Por Zé Bruno

Antes do Congresso Mundial de Evangelização (Lausanne 74), em Berlim 66, John Stott entendia que a missão da igreja era apenas a evangelização. Logo, a responsabilidade social era um apêndice da missão. Porém, os teólogos latino-americanos o influenciaram e o ajudaram a perceber o quão errado ele estava. Tanto que em seu livro A Missão Cristã no Mundo Moderno, que foi publicado em 75, a visão dele é outra. No capítulo sobre missão, ele faz um “mea culpa” de modo admirável, onde reconhece o quão errado ele estava por ter pensando como pensou.

Também é importante mencionar que Stott, embora tenha sido influenciado pelos latinos-americanos, trilhou uma reflexão distinta deles em alguns pontos, pois, apesar de entender, a partir das metáforas das lâminas de uma tesoura ou das asas de um avião, que evangelização e responsabilidade social sejam parceiras, ele afirmou haver uma hierarquia na missão, algo não visto por muitos expoentes da TMI e que Stott chamou de “grosseira confusão teológica”.

Para o Stott, a hierarquia da missão fica clara e evidente a partir da compreensão de dois tipos de prioridades: a lógica e a temporal. É justamente o reconhecimento destas categorias de prioridades que, ao meu ver, tornam a posição de Stott sobre o tema sofisticada e precisa. Pois há casos em que a responsabilidade social terá que vir primeiro, mas há casos em que a proclamação é que virá. No entanto, sempre que houver um conflito entre as duas – algo raro segundo ele – e tivermos que optar, a proclamação do evangelho terá prioridade, pois “a necessidade suprema e máxima de todo ser humano é a graça salvadora de Jesus Cristo”.

• Zé Bruno é graduado em Relações Internacionais e pós-graduando em Cristianismo e Política. Faz parte do Conselho do Coletivo Tangente, um grupo de cristãos que visa fomentar o debate sobre arte, cultura e cosmovisão cristã. É criador e tutor do Clube Stott.

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