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Sobre a minha crítica ao Progressismo Evangélico: Perguntas, Balanço Preliminar e Roteiro de Leituras

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“E não vos associeis às obras infrutíferas das trevas; pelo contrário, condenai-as; pois é vergonhoso até mesmo mencionar as coisas que eles fazem às escondidas. Mas todas essas coisas, sendo condenadas, manifestam-se pela luz, pois tudo que se manifesta é luz.
Por isso se diz: Desperta, tu que dormes, levanta-te dentre os mortos e Cristo te iluminará”. (Efésios 5.11-14)

Queridos leitores,

Agostinho1Desde o final do ano passado introduzi uma série de artigos críticos, lidando com problemas do progressismo evangélico e da teologia de Missão Integral, com graus heterogêneos de densidade teórica e de teor apologético. Esses artigos apresentam, de forma um tanto estocástica, uma crítica teológica, filosófica e também pastoral que venho desenvolvendo há alguns anos, em diálogo com vários amigos.

A crítica, como vários já notaram, não está completa. Não exatamente pela precariedade dos argumentos – considero-os sim, ainda precários, muito embora isso não tenha ajudado nem um pouco meus críticos a refutar qualquer um deles – e espero que, havendo a oportunidade, poderei desenvolver o pleno potencial crítico de cada um. O momento, no entanto, é de problematizar, e não de solucionar a todas as questões.

Enfatizo, inspirado pelo texto de Efésios 5 e ilustrando minhas esperanças com a imagem de Santo Agostinho, que a Igreja Evangélica precisa muitíssimo, agora, de um profundo encontro com a verdade, e que esse encontro com a luz da verdade pode ser também, para ela, um momento de ressurreição. A verdade clama pelo coração da igreja evangélica.

Neste post quero, em primeiro lugar, dispersar umas poucas dúvidas que surgiram na mente de alguns leitores nos últimos dias. Quero também apresentar um roteiro de leituras/áudios para os que tem interesse em compreender com mais clareza as minhas ideias, sejam eles meus críticos ou meus defensores. E finalmente, farei um balanço preliminar da nossa situação e indicarei os rumos a seguir. (mais…)

A Teologia da Missão e a Linguagem da Transformação

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Em 2005 um grupo de amigos se reuniu para  discutir novos rumos para a reflexão evangélica sobre Cristianismo e Cultura e, particularmente, sobre as limitações e possibilidades da teologia da missão integral. Desses encontros surgiu o livro “Cosmovisão Cristã e Transformação”, publicado pela editora Ultimato em 2006. A este livro se seguiu outro pela mesma editora, intitulado “Fé Cristã e Cultura Contemporânea”, e uma série de iniciativas de tradução de autores reformacionais, palestras gravadas e artigos. O último desdobramento literário desse movimento foi o indispensável livro do filósofo e teólogo goiano Pedro Lucas Dulci, “Ortodoxia Integral”, que impulsionou novas reflexões no  movimento.

As reflexões tem nos levado recentemente a um ponto de inflexão, na medida em que  nos perguntamos: é o projeto historicamente denominado “Teologia da Missão Integral” ainda fértil e adequado para responder aos desafios da hipermodernidade e às necessidades da igreja evangélica brasileira no século XXI ou estaríamos no meio de uma crise paradigmática “Khuneana” que pode nos levar à ruptura e a um novo paradigma de teologia pública? Os próximos anos ou meses dirão; mas as atitudes dos representantes do paradigma atual sugerem que ele está irrecuperavelmente calcificado; seus atos e palavras mostrarão a verdade no futuro próximo.

Neste artigo vamos problematizar o uso da linguagem da transformação no contexto da missão integral. As respostas são apenas parciais. Na reflexão sobre o assunto, descobrimos que a própria tradição neocalvinista compartilha de alguns dos erros agora visíveis no discurso popular sobre a missão integral, embora não do mesmo modo, sugerindo que a mera substituição da teologia de missão integral pelo neocalvinismo holandês seria insuficiente para articular uma teologia pública radicalmente evangélica no contexto do século XXI. (mais…)

Ampliando o “Ver” para melhor “Agir”: corrigindo um ponto cego na teologia de missão integral

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Em um artigo recente, bastante incisivo e homilético, apontei e problematizei o fato muitíssimo relevante de que muitos Cristãos evangélicos sentiram-se confusos e incertos sobre a natureza imprópria da assim-chamada “Cruz de Espinal”, e muitos louvaram o artefato como uma expressão adequada do evangelho. Aleguei que vários desses irmãos estão na verdade se afastando do significado verdadeiro da cruz e seguindo por um caminho obscuro.

Embora a questão pareça a muitos mero preciosismo teológico ou, pela dureza da interpelação, um descuido da unidade Cristã, sua natureza é corretamente descrita como “herética”. Herética no sentido clássico da Haerese, a opinião cismática, que rompe a unidade presente. Ao contrário do que pensam muitos, não é o ataque apologético por mim realizado o que causa o cisma; ele, antes, denuncia o cisma, causado por um afastamento de parte (atenção, não todo, mas parte) do progressismo evangélico em relação às bases clássicas do evangelicismo. O cisma está instalado como uma ruptura tectônica, como uma falha geológica, coberta apenas por solo solto e vegetação. Responsabilizo-me por apontar a Haeresis; não  por causá-la. Nem penso que o sentimentalismo seja suficiente para remendá-la. (mais…)

Os Evangélicos Progressistas e o Caso da “Cruz de Espinal”

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O que se segue é a minha reflexão sobre o caso da “Cruz de Espinal” e, particularmente, da tremenda confusão hermenêutica e teológica que ela se mostrou para muitos cristãos brasileiros. É também uma advertência ao progressismo evangélico, tendo em vista suas condições de sobrevivência para o futuro.

O EVANGELHO DA CRUZ E O EVANGELHO DA VÍTIMA

Quem adoramos quando contemplamos a cruz? Para os Cristãos, o Deus-Homem, ali crucificado, ali vitorioso sobre o mal e salvador do mundo, ali reconciliador do homem com Deus. Não adoramos “a cruz”; a cruz é instrumento de tortura, o símbolo do poder Imperial, o símbolo da potência criada por Cristo, mas dele desviada por Satanás. Não adoramos meramente “o crucificado”, como se sua história houvesse se encerrado ali, no gólgota, mas aquele que foi crucificado e hoje é ressurreto, e vive para sempre, e nós, Nele. Mas podemos sim, dizer que adoramos o nosso Deus, o Deus que, no homem-cordeiro, foi crucificado, o logos que se humilhou, e que anunciamos a Cristo, e a este crucificado.

Adoramos a vítima? Sim… e não. Sim, porque Jesus foi vítima do poder imperial; não, porque ser vítima não é, em si, mérito. Poderia o homem ser justificado pela vitimização? Não; jamais. A vítima deve ser pura, reta; deve ser sem mácula. É a justiça da vítima que justifica, não a vitimização. A vitimização é o crime, é a violência contra Deus e o seu universo. Que justiça pode vir da pura vitimização? (mais…)

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