os 33% do mundo que declara ser cristão. Apenas 24% de testemunhas cristãs transculturais serve a estes 28%.

Conscientização é confundida com progresso: À medida que a igreja mundial toma maior conhecimento dos povo não alcançados, a “Janela 10/40”, “Mundo A” e redes orientadas a dados, tal como o movimento AD 2000, alguns presumem erroneamente que as necessidades desses povos já foram atendidas. Outros acham que os números são exagerados –– não é possível que haja tantos Povos Não Alcançados. Outros ainda, cansaram se da mensagem e manifestam desejo de seguir adiante para algo que seja supostamente mais importante.

Interpretação errada de “ethne”

Jesus mandou que façamos discípulos de todo “ethne”. O poder da imagem “ethne” (grupo de povo) para enfocar o pensamento estratégico começou a ser usado para redefinir todos os tipos de camadas da sociedade como “grupo de povos”. Assim, jovens, deficientes, prostitutas ou motoristas de taxi em certas cidades (que são na verdade segmentos ou uma camada da sociedade) começam a ser definidos como “grupos de povos”. Mas esta definição não é realmente uma “ethne”. Um entendimento melhor do termo “ethne” corresponderia a um grupo étnico-linguístico/étnico-cultural, que inclui as várias camadas dos jovens, urbano, rural, rico, pobre, deficiente, etc.

Cultura “cristã” diferente de verdade do Evangelho

Muitos escritores afirmam que povos perdidos frequentemente rejeitam nossas armadilhas para o evangelho como se rejeitassem a Cristo.  Jesus está tão escondido dentro do nosso pacote cultural e teológico (incluindo o materialismo, o farisaísmo, o denominacionalismo, etc.) que aparentemente eles não têm a menor chance de ouvir o evangelho básico. Um dos principais desafios na evangelização dos não alcançados é estar disposto a abrir mão da bagagem cristã étnica e cultural na luta por um padrão da verdade biblicamente necessária para anunciar o evangelho e fazer discípulos dos não alcançados.

Batalhas teológicas entre nós mesmos: Diferentes perspectivas sobre evangelismo e escatologia têm trazido concepções erradas e divisões para a comunidade cristã, ocasionando gastos de energia que poderia ser usada para o ministério. A maioria dos que trabalham em missões concordam que “palavra” e “obras” devem andar de mãos dadas.[4] Entretanto, na falta de diálogo que leve a um entendimento mútuo, diferentes opiniões sobre como seria isso na prática, geram caricaturas inúteis[5] de todos os lados da conversa.

O que significa dar testemunho das Boas Novas? Frequentemente, aquelas pessoas concentrados na urgência para apresentar a mensagem verbal de salvação caracterizam-se por promover um evangelho exageradamente simplista e truncado, enquanto aqueles concentrados na prioridade da justiça e renovação social são vistos como se desviando da principal tarefa que Jesus deu a seus discípulos, de apresentar a mensagem de salvação pessoal.

Diferentes visões escatológicas seguem o mesmo viés. Alguns tomam Mateus 24:14 como base para a construção da teologia e da estratégia missionária: “E este evangelho do Reino será pregado em todo mundo como testemunho a todas as nações, e então virá o fim”. Para estes, a pergunta fundamental é: O que podemos fazer para evangelizar o mundo mais rapidamente e apressar a volta do Senhor? Outros estão cansados do que parece ser ministério e teologia simplistas, e questionam se podemos apressar a volta do Senhor com nossos esforços. Estes também questionam se grandes estratégias para evangelizar o mundo são lideradas pelo Espírito Santo ou por um espírito empreendedor.  Alguns não conseguem imaginar o exercício do ministério sem contextualização e reflexão teológicas corretas, enquanto outros questionam se tanta teoria resulta em ação.

UM CAMINHO ADIANTE

Se urgência estiver relacionada apenas a tempo, e evangelismo estiver restrito a proclamação verbal, com certeza está errado.Se urgência estiver relacionada a questões sociais e de justiça e evangelismo estiver restrito a obras, também não está correto. Mas existe um caminho que oferece uma síntese significativa, construída sobre as seguintes convicções:

Mateus 24:14 é uma declaração do que Deus fará e do que acontecerá quando o corpo de Cristo for obediente. Deus procura pessoas que estejam na linha de frente com Ele no cumprimento do Seu plano. Mas nossa desobediência pode atrasar este cumprimento. Israel experimentou isso com os 10 espias e os 40 anos de atraso causados pela desobediência deles, gerada pela timidez e rebelião.

