Felicidade para Freud e Lewis
Por David Neff
Ambos [Freud e Lewis] sofriam de depressão clínica. Antes de se tornar cristão, em seu diário e cartas, Lewis parece irritável, pessimista, obscuro e sem esperança. Diz que seu ateísmo baseava-se na sua “visão muito pessimista da existência”. Depois de sua conversão, passou a dizer que a alegria se tornara a história central de sua vida. Seus amigos passaram a considerá-lo uma pessoa animada e sociável. Ele havia sido surpreendido pela alegria no relacionamento recém-estabelecido com o Criador. Lewis afirma que Deus não nos pode dar “felicidade alguma além de si mesmo, pois ela não existe fora dele”. A nova fé ajudou-o a superar a depressão. A pesquisa médica recente lançou bastante luz sobre os aspectos positivos da fé no tratamento da depressão.
Freud, por sua vez, quando jovem, usou cocaína durante algum tempo como forma de melhorar o ânimo. Ele relacionava a felicidade ao prazer, e para ele a maior fonte de prazer era a satisfação instintiva, o prazer sexual. E como isso só ocorre de vez em quando, ele conclui que está descartada qualquer chance de felicidade.
Lewis divide a felicidade em várias categorias, mas diz que todas elas vêm da mesma fonte. Ele mostrava-se capaz de apreciar os pequenos prazeres da vida, como assistir ao pôr-do-sol, ouvir uma boa música ou tomar um banho quente. E dizia que metade de toda a felicidade vem das amizades. Já Freud parecia ter uma capacidade limitada de apreciar pequenos prazeres. E suas cartas não expressam muita felicidade. Certamente ele experimentou alegria em estar com os filhos e a família, mas a grande maioria dos seus escritos indica que ele não considerava a vida uma experiência particularmente feliz.
Nota
NEFF, David. Dois gigantes intelectuais frente a frente; entrevista com Armand Nicholi. Ultimato. set./out. 2005. ed. 296.
Este trecho resumido foi retirado da revista Ultimato 332.
LEIA TAMBÉM
Deus em Questão – C. S. Lewis e Freud debatem Deus, amor, sexo e o sentido da vida