Da Luz Diária ao Pão Diário


Há fortes indícios de que uma boa fatia da igreja evangélica brasileira cuida de sua vida devocional. O que atesta isso é a grande quantidade de títulos e de exemplares de devocionários publicados a cada ano. Um dos devocionários mais antigos, o conhecido Mananciais no Deserto (volume 1), desde 1975 teve 81 tiragens e vendeu cerca de 400.000 exemplares. O devocionário em fascículos bimestrais No Cenáculo, publicado há 65 anos, alcançou a marca dos 70 mil exemplares. É essa literatura que alimenta diariamente a alma de muitos crentes.

Metodistas (No Cenáculo), luteranos (Castelo Forte e Orando em Família), assembleianos (Amados — do Coração de Deus ao seu Coração e Pensamentos para a Hora Tranqüila) e presbiterianos (Cada Dia) se sobressaem no meio das outras denominações quanto à produção de devocionários, embora o conteúdo deles não seja obrigatoriamente denominacional.

Alguns devocionários são de um só autor, como Mananciais no Deserto (Lettie Cowman), Dia a Dia com Deus Através da Bíblia (Israel Belo de Azevedo), Amor sem Fronteira (Alcides Jucksch) etc. Outros são de vários autores, como Castelo Forte (194 colaboradores), Orando em Família (50), Devocionais para Todas as Estações (33) e Pão Diário (4).

Incluindo os devocionários mais antigos e há muito tempo esgotados, quatro são da autoria de famosos pregadores anglo-saxões, como D. L. Moody (Pensamentos para a Hora Tranqüila), Martyn Lloyd-Jones (Mensagens para Hoje), C. H. Spurgeon (Livro de Cheques do Banco da Fé) e Harry E. Fosdick (A Varonilidade do Mestre). Com exceção deste último, os demais são compilações de vários livros de seus autores.

Talvez o mais antigo devocionário em língua portuguesa seja o Luz Diária, impresso em Portugal. É o único que contém exclusivamente pequenas porções da Bíblia, reunidas de acordo com o versículo principal. Depois vieram A Varonilidade do Mestre (1916), Meditações Cristãs (o único que mistura teologia com devoção, escrito por Alfredo Borges Teixeira, autor de Dogmática Evangélica) e A Sós com Deus (escrito por várias mulheres da União Geral das Senhoras Batistas Brasileiras). Os dois últimos foram publicados em 1946.

Provavelmente o devocionário que mais falou ao coração de muita gente seja Ouro, Incenso e Mirra, escrito pela missionária batista do sul dos Estados Unidos Rosalee Mills Appleby, que trabalhou no Brasil na metade do século 20, e publicado pela Casa Publicadora Batista (cinco tiragens de 3 mil exemplares cada uma). Uma das pessoas agraciadas por este livro é o redator desta nota, Elben César.

Vale acrescentar um detalhe sobre o devocionário No Cenáculo, versão brasileira do The Upper Room, editado nos Estados Unidos há 70 anos e traduzido para 44 línguas. Estima-se que ao redor do mundo mais de 3 milhões de pessoas leiam diariamente as mensagens desse devocionário.

Apesar da boa notícia, é preciso tomar todo o cuidado para que a leitura dos devocionários não substitua a leitura e a meditação cuidadosas da Palavra de Deus.

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