Então disse Deus: “Façamos o homem à nossa imagem […]. Domine ele sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu, sobre os grandes animais de toda a terra e sobre todos os pequenos animais que se movem rente ao chão”. Deus os abençoou, e lhes disse: “Sejam férteis e multipliquem-se! Encham e subjuguem a terra!”. (Gênesis 1.26,28)

EM MARÇO de 2005 foram publicados os resultados da Avaliação Ecossistêmica do Milênio, que estudou através de uma análise científica rigorosa as condições necessárias para o bem-estar humano na Terra. Estamos vivendo além dos nossos recursos, ela declarou, rapidamente consumindo, esgotando, poluindo e destruindo os “recursos naturais” dos quais depende a nossa sobrevivência.

Os cristãos deveriam estar na vanguarda do movimento pela conservação do planeta, pois cremos que Deus nos chamou para cuidar da sua criação. Algumas pessoas nos acusam não só por não resolvermos a crise ecológica, mas por provocá-la. Um crítico em particular atacou o que ele chamou de as “três linhas horrorosas” de Gênesis 1, com seu “texto horrível e catastrófico”.1 Ele estava se referindo à declaração de que Deus dera ao homem a responsabilidade de “dominar” e “subjugar” a terra.

É bem verdade que o primeiro desses dois verbos em hebraico pode significar “pisotear” e que o segundo foi usado para expressar pessoas sob jugo. Estaria então a acusação de Ian McHarg correta? Não. Ela não procede. De acordo com um princípio elementar de interpretação bíblica, o contexto deve ser levado em conta para determinar o sentido do texto. Dessa forma, devemos observar que esse “domínio” que Deus concedeu ao homem se refere a uma administração delegada e responsável. Seria ridículo supor que, depois de ter criado a terra, Deus a entregaria a nós para que a destruíssemos. Fomos chamados para cuidar da criação, e não para explorá-la.

PARA SABER MAIS: Gênesis 1.26-31

Nota:

1.Ian McHarg, Dunning Trust Lectures, citado em Ontario Naturalist. mar. 1973.

Artigo publicado no devocionário A Bíblia Toda o Ano Todo, John Stott.

Imagem: Pixabay.

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