Do chamado à convicção
O Meu Lugar no Mundo
Por Angela Soares da Cruz
Nem sempre é fácil, mas sigo certa do lugar onde Deus deseja que eu esteja
Cresci dentro de uma igreja, meus pais eram cristãos e fazer parte do “contexto de igreja” parecia algo natural, desde muito pequena amava tudo aquilo. Não entendia muito toda a dinâmica de uma igreja, mas meu coração pulsava mais forte, desejava fazer algo.
Aos doze anos já me sentia “gente grande” e como uma boa pré-adolescente que não para nunca, queria fazer parte dos diversos ministérios na igreja, tentava encontrar o lugar onde iria me encaixar, o lugar onde Deus desejava que eu estivesse.
O tempo foi passando e ao escolher minha faculdade senti direcionamento para o curso Serviço Social – trabalhar com pessoas sem dúvida nenhuma era onde eu me encontrava. Mas o chamado ainda precisava ser refinado.
Comecei a trabalhar em projetos com dependentes químicos, moradores de rua, até que o Senhor me levou para um período de missões de curto prazo no Haiti. Lá entendi a segunda parte do meu chamado: entendi que ele era de tempo integral. Voltei ao Brasil pensando que provavelmente o Haiti seria meu campo, afinal me apaixonei por aquele povo, mas ainda faltava ser surpreendida mais uma vez, e nosso Deus nos surpreende de formas maravilhosas.
Pouco tempo antes havia começado a me envolver com evangelização em presídios, um lugar onde nunca em minha vida havia pensado estar, mesmo para levar o evangelho. Temos o costume de rotular pessoas como se fossemos melhores ou menos pecadores e isso nos atrapalha de servir, esquecemos que Jesus quando esteve na terra buscou exatamente “grandes” pecadores, aqueles que estavam à margem da sociedade.
Comecei a ouvir de familiares, amigos e irmãos que eu era louca e que havia muitas crianças que precisavam ser evangelizadas. Realmente eu não teria muito apoio, mas estranhamente meu desejo de estar naqueles presídios só parecia aumentar.
Comecei a entender que somos nós quem colocamos classificação para os pecados, mas que todos eles levaram Jesus para a cruz, inclusive os meus. Jesus morreu por todas as pessoas e a graça precisa chegar a todos, até mesmo aos presidiários.
Então o chamado estava completo, agora tinha convicção.
Logo meu marido começou a caminhar na mesma direção e foi se envolvendo no ministério, apaixonando-se também.
Tenho trabalhado com capelania em presídios masculinos há cerca de cinco anos no Vale do Paraíba, SP. O campo para onde o Senhor desejava que eu fosse estava o tempo todo ali, bem do meu lado.
Nos presídios, realizamos cultos, discipulado por meio de cartas, acolhimento familiar e projetos sociais, vivendo um evangelho integral, buscando alcançar cada uma daquelas vidas.
Às vezes buscamos fazer diversas coisas, nos envolvemos em vários ministérios e trabalhos, mas não gastamos tempo orando, pedindo direção e confirmação de Deus sobre nosso chamado específico. Acabamos transitando de um lado para o outro sem ter convicção se estamos no lugar certo ou não.
Hoje caminho certa de que este é o lugar onde Deus deseja que eu esteja. Não é sempre tudo fácil, mas em meio às lutas, só é possível continuar firme e não desistir se tivermos convicção do chamado.
Que você também possa, em seu chamado, desfrutar de paz, segurança, direcionamento e convicção.
- Angela Soares da Cruz é capelã em presídios no Vale do Paraíba e recebe exemplares de Ultimato para apoiar o seu ministério via Ações Ministeriais.