Há 10 anos a revista Ultimato estampava o tema da justiça social
“Quem leva a Bíblia a sério obriga-se a levar também a sério a justiça social”. Esta foi a manchete da revista Ultimato nº 289, há dez anos. O título longo justificou-se pela necessidade de dar um “ultimato” a quem ainda achava que o tema da justiça social seria algo secundário ou opcional para o cristão.
As páginas da revista levaram o leitor a fazer uma caminhada por toda a Bíblia, mas também a ouvir as vozes do profeta Amós, do reformador Martinho Lutero e do pastor norte-americano Martin Luther King.
Alguns colunistas também contribuíram com o tema de capa. Alderi Matos fez um apanhado histórico da responsabilidade social dos cristãos; Robinson Cavalcanti falou sobre o chamado “pecado estrutural”; e Manfred Grellert publicou o segundo artigo da série “Avivamento Tupiniquim”, na qual abordava o crescimento da igreja no ângulo do impacto social.
As Escrituras Sagradas não nos deixam à vontade no que diz respeito à justiça social. Ao contrário, elas criam incômodos problemas de consciência, elas nos azucrinam, elas nos envergonham, elas nos condenam. De todos os nossos pecados e crimes, a falta de consciência social é o mais coletivo, o menos reconhecido e o causador das maiores tragédias, que vão desde a fome até as guerras. Em nenhum momento, o evangelho nos dispensa da obrigação de elaborar as leis da justiça social no papel e no modo de viver. O chamado à justiça social está no Decálogo, nas leis secundárias, nos Provérbios, nos profetas, no exemplo de Jesus, no segundo grande mandamento, na instituição do diaconato primitivo e na Epístola de Tiago, o servo do Senhor que não tinha papas na língua.
Revista Ultimato 289
Eduardo
As constituições Americana, Alemã e Inglesa (a rigor não há constituição na Inglaterra) não tratam de JUSTIÇA SOCIAL; Em todas elas há direitos, mas nada como é conhecido no Brasil como JUSTIÇA SOCIAL.
E o que é JUSTIÇA SOCIAL. Tenho uma observação a fazer: quanto mais se fala e se escreva sobre o assunto, menos se faz ‘justiça social’.
Um país continental como o Brasil onde perto de 100 mil pessoas morrem por ano assassinados e em acidente de trânsito, é uma piada falar de JUSTIÇA SOCIAL.
A menor coisa a fazer não é falar como ULTIMATO fez a 10 anos atrás e continua a fazer hoje.
O que é necessário é estabelecer uma agenda de cinco pontos, para começar, onde uma delas começara com educação, passando por saúde e segurança, seguido de como fundamentalmente estes e os demais itens deveriam ser alcançados.
O que é JUSTIÇA SOCIAL?
É qualquer coisa que você deseja que seja. A rigor é como a calçada por onde se trânsito: é público, mas no Brasil é terreno de ninguém.
Não há ninguém em ULTIMATO que tenha capacidade minima de tratar essa matéria com decência e ordem.
Eduardo
Justiça deriva do latim JUSTITIA, exprimindo conformidade com o Direito, aquele conjunto de princípios gerais derivados dos valores que formam a Ética e informam as leis objetivas e sua interpretação. JUSTITIA é assim, dar a cada um aquilo que é seu. Daquilo que cada um produziu com o seu próprio trabalho ou que adquiriu por meio de compra e venda, locação, contrato de trabalho, doação, etc.
SOCIAL é termo relativo à sociedade, a coletividade. Ora, se justiça é dar a cada um o que é seu, logo, existindo mais de uma pessoa equivale a dizer que a justiça é a distribuição entre os que fazem parte deste SOCIAL. Não há justiça para um solitário. A justiça existe porquanto o que existe é a sociedade.
Em outra palavras, ‘justiça social’ é chover no molhado. Toda justiça é por definição social. Não existe justiça solitária. Se você fosse o único homem na face da terra não haveria necessidade de justiça alguma. Mais de um, então é social.
O social, portanto, é irrelevante. Mas então, por quê se usa?
Porque atrás do SOCIAL por vezes está a ideia de ‘socialismo’, ou seja, a intervenção coletiva, política, estatal, na esfera de autonomia individual. Em outras palavras, SOCIAL funcionaria em ações coercitivas por meios das quais se dispõe do patrimônio dos indivíduos.
A citação do parágrafo, “As Escrituras Sagradas não nos deixam à vontade no que diz respeito à justiça social…” é pura tautologia em relação à justiça.
A rigor, o que este artigo de ULTIMATO faz é simplesmente um insulto à justiça. E ainda joga para dentro dos textos bíblicos observações que não estão lá como querem parecer.
O leitor sem muito conhecimento de conceitos ficaria encantado com um discurso desses. Basta coçar um pouquinho e superfície e pronto, eis embutido nesse conceito distorcido e contraditório a premissa socialista; ou, no mínimo admite a viabilidade moral ao socialismo.
ULTIMATO carece de uma equipe editorial que possa escrever artigos mais claros. Ou convidar quem entende de certos assuntos, inclusive na área teológica para evitar pelo menos o desconforto junto àqueles que sabem que o que vai escrito é pura panaceia digressiva.