Ainda em tempo de Páscoa, relembramos a coluna “Música sacra” de Henriqueta Rosa Fernandes Braga que conta a história de hinos conhecidos por cristãos de várias denominações. Esta coluna foi publicada em 1973. O texto está abaixo.

Salmos e Hinos com Músicas Sacras em sua nova edição, que já se acha no prelo, apresentará o hino de George Bennard – The Old Rugged Cross – mundialmente conhecido. Dele existem em português três traduções distintas: uma usada pelos Metodistas (“A Mensagem da Cruz”); outra, pelos Batistas (“A cruz, emblema do amor” – de Alina Muirhead); e, a terceira, divulgada pelo Exército de Salvação (“A Cruz”). Esta última e a primeira são anônimas. Salmos e Hinos incluirá a versão metodista, porém revisada, que é a seguinte:

A Mensagem da Cruz

1. No Calvário se ergueu uma cruz contra o céu,

Como emblema de afronta e de dor.

Mas eu amo essa cruz: foi ali que Jesus

Deu a vida por mim, pecador.

Sim, eu sempre amarei essa cruz!

Seu triunfo meu gozo será,

Pois um dia, em lugar de uma cruz,

A coroa Jesus me dará!

2. Desde a glória dos céus, o Cordeiro de Deus

Ao Calvário humilhante baixou;

Tem a cruz para mim atrativos sem fim:

Nela foi que Jesus me salvou.

3. Lá na cruz padeceu, desprezado morreu

Meu Jesus, para dar-me perdão;

Dela agora porém para mim todo o bem

Tenho nela real salvação.

4. Eu aqui, com Jesus, a vergonha da cruz

Quero sempre levar e sofrer.

Quando Cristo voltar para aqui me buscar,

Sua glória eu irei receber

Nasceu o rev. George Bennard (1873-1958) num lar humilde em Youngstown, Ohio, Estados Unidos, mas a família mudou-se sucessivamente para Albia, Iowa, e depois para Lucas onde o menino, aos dez anos de idade, se converteu. Aos dezesseis perdeu o pai e sobre seus ombros de adolescente recaiu a responsabilidade da família, constituída da mãe e quatro irmãs. Lutou bravamente, inclusive por sua própria educação. Alguns anos após a morte do pai, a família mudou-se para o estado de Illinois onde o rev. Bennard, que se casara, fixou residência. Ali, ele e a esposa tornaram-se oficiais do Exército de Salvação, prestando valiosa ajuda a esse extraordinário movimento cristão até que, resignando o posto, se uniram à Igreja Metodista Episcopal. Depois, durante mais de vinte anos, viajaram pelos Estados Unidos e Canadá realizando um trabalho de evangelização interdenominacional.

Foi em 1913, quando residia em Albion, Michigan, que, ao fazer um estudo especial sobre a cruz no plano de Deus, se sentiu impelido a escrever um hino sobre ela. Precisou interromper o trabalho algumas vezes por motivo de suas atuações evangelísticas, o que lhe proporcionou uma nova visão da cruz e do seu profundo significado. Ao hino, já quase pronto, só faltava a demão final quando mais uma vez se dirigiu à paróquia de um colega – rev. Bostwick – para uma série de cultos de reavivamento. Foi nessa oportunidade que conseguiu concluir a contento o cântico tão cuidadosamente elaborado. Satisfeito, procurou o rev. Bostwick e depois a sua esposa para contar-lhes a nova produção. Encontrou-a atarefada, na cozinha, preparando o jantar. Comunicou-lhes o fato e, apesar de a dona da casa estar mais preocupada com os alimentos do que com o novo hino, cantou-o mansa e expressivamente. À medida que a sua bem timbrada voz se elevava para enunciar o cântico, nota por nota, parece que as verdades entoadas se tornavam mais nítidas e convincentes. O jantar foi esquecido. Quando a última nota se extinguiu, o silêncio comovido revelava que uma nova experiência da cruz, mais profunda, alcançara seus corações. E foi com emoção que a sra. Bostwick pediu ao rev. Bennard que lhe concedesse o privilégio de custear as despesas da primeira impressão de The Old Rugged Cross.

Hoje, traduzido para várias línguas, continua este hino a sua abençoada trajetória despertando almas para o sublime amor de Deus tão maravilhosamente manifestado no sacrifício de Cristo na cruz do Calvário.

Letra e música foram escritas no mesmo ano de 1913 pelo Rev. George Bennard.

Fonte: Ultimato, set. 1973, p. 6.

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