24/31 | O presépio
Meu sogro gostava muito de fazer presépios. Em todo Natal, ele montava um presépio de antigas peças feitas de barro, palha, porcelana e muitas conchinhas do mar, pois ele amava o litoral. Era como se virasse criança e se dispusesse a perder horas e horas montando as pecinhas, com alegria e amor. Talvez seja isso mesmo o que há de mais tocante no presépio: o amor. Primeiro, o amor de Deus pelos seres humanos, revelado em Cristo Jesus nascendo entre nós, depois o amor nosso por Ele, movido por gratidão e devoção.
A ideia de construir um presépio para celebrar o Natal veio de Francisco de Assis. Certo dia, passando pela cidade de Greccio, na Itália, durante a época do Natal, Francisco pensou em representar a cena do nascimento de Jesus. Chamou seus discípulos, conseguiu materiais simples e rústicos e montou o primeiro presépio. O que movia o coração de Francisco era certamente a tocante ternura, a comovente humildade do Natal de Jesus.
Quão generoso é o coração de Deus, de visitar nossa pobreza e habitar em meio às nossas misérias para mostrar seu grande amor por nós. O pequeno menino na manjedoura cheia de palhas, o olhar terno de Maria e José, o burrinho e o boizinho (como se entendessem alguma coisa!) e a estrela brilhando sobre a estrebaria.
Veja a simplicidade do seu amor, que não se manifestou no conforto nem a glória de um berço de ouro, mas que nasceu na periferia do mundo. Assim, os pobres e desprezados foram os que o viram pela primeira vez.
Nossa miséria não lhe é estranha, nossa pobreza não foi por ele ignorada. Nem foram ignorados nossos sonhos de libertação e dignidade, nossos desejos mais profundos de vida e amor. Nossa fome por afeto e alegria. Nossa esperança alimentada cotidianamente por sua santa Palavra.
“Olhai, admirados, a sua humildade, os anjos o louvam com grande fervor, pois veio conosco habitar encarnado. Oh! Vinde, adoremos o nosso Senhor”, escreveu certa vez o poeta James Theodore Houston.
Juntamente com o amigo Jorge Camargo, compus certa vez uma canção a respeito do mais bendito sonho da humanidade. Ouça a interpretação de Jorge:
O sonho da semente é o trigo
O sonho do padeiro, o pão
O sonho do poeta, o livro
O sonho do livro, a visão
O sonho da visão, a estrela
O sonho da estrela, o céu
O sonho do céu, o Filho Amado
que um dia nasceu em Belém
e foi qual semente que morre
e foi qual poeta que canta
e foi como a gente que parte e que come
pão, livro, estrela e céu
Ouça. Medite. Ore. Compartilhe. http://www.youtube.com/watch?v=VuguwCvGQvE&feature=c4-overview&list=UUl3dwPGJS6mrD0ziNuegY4A
Gladir Cabral