Opondo-se ao mal
[500 Anos da Reforma]
Por Martinho Lutero
Mas eu lhes digo: Não resistam ao perverso. Se alguém o ferir na face direita, ofereça-lhe também a outra. E se alguém quiser processá-lo e tirar-lhe a túnica, deixe que leve também a capa. [Mateus 5.39-40]
Envolver-se em questões seculares não é pecado para os cristãos. Os cristãos estão apenas desempenhando as responsabilidades que todos os cidadãos – sejam cristãos ou não – têm. Entretanto, os cristãos têm de evitar o pecado conscientemente e fazer o que Cristo espera deles. Pois, ao contrário deles, as pessoas do mundo não fazem o que Cristo requer.
É por isso que quando os cristãos lutam na guerra, ou entram com uma ação judicial ou determinam uma pena, estão agindo em sua função de soldado, advogado ou juiz. Porém, dentro dessas funções, os cristãos desejarão manter suas consciências limpas e seus motivos puros. Eles não desejarão ferir pessoa alguma. Assim, eles vivem a vida simultaneamente como cristãos e como pessoas seculares. Eles vivem como cristãos em todas as situações, suportando sofrimentos neste mundo. Eles vivem como pessoas seculares obedecendo a todas as leis nacionais, regulamentos comunitários e regras domésticas.
Em resumo, os cristãos não vivem para coisas visíveis nesta vida. Essas coisas enquadram-se na autoridade do governo secular, que Cristo não pretende abolir. Externa e fisicamente, Cristo não deseja que fujamos da autoridade dos governos nem espera que abandonemos nossos deveres cívicos. Em vez disso, ele quer que sejamos submissos aos poderes organizacionais e regulamentares do governo, que protegem a sociedade, e façamos uso deles. Porém, interna e espiritualmente, vivemos sob a autoridade de Cristo. Seu reino não está preocupado com a autoridade governamental e não interfere nela, mas está disposto a aceitá-la. Assim, como cristãos e como indivíduos, não devemos afrontar uma pessoa má. Por outro lado, como cidadãos com responsabilidades sociais, devemos nos opor ao mal em toda a extensão da nossa autoridade.