O Retrato
O professor de teologia R. Paul Stevens diz em seu livro A espiritualidade na prática: “Raízes e asas são dois presentes que os pais podem dar aos filhos, e sem raízes não pode hver asas — nenhum rompimento, nenhuma partida” (p. 24). Meus pés estão bem plantados no chão da fé onde meus pais me cultivaram. Continuo sobrevoando este mundo como andorinha escapa do inverno e deseja novos ares. O tempo que minha mãe gasta comigo em oração e devoção me abençoa uma eternidade. Sou eternamente grato a ela.
O poeta amado Mário Quintana, em seu livro Lili Inventa o Mundo, disse certa vez:
Mãe são três letras apenas
As desse nome bendito:
Três letrinhas, nada mais…
E nelas cabe o Infinito.
E palavra tão pequena
– confessam mesmo os ateus –
É do tamanho do Céu!
E apenas menor que Deus…
Deixo aqui minha homenagem à minha querida mãe numa canção cheia de memórias da infância, cheia de imagens, sons, cheiros, sensações e momentos que um dia vivi com intensidade.
Vento, sopra o relógio do tempo
E faz o meu pensamento reconhecer a manhã
Dentro de uma neblina encantada
A minha infância sonhada de uma vontade tão sã.
.
Uma criança no colo da mãe,
O aconchego de amor e canção.
Cheiro de pão e de bolo no ar
E na janela uma voz a chamar assim:
.
“Filho, vem que o café tá na mesa.
Chama também teus amigos
E depois volta a brincar”.
Riso no seu olhar lacrimado
E no meu peito apertado
Guardo essa voz a soar.
.
Noite, o mais sagrado momento,
Filhos em volta, atentos para orar e aprender,
Contos de uma sagrada escritura
Lida com tanta ternura. Quem poderá esquecer?
.
Sopra esse vento a folhagem no ar
E faz o mundo girar e girar
Só o retrato na sala de estar
Mostra essa mãe a sorrir e a olhar para o
.
| : Filho que conheceu esse mundo
E o amor mais profundo que é o mistério de Deus.
Tudo passa na vida tão breve
Menos o amor que se teve e que não vai se perder… : |
Se perder… Se perder… Se perder…