Tu, ó Deus, me deixaste sem forças e destruíste toda a minha família. Tu me puseste numa prisão, e por isso me acusam. Virei pele e osso, e por isso os outros pensam que sou culpado. Na sua ira Deus me arrasou completamente; ele olha para mim com ódio e, como uma fera, me persegue e ameaça. (NTLH)

Reflexão

Jó culpava Deus pela sua situação. Afinal, entendia que Deus era criador de tudo e assim soberano sobre todos. Logo, deduzia que tudo que acontece é responsabilidade de Deus. A bem da verdade ele pensava igual a gente, não concorda? E ele estava “errado” ao acreditar que Deus era soberano, acima de todos os poderes deste mundo? Certamente não! Mas, disto, tirou conclusões precipitadas: que tudo que ocorre ocorre por causa de Deus. Sei que estou falando de coisas que dão um nó na cabeça. Ao dizer que nem tudo que ocorre nas nossas vidas ocorre por causa de Deus, parece um confronto com a teologia, especificamente com a precisosa doutrina da soberania de Deus. Mas antes de apresentar uma teologia bonitinha, precisamos ser fieis ao que o texto bíblico diz. E Jó nos diz claramente que as desgraças na vida de Jó eram provenientes de Satanás (capítulo 1). Eu sei, eu sei, Deus deu a permissão para Satanás aprontar com Jó e por isso, não podemos concluir que ultimamente as desgraças eram provenientes de Deus (e assim, “salvaguardar” nossa doutrina da soberania de Deus)? Até podemos, só que toda esta conversa é preocupação nossa e não do Livro de Jó. No Livro de Jó, Satanás é o culpado pelas desgraças de Jó.

Hoje em dia, recorremos para outra doutrina para “explicar” os sofrimentos e dificuldades que enfrentamos “indevidamente”: a doutrina do pecado original que afirma a entrada de todo tipo de injustiça no mundo como consequência da desobediência humana às órdens de Deus. Seja como for, o ponto é o mesmo, Jó pode era inocente em contraposição aos seus amigos, mas tirava conclusões equivocadas em relação a Deus.

A transparência e franqueza de Jó diante da sua dor são coisas boas, até terapêuticas. É modelo para nós. Mas precisamos tomar cuidado que a nossa franqueza e transparência não nos leve a tirar conclusões equivocadas em relação a Deus.

Estou parecendo como os amigos de Jó? Espero que não, mas o perigo sempre é iminente…

Oração

Senhor, muitas vezes os teus caminhos na nossa vida permanecem um mistério. E como o primeiro casal,  desejamos “saber”, ao invés de confiar. Teu Filho é grande modelo e fonte de perseverança mesmo na aflição. Grave a imagem dele nas nossas mentes e nos nossos corações. Em nome de Jesus. Amém.

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