things we leave behind
No saguão de embarque do aeroporto de Congonhas (SP) há uma caixa de acrílico, logo na entrada onde as bagagens de mão são vistoriadas por um aparelho de raio X. Nessa caixa estão contidos vários objetos que os passageiros não puderam levar para dentro do avião: tesouras de cabelereiro, tesouras escolares, facas, canivetes suiços, réguas de metal e objetos cortantes de vários tamanhos. Muitos desses objetos são caros, outros são completamente banais, outros ainda parecem ser caseiros, gastos pelo uso, improvisados. Tem até um ursinho de pelúcia! Deve ter sido doloroso para aquela criança deixar para trás tal objeto de afeto e desejo.
Certos momentos de nossa vida exigem que tomemos difíceis decisões. Certas coisas que cultivamos, certos hábitos, certos valores, certos desejos que trazemos no bolso devem ser deixados para trás. Para continuar a viagem, é preciso abrir mão deles. Isso é sempre necessário, às vezes doloroso, nunca fácil. Por outro lado, só assim nossas mãos e corações podem ficam mais livres de apegos e interesses menores. Na verdade, nem podemos imaginar a liberdade que encontramos ao deixar essas coisas para trás — “We can’t imagine the freedom we find from things we leave behind” (Michael Card).