Deste modo, discipulado baseado na obediência é essencial. A não ser que a produção de congregações de discípulos obedientes seja para ajudar a transformar a sociedade, nossos esforços não são apenas errados, mas eles são falsos. O mandamento de Jesus é para fazer discípulos de grupos de povos (“ethne”), não para criar clubes que se reúnem aos domingos.

Embora o processo de discipulado seja sempre custoso, e leve uma vida inteira para ser totalmente desenvolvido, mudanças reais podem começar rapidamente, à medida que os seguidores são ensinados a obedecer em palavra e ação nas suas comunidades. Na China, Sul da Ásia e África surgiram movimentos eficientes, rápidos, profundos e transformadores. (veja abaixo)

O chamado do Espírito é para servi-lo com amplitude, mesmo que cada um de nós o sirva num pequeno ambiente . Deus é um Deus de ordem e é capaz de liderar pequenos e grandes planejamentos. Entretanto, qualquer plano que não seja inspirado pelo Espírito Santo é inútil.

Na essência, o fato do “um quarto do mundo esquecido” estar deixando de viver a alegria e o amor de Jesus por mais um dia, deve criar em nós um senso de urgência. A nossa urgência vem do fato de que “amamos Jesus” tão “profundamente” que queremos apresentá-lo para todos os grupos de povos o mais rápido possível –– para que tenham acesso à vida abundante que existe em Jesus agora e na eternidade e para que saiam dessa vida enfraquecida e fútil que é viver sem Ele (Efésios 4.19).

Lições Sendo Aprendidas

O desafio de atingir estes Povos Não Alcançados é muito grande. Alguns têm repensado radicalmente sobre suas abordagens e orado fervorosamente por inovações que levem a um discipulado profundo, transformador e que atinja a comunidade. Algumas das lições aprendidas a partir dessas novas abordagens para ministrar entre os menos alcançados são contraintuitivas e desafiam a sabedoria missiológica convencional[6]. 

1.  Aquelas que parecem ser as pessoas erradas com quem se deve começar podem ser as pessoas certas

  • Vá devagar para poder ir rápido.
  • Focalize em poucos (ou em um) para ganhar muitos
  • Sem evangelismo pessoal para que muitos ouçam. Sem evangelismo em massa para que as massas ouçam.
  • Compartilhe apenas quando e onde as pessoas estiverem prontas para ouvir.
  • Uma pessoa de dentro, nova e inexperiente,é mais eficiente do que uma pessoas que vem de fora, altamente treinada e madura.

2.  Confie que as Escrituras falam (mesmo entre aqueles que não têm histórico bíblico)

  • Comece com a Criação e não com Cristo.
  • O importante é descobrir, não pregar nem ensinar.
  • A obediência é mais importante do que o conhecimento.

3.  Confie nas pessoas comuns para fazer coisas incomuns

  • Discipule para converter e não converta para discipular.
  • Concentre-se em pessoas comuns, não em cristãos vocacionados ou profissionais.
  • Deixe o perdido liderar os estudos bíblicos.

4.  Espere resultados através da multiplicação e não da adição

  • A melhor hora para uma igreja plantar uma igreja nova é quando ela é nova.
  • Prédios matam o plantio da igreja.

5.  Espere vir dos lugares mais difíceis os melhores resultados

Refletir sobre essas lições pode capacitar-nos como representantes do Corpo global de Cristo para sermos catalisadores em ministérios eficazes no meio dos Povos Não Alcançados do Mundo. Ao considerarmos o nosso próprio contexto, quais dessas lições contraintuitivas podem ser adaptadas e aplicadas aos ministérios nos quais já estamos envolvidos?

Movimentos Transformacionais para Cristo

O resultado da aplicação dessas lições é que coisas maravilhosas estão acontecendo entre os povos menos alcançados, principalmente na China, Sul da Ásia e África. Deus está levantando grupos multiplicadores de pessoas que obedecem a Cristo, os quais estão transformando suas comunidades, sobre as quais não pesam custos com a manutenção de programas, de prédios e administrativos. Mais de 100 destes movimentos surgiram nos últimos anos.

Estes movimentos centrados em Cristo, também chamados de Movimentos de Plantio de Igrejas (Church Planting Movements-CPMs), combinam todos os aspectos do evangelho — transformação social abrangente, divulgação verbal do Evangelho, discipulado baseado na obediência, milagres, adoração e outros. Por exemplo, em alguns lugares da América Latina, as igrejas em células iniciaram oferecendo assistência médica, social e educacional, que não era suprida pelos governos. (Jenkins, “The Next Christendom”).

