Stott, um amigo distante
Por ocasião do Encontro de Evangelistas Itinerantes, realizado em Amsterdam, em 1983, entreguei a John Stott uma folha apropriada para ele fazer o favor de preencher com suas notas biográficas para o arquivo da revista Ultimato. Ele gentilmente me atendeu e preencheu a folha à mão.
Em dezembro de 1992 solicitei a John Stott um artigo sobre a família real da Grã-Bretanha, a propósito dos acontecimentos que culminaram com a separação do príncipe Charles e a princesa Diana. Era meu propósito publicar um texto sério, livre dos exageros e da maldade dos tabloides sensacionalistas da Inglaterra e do Brasil. Por ser capelão da Rainha Elizabeth II, Stott achou por bem não atender o pedido e se desculpou. Na época ele estava com 70 anos.
O primeiro livro de John Stott que eu li foi também o primeiro livro dele publicado no Brasil (inicialmente pela Edições Vida Nova, em 1964). Na página 24 encontrei um pequeno e precioso pronunciamento sobre as duas naturezas de Jesus, que eu decorei e sobre o qual preguei inúmeras vezes em vários lugares: “Jesus não é Deus disfarçado de homem nem tão pouco um homem com as qualidades divinas; ele é Deus feito homem”.
Em 2008, li o seu devocionário A Bíblia Toda o Ano Todo, uma página por dia. No final do ano, eu tinha uma lista de 585 frases das que mais me agradaram copiadas a mão e depois digitadas, para meu deleite e inspiração. A frase n° 177 diz o seguinte: “Ou enxergamos Jesus como uma ameaça e resolvemos, como Herodes, nos livrar dele; ou o enxergamos como o Rei dos reis e nos decidimos, como os magos, a adorá-lo”.
John Stott era tão cristocêntrico que morreu ouvindo O Messias, o oratório mais popular de Georg F. Händel. Talvez tenha tido tempo para ouvir o famoso coro Aleluia e a ária I know that my redeemer liveth (Jó 19.25). Foi uma boa maneira de partir para o encontro com o seu Senhor!
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Elben M. Lenz César é o diretor-fundador da Editora Ultimato e redator da revista Ultimato.
Igor
Esse é meu primeiro ano de seminário presbiteriano. Descobri na biblioteca do mesmo um livreto de Stott intitulado “Crer é Também Pensar”. Encontrei mais do que um bom livro, achei no Rev. John Stott um mentor. Lamentável sua morte, mesmo não tendo o prazer de conhecê-lo pessoalmente, sinto sua falta desde já. Daqui em diante desejo ler mais seus livros e me inteirar de seu legado que tem influenciado benificamente a tantos, e sei que me influenciará muito mais.