NOSSA LÍNGUA nos permite fazer um interessante jogo de palavras com o presente de Natal:
• Natal é Deus presente, Emanuel — as distâncias foram transpostas:
– uma distância dimensional: a distância entre o divino e o humano, entre o sagrado e o profano; entre o eterno e o temporal;
– uma distância moral, entre o pecado e o perdão;
– uma distância emocional: entre a culpa e a contrição;
– uma distância afetiva, entre a inimizade e a reconciliação. Emanuel é Deus nascido entre nós, para cancelar distâncias a nós intransponíveis.
• Natal é um “menino-presente”; um menino embrulhado para presente, envolto em humildes panos, nos foi enviado por Deus.
• Natal é Deus presenteando: é gesto dadivoso, gracioso; necessário, para que as barreiras fossem transpostas.

O resultado de quem, em seus afetos, presenteia é um presente. A materialização do bem-querer frequentemente é uma dádiva, um dom, um agrado — um presente, enfim. Talvez um modo de se tornar presente.

O objeto presenteado deve ser significativo, de modo a celebrar aquela proximidade. No caso, recebemos de presente um menino-Deus. O “menino-presente” é o que de mais significativo poderíamos receber de Deus: seu Filho unigênito; como que a nos dizer: você é precioso(a); quero você comigo, quero você na minha mesa.

A presença de Deus já ocorrera no passado, como promessa de um presente redentor, reconciliador.
A presença de Deus nos é oferecida no presente, no tempo da oportunidade, com o Natal: é o kairós de Deus, que nos convida: “vinde a mim”; e, uma vez aceita, nos é confirmada pelo próprio Presente de Deus, quando diz: “eis que estou convosco todos os dias, até à consumação do século” (Mt 28:20).
A presença de Deus se tornará plena entre nós quando formos um com ele, como ele é um com o Pai (Jo 17:22,23). Estaremos, nós, então, em sua presença.

Recebemos tudo isso como dádiva graciosa de Deus:
• no tempo de hoje, como um presente que torna Deus presente entre nós;
• e no tempo da oportunidade, como convite para uma relação eterna, por meio da fé — o Presente eternamente presente.

Portanto, Hoje, se ouvirmos dizer que um menino nos nasceu como presente de Deus, na forma de um Deus presente, alegremo-nos, pois são boas-novas destinadas a ressignificar nosso passado, transformar nosso presente e a nos convidar para o reino do Filho do seu amor (Cl 1:13), para que, onde ele estiver, estejamos nós, também.

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