Três características destes movimentos são: reprodutibilidade, malha sinérgica de ministérios e sacrifício e dificuldade (ver Garrison, “Church Planting Movements-Movimentos de Plantio de Igrejas”). Quando testemunhas transculturais entram em um grupo e as pessoas respondem, surgem novas congregações de discípulos, geralmente reunindo-se em lares. Estas congregações são ensinadas a obedecer às Escrituras, a iniciar novas congregações e a ministrar em suas comunidades e além delas. Os discípulos que emergem são treinados para ser líderes em suas congregações e comunidades, e a começar a treinar outros líderes imediatamente que, por sua vez, treinarão outros líderes. Para mais informações sobre as características dos movimentos transformacionais de plantio de igreja amplamente documentados em vários contextos espalhados pelo globo, leia os artigos abaixo:

• “Church planting movements defined”

(Movimentos de Plantio de Igrejas Definidos)

• “World A, B & C”

(Mundo A, B e C)

• “Church planting movements: 10 universals, 10 common elements, 7 killers”

(Movimentos de Plantio de Igrejas: 10 universais, 10 elementos comuns, 7 letais)

• “Church planting movements then and now”

(Movimentos de Plantio de Igrejas como eram e como são)

“O que Deus Está Fazendo no Mundo Hindu”

 (2622 Povos Não Alcançados, 987 milhões de pessoas[7])

Nepal: A mais recente inovação no Nepal, que transpõe grandes barreiras em todo o país é uma das obras maravilhosas de Deus. Não há registro de nenhum crente em 1950. A primeira igreja foi formada em 1959 com 29 fiéis[8]; em 1970, havia aproximadamente 7.400 cristãos[9], em 1985 havia cerca de 50 mil crentes. No auge da perseguição em 1990 havia 200 mil[10], 574 mil em 2000; 904 mil em 2010.[11]

Índia: Em um lugar historicamente conhecido como “cemitério missionário”, um movimento de plantio de igrejas entre o povo Bhojpuri há mais de 20 anos resultou em mais de 80 mil novas igrejas e 4 milhões de crentes obedientes[12]batizados .

Estado Madhya Pradesh, na Índia: um movimento de plantio de igrejas produziu 4.000 congregações em sete anos[13].

“O Que Deus está fazendo no mundo budista” (575 Povos Não Alcançados ou Perdidos, 617 milhões de indivíduos)[14]

Mongólia: Em 1989 talvez fossem encontrados apenas quatro ex-budistas.  Um movimento de plantio de igreja em 1990 no interior da Mongólia produziu mais de 10.000 seguidores de Jesus, enquanto um movimento subsequente na parte central da Mongólia resultou em mais de 50.000 novos convertidos[15].

Tailândia: Na Tailândia central um trabalhador iniciou um desenvolvimento comunitário e econômico e deu continuidade com o plantio intencional de igreja, liderando o início da transformação na comunidade local.

“O que Deus está fazendo na China”

Em 1949 havia aproximadamente 1.5 milhão de protestantes na China.  Hoje é provável que haja mais de 100 milhões ou mais de cristãos [16], que cresceram em número através do sacrifício e compromisso deles, de compartilhar sua fé, oração e adoração, apesar da perseguição.

  • Na província de Henan, seguidores de Cristo cresceram do número total de um milhão para mais de cinco milhões em apenas oito anos[17].
  • No sul da China, um movimento de plantio de igreja produziu mais de 90.000 batizados em 920 igrejas nos lares, em um período de oito anos [18].
  • Em 2001, um novo movimento de plantio de igrejas surgiu, originando 48.000 novos convertidos em 1.700 novas igrejas em um ano [19].

“O que Deus está fazendo na África”[20]

  • No ultimo século, o número de convertidos aumentou de nove milhões para mais de 360 milhões.
  • A cada mês, aproximadamente 1.200 novas igrejas são iniciadas na África.
  • Em oito meses, 28 evangelistas etíopes levaram 681 pessoas a Cristo e iniciaram 83 novas igrejas.
  • Hoje, depois de anos de resistência ao evangelho, cerca de 90.000 dos 600.000 masais do Quênia são seguidores de Jesus Cristo.

“O que Deus está fazendo no mundo muçulmano” (3354 Povos Perdidos ou Não Alcançados, 1.46 bilhões de indivíduos[21])

Turquia: Em 1960 têm-se conhecimento de que havia 10 convertidos. No ano de 2000 havia aproximadamente 2.000. O World Christian Database aponta 14.000 convertidos em 2010 [22]. Embora muitos vejam abertura, ainda existe um longo caminho até lá.

