Orando sem palavras
500 Anos da Reforma | Por Martinho Lutero
Edifiquem-se, porém, amados, na santíssima fé que vocês têm, orando no Espírito Santo. Mantenham-se no amor de Deus, enquanto esperam que a misericórdia de nosso Senhor Jesus Cristo os leve para a vida eterna. [Judas 1.20-21]
Todos os mestres das Escrituras concluem que a essência da oração é simplesmente o coração voltado para Deus. Assim, conclui-se que tudo o mais que não leva o coração a Deus não é oração. Portanto, cantar, falar e assobiar sem essa disposição no coração são orações da mesma maneira que os espantalhos no jardim são pessoas. O nome e a aparência podem estar lá, mas falta a essência.
Jerônimo confirmou essa verdade quando escreveu sobre um líder da igreja antiga, chamado Agathon. Agathon viveu no deserto por trinta anos e carregava uma pedra em sua boca para que aprendesse a ficar calado. Mas como ele orava? Sem dúvida, em seu coração. Esse é o tipo de oração que Deus mais aprecia. Na verdade, esse é o único tipo de oração que Deus considera e deseja. Porém ouvir as palavras nos ajuda a pensar sobre o que estamos dizendo e nos ajuda a orar corretamente. As nossas palavras devem ser como um clarim, uma bateria, um órgão ou um outro tipo de som que move os nossos corações, levando-os a Deus.
Não devemos tentar orar sem palavras, confiando em nossos próprios corações – a menos que estejamos bem treinados espiritualmente e hábeis em remover pensamentos errantes de nossas mentes. De outra forma, o Maligno nos levará a desviar o pensamento e rapidamente destruirá as orações em nossos corações. Assim, devemos nos apegar às palavras e deixá-las nos elevar – elevar até nossas penas crescerem e sermos capazes de planar bem alto sem a ajuda das palavras.