Veja que interessante a história da mulher por trás da primeira versão da Declaração Universal dos Direitos da Criança, conhecida como a Declaração de Genebra de 1924. Um detalhe importante: em algum momento na sua juventude, ela teve uma visão de Cristo. Foi uma experiência de afirmação e transformação de vida e nos anos que se seguiram, sempre que enfrentava um grande obstáculo ou desafio ela se perguntava: “O que faria Jesus?” A Igreja Episcopal, da qual Eglantyne foi membro, celebra sua vida todos os anos no dia 17 de dezembro.

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Eglantyne Jebb, intelectual à serviço das crianças

Nasceu numa família de intelectuais, era a quarta de seis filhos, de sangue galo-inglês por parte de pai, escocesa e irlandesa