Bangladesh: De 1998 a 2003, o Movimento Isa Jamaat produziu mais de 250.000 convertidos com histórico muçulmano adorando em aproximadamente 8.000 igrejas contextualizadas.[23]

Península Árabe: Desde que se iniciaram os esforços de Samuel Zwemer em 1890, os progressos nesta área foram lentos. Orações por esta área desde 1990 trouxeram algum resultado. Apesar dos desafios, existe um número estimado de mais de74.000 convertidos na Península Árabe [24].

PARE A INJUSTIÇA ESPIRITUAL

Embora estas histórias seja encorajadoras, mais de um quarto dos povos do mundo ainda não tiveram oportunidade de ouvir a mensagem do amor de Deus e vê-lo colocado na prática. Poderíamos chamar pura e simplesmente de “injustiça espiritual”, esta falta de resposta da nossa parte, que leva a sofrimento e desesperança desnecessários da parte deles,? Hoje, muitos Povos Perdidos não têm nenhuma escolha no que se refere ao evangelho. Mas, mesmo assim, eles ainda têm que seguir Aquele que disse: “Siga-me”. Não porque eles tenham rejeitado o chamado dEle, “porque eles nunca ouviram sobre o evangelho”.

Quando alguém desaparece, principalmente crianças e jovens, toda a comunidade se mobiliza na busca pelo perdido. Por que isso não acontece com todos estes Povos Perdidos? O que dizer das prioridades da Igreja global, quando 3% dos trabalhadores e menos de 1% dos recursos para missões são investidos na busca pelos Povos Perdidos?

A maioria das pessoas se converte através do relacionamento com alguém que conhece e em quem confia. Entretanto, “de 10 muçulmanos, hindus e budistas, mais de 8 não conhecem pessoalmente, um único seguidor de Cristo” Quais são as implicações disso para o Reino? Cada dia que passa sem alcançarmos com amizade estas Pessoas Perdidas, significa que elas estão perdendo a oportunidade que todos nós já temos — de conhecer Jesus pessoalmente, ser cheio da Sua alegria e paz, ter o Espírito Santo dentro de nós, ter vida abundante e o Seu poder para ajudar a mudar a sociedade.

Imagine o impacto, se em vez de apenas continuar justificando nossas arenas de atuação ministerial, investíssemos nossas energias combinadas para combater essa injustiça e disséssemos: “Sim, nós, como igreja mundial não vamos permitir que isto continue.”

PERDIDOS E ACHADOS? AINDA NÃO!

Vocês se lembram da visão que o Apóstolo João teve do Cordeiro que foi morto? Mais tarde ele teve outra visão, de uma “grande multidão… de todas as nações, tribos, povos e línguas, em pé, diante do trono e do Cordeiro… e o servem dia e noite em seu santuário, e aquele que está assentado no trono estenderá sobre eles o seu tabernáculo. Nunca mais terão fome, nunca mais terão sede. Não os afligirá o sol, nem qualquer calor abrasador, pois o Cordeiro que está no centro do trono será o seu Pastor, Ele os guiará às fontes de água viva. E Deus enxugará dos seus olhos toda lágrima” (Apocalipse 7:9-17)

Que figura linda! Mas vocês perceberam o trauma que precede o triunfo tão poderoso desta visão? Essas pessoas estavam com fome e com sede. Eles não tinham alimento nem água limpa suficientes. O sol os tinha abatido com calor causticante. Eles estavam sem proteção dos elementos da natureza. Eles não tinham pastor para levá-los para águas frescas. Eles tiveram muito porque chorar. Essa é uma descrição impactante dos Povos Perdidos do mundo de hoje.

Leia novamente as palavras de Ralph Winter no Primeiro Congresso Lausanne de 1974:

Devemos fazer novos esforços radicais de evangelismo transcultural para efetivamente testemunhar para 2387 milhões de pessoas. Não podemos crer que continuaremos virtualmente ignorando esta alta prioridade.[25]

“Não podemos nos dar ao luxo de continuar ignorando estas pessoas”. Mas é exatamente isso o que tem acontecido. Depois de 36 anos, aqueles mesmos grupos continuam sendo Povos Perdidos.

No último grande encontro Lausanne, no Fórum de 2004 em Pattaya, na Tailândia, os participantes afirmaram que:

Grandes esforços da igreja devem ser dirigidos para aqueles que não têm acesso ao evangelho. O compromisso de estabelecer igrejas autossustentáveis em 6000 povos não alcançados continua sendo uma prioridade central. [destaque nosso]

O que podemos dizer hoje se nosso “compromisso de ajudar a estabelecer igrejas autossustentáveis em 6000 grupos de povos não alcançados” teve um impacto tão baixo no nosso comportamento ou nessas comunidades?

