Distorcendo as Escrituras
[500 Anos da Reforma]
Por Martinho Lutero
E eu pedirei ao Pai, e ele lhes dará outro Conselheiro para estar com vocês para sempre.
— João 14.16
Quando pessoas inteligentes ouvem essas palavras de Cristo, elas replicam de forma engenhosa: “Essas não são palavras de Deus, mas de um reles humano. Se fosse Deus, ele diria: ‘Eu mesmo enviarei a vocês outro Conselheiro’”. Essas pessoas desejam instruir o Espírito Santo, além de fazer distinções sutis entre gramática e lógica. Elas insistem no fato de que quem precisa pedir algo não pode ser Deus. Portanto, Cristo não pode ser Deus.
Elas argumentam com persuasão e até asseveram que o Espírito Santo não sabe falar corretamente. Aos olhos delas, qualquer coisa que o Espírito Santo diga ou faça é errado. Elas encontram falhas em tudo. Elas não são devotas o suficiente para tirar tempo para comparar esses versículos com outros. Em vez disso, pegam um versículo aqui e outro acolá. Borrifam algumas palavras e as distorcem para obscurecer o que a Bíblia diz. Se fosse válido arrancar uma ou duas palavras do texto e esquecer o restante, então eu também poderia deturpar as Escrituras da maneira que eu quisesse.
Porém, a maneira correta de abordar as Escrituras é esta: olhe toda a passagem; observe o que vem antes e depois do versículo. Neste caso, você descobrirá que Cristo fala tanto como Deus quanto como homem. Esta é uma prova poderosa de que Jesus é verdadeiro homem e verdadeiro Deus, como sustentam o nosso ensino e a nossa fé. Como podemos explicar que Jesus fala como Deus e como homem ao mesmo tempo? Ele pode falar de ambas as formas, pois possui natureza divina e humana. Se Jesus falasse por toda parte como Deus, ninguém poderia provar que ele é verdadeiro homem. Se ele falasse como homem o tempo todo, ninguém saberia que ele também é verdadeiro Deus.