John Stott e a ressurreição
[A ressurreição de Jesus] aconteceu há cerca de dois mil anos. Como um evento tão antigo pode ter grande significado para nós hoje? Por que cargas d’água os cristãos compõem hinos e coreografias a partir desse acontecimento? Será que a ressurreição não é irrelevante? Entendo que […] ela é perfeita para a condição humana. Ela preenche nossas expectativas de uma forma como nenhum outro evento remoto preenche ou poderia preencher. É a base da nossa certeza cristã em relação ao passado, ao presente e ao futuro.
[Depois de sua ressurreição, Jesus] não era um defunto que voltou à vida normal, [nem um fantasma]. […] Na verdade, ele ressurgiu da morte e simultaneamente se vestiu de um novo ser para a sua personalidade. A ressurreição do nosso corpo será como a ressurreição de Jesus, a qual foi uma notável combinação de continuidade e descontinuidade. Por um lado, havia uma clara ligação entre os dois corpos. As cicatrizes ainda estavam nas mãos, nos pés, no lado. E Maria Madalena reconheceu a voz dele. Por outro lado, seu corpo atravessou as mortalhas, o sepulcro fechado e portas trancadas. Então evidentemente seu corpo tinha novos e inimagináveis poderes.
A esperança cristã diz respeito ao nosso futuro individual (a ressurreição do corpo), mas também ao nosso futuro cósmico (a renovação do universo). Esta promessa é muito relevante hoje, em vista do aquecimento global e da ameaça de desastre ambiental. Em geral, porém, nós cristãos tendemos a pensar e falar muito de um paraíso etéreo e a pensar e falar muito pouco sobre os novos céus e a nova terra. Mas toda a Escritura é entremeada por uma expectativa mais geral e mais física, [isto é, a renovação dos céus e da terra].
Trecho de A Bíblia Toda, o Ano Todo, publicado pela Editora Ultimato.