Como falar de missões perseguidas? – Parte 1
Você sabia que encaminhar para um amigo uma newsletter de um missionário que trabalha em uma nação sem liberdade religiosa pode significar sua prisão, deportação ou até mesmo risco de vida? Com a facilidade de transmissão e interceptação de mensagens pela Internet, o perigo para os missionários em campos transculturais marcados pela perseguição e para as igrejas e os cristãos nessas regiões é grande. Por isso, é preciso muito cuidado ao repassar as notícias que você recebe. Ainda que você confie para quem você está enviando, às vezes é melhor avisar que aquilo não pode ser encaminhado, muito menos publicado em blogs, Facebook, Twitter, etc. Às vezes, é melhor nem enviar. Cada caso é diferente, por isso é tão complicado. Confira algumas dicas para lidar com esses casos:
Pergunte ao missionário: sempre é bom sondá-lo antes de encaminhar aquela mensagem para uma lista de pessoas ou um grupo num aplicativo. Aliás: antes de contar dele para outros, antes de falar até na igreja. Talvez ele vá dizer não, e é importante que você respeite. Uma simples mensagem “Posso divulgar?” pode resolver a dúvida.
Assuma que não é uma mensagem segura: mesmo e-mails seguros podem ser hackeados, então ao escrever para a pessoa assuma que aquela mensagem pode ser interceptada por algum grupo contrário ao trabalho dela. Com isso em mente, já deve ficar um pouco mais claro o que pode e o que não pode ser escrito.
Confirme o que pode dizer aos outros: às vezes você pode contar a história, mas não o nome da pessoa, o nome do país e/ou da religião predominante de onde ela está. Às vezes nem sequer um destes. Às vezes pode falar de um ou outro, mas sem combiná-los ou com um código. Praticamente nunca se deve dizer o nome de um morador local cristão. Pergunte e respeite, por segurança, os limites impostos. Se a divulgação for liberada, não encaminhe o e-mail expondo, assim, o contato da pessoa, mas reescreva e faça as edições solicitadas por segurança.
Cuidado com o vocabulário: o simples uso da palavra “missionário” ou outros termos comuns no meio cristão (o “evangeliquês”) pode colocar em risco aquela pessoa ou aquele trabalho, não use essas palavras para protegê-lo. Assim como o nome do local, assuntos de política internacional que afete o trabalho, nada que coloque o trabalho em risco.
Liberdade religiosa no mundo
Esperamos que estas dicas lhe ajudem da próxima vez. A situação não é simples. De acordo com a Lista Mundial da Perseguição da Portas Abertas cerca de 215 milhões de cristãos são perseguidos em 50 países, sendo dez deles de perseguição extrema, como a Coreia do Norte.
De acordo com o relatório “Liberdade Religiosa no Mundo”, publicado em 2016 pela organização católica ACN (Ajuda à Igreja que Sofre), não são apenas Estados que perseguem grupos religiosos. O sumário destaca 38 países onde as violações da liberdade religiosa vão além da intolerância e violam os direitos humanos. Vinte e três destes são classificados no nível máximo de “perseguição”. É preciso lembrar, no entanto, que a perseguição religiosa atinge diversos os grupos religiosos, como os yazidis no Estado Islâmico, os muçulmanos em Mianmar e os bahá’ís no Iêmen – o Human Rights Watch é uma boa fonte para acompanhar notícias de liberdade religiosa no geral.