O que é necessário para que façamos desta, a nossa verdadeira “prioridade central” de missão no movimento Lausanne e na igreja mundial? Que tipo de compromisso estamos dispostos a assumir — individual, organizacional, regional ou coletivo?

O que é necessário para recolocarmos os recursos disponíveis que temos para que estes Povos Perdidos não tenham mais que passar pela desesperança e vida sem Cristo agora e na eternidade? Quais relacionamentos, habilidades, capacidades, intercessões e influências estamos dispostas a assumir?

E finalmente, o que é necessário para que façamos deste, o “último” Congresso Lausanne no qual precisemos dar ênfase aos Povos Perdidos? Não porque desistimos ou viramos as costas para eles, mas porque não são mais perdidos e tomaram o seu lugar ao redor do trono para servir ao nosso Deus.

Os dois bilhões de pessoas que compõem este grupo não sabem que estão perdidos, mas Jesus o sabe. Ele conhece cada um pelo nome e convida-nos a unirmo-nos a Ele em lugares como Índia, Paquistão, China, Nepal e Bangladesh, onde vive a maior concentração de povos não alcançados — transpondo barreiras transculturais, linguísticas, desconforto e perigo e a grande distância, para sermos amigos deles e compartilharmos com eles as boas novas do Reino.

Por que deveríamos fazer isto?

“Não por que é nosso dever,

Apesar de ser.

Não porque vai trazer vida eternal para muitos,

Apesar de que trará.

Não porque dará melhores condições de vida ao pobre,

Apesar de que dará.

Não porque promoverá mais estabilidade às instituições mundiais,

Apesar de promover.

Não porque melhorará a mordomia ambiental,

Apesar de melhorar.

Não porque seremos recompensados,

Apesar de que seremos.

Devemos discipular as nações porque Jesus é digno de receber deles honra, glória e louvor.” (Apocalipse 5:12 e 7:9)

From Joshua Project, “Status of World Evangelization – 2004

(do Projeto Josué, Status da Evangelização Mundial – 2004)

© The Lausanne Movement 2010

[1]“The New Macedonia”(A Nova Macedônia) – Congresso Lausanne Sobre Evangelização Mundial, 1974.

[2]David Barrett, Todd Johnson e Peter F. Crossing, “Status of Global Mission, 2005, in Context of 20th and 21st Centuries,” International Bulletin of Missionary Research, Jan. 2005, p. 29.

[3]‘Joshua Project’ (Projeto Josué) define um povo não alcançado ou menos alcançado, como aquele povo em cujo meio não existe comunidade cristãos nativos em número, nem com recursos suficientes para evangelizar este grupo.

[4]E muitos acrescentariam também “maravilhas”.

[5]Caricaturas são criadas quando características específicas ou peculiaridades de qualquer questão são exageradas, produzindo um efeito obviamente tolo ou grotesco.

[6]These counterintuitive statements from various Church Planting Movements around the world have been compiled by David Watson. We hope to have a fuller document available soon: “Counter-Intuitive Lessons Learned from Least-Reached Peoples.”

[7]Joshua Project (www.joshuaproject.net/great-commission-statistics.php)

[8]Operation World (www.operationworld.org/country/nepa/owtext.html)

[9]World Christian Database

[10]Operation World (www.operationworld.org/country/nepa/owtext.html)

[11]World Christian Database

[12]”A Survey and Analysis of the Bhojpuri Church Planting Movement in Uttar Pradesh and Bihar, Northern India”, October 2008. Esta foi uma pesquisa conjunta organizada por CityTeam, Asian Partners, IMB, OM e outros parceiros locais.

[13]David Garrison, “Church Planting Movements, How God Is Redeeming a Lost World”, (Midlothian, VA:  Wigtake Press, 2004), 36.

[14]Joshua Project (www.joshuaproject.net/great-commission-statistics.php)

[15]Garrison, 68.

[16]World Christian Database  (Banco de Dados Cristão Mundial) registra 114 milhões de cristãos na China em 2010.

[17]Garrison, 53

[18] Ibid., 49

[19]Ibid.

[20]Ibid., 85

[21]Joshua Project (www.joshuaproject.net/great-commission-statistics.php)

[22]World Christian Database

[23] Kevin Greeson, “Camel Training Manual”, (Midlothian, VA:Wigtake Press, 2004), 12

[24]World Christian Database

[25] “The New Macedonia,” Lausanne Conference on World Evangelization, 1974.

 

Português Translation by: LGC_Translation

 

Author: S. Kent Parks and John Scott
Date: 05.07.2010
Category: World Faiths

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