Não beber, esquiar, cair e levantar
Pé na estrada quando o sol ainda nem tinha dado o ar de sua graça. Tive a companhia de vários esquilinhos até a estação de metrô mais próxima de minha casa. Levei uns quinze minutos até encontrar uma turma de amigos que também iria para o passeio.
Temperatura negativa, neve branca e fresquinha; tudo perfeito para um dia de surf nas montanhas.
Chegamos a WhiteTail, um parque de esqui bem conhecido por aqui, por volta das 11:30 da manhã.
Na fila de espera, meu amigo Helton disse que o preço da minha entrada já estava pago. "Mas Helton!", exclamei. "Cara, o preço está pago! Aproveite o seu dia!", ele replicou.
Não perdi muito tempo. Fui logo colocar minhas botas, ajeitar a prancha e ir para as minhas primeiras aulas de surf na neve.
Lembrei de quando aprendi a andar de bicicleta. A diferença é que o snowboard não tem rodinhas, infelizmente! Talvez seja por isso que meu corpo está doendo tanto.
Caí inúmeras vezes até conseguir um certo equilíbrio em cima da prancha. A prancha do snowboard é similar à do surf, só que menor e os dois pés ficam amarrados à plataforma. Você simplesmente se levanta e desce montanha abaixo… ou rola montanha abaixo.
O legal é que o instrutor era superpaciente e começava de onde eu havia caído. Minhas quedas nunca eram maiores ou menores para ele. Eram apenas mais uma. E ele sempre estava ali por perto para me ajudar a levantar e continuar minha aventura.
O instrutor não desistiu de um aluno sequer, e quando um caía, ele deixava os demais com o instrutor reserva e ia buscar o que havia caído. Isso também foi legal.
Coisa intrigante foi ver um monte de criancinhas surfando e esquiando na maior desenvoltura, como se aquilo fosse a coisa mais fácil do mundo. É, como se diz por aí: "Ensina a criança como se deve esquiar, para que quando for velha não se encha de arranhões e hematomas".
Um conselho para quem for tentar surfar na neve ou esquiar: não se preocupe em cair. Quanto mais eu tentava não cair, aí é que eu caía feio. A brincadeira só ficou legal e virou diversão quando parei de pensar na queda e nos machucados.
Uma coisa eu fiz: “Esquecendo-me dos tombos que para trás ficavam, prosseguia para o alvo: aproveitar o dia”. O lance era curtir a descida e confiar que se eu caísse o instrutor iria me socorrer quantas vezes fosse preciso. Eu não estava ali para acertar, e sim para desfrutar tudo o que o pacote me oferecia.
Não vou dizer que não caí mais vezes. Caí sim, mas me levantava com a ajuda do instrutor, sacudia o gelo e me equilibrava novamente na prancha.
Depois de horas de diversão, voltamos quando já era noite. Não importa quantas vezes eu caí e me machuquei naquela montanha. O legal é que cheguei são e salvo no final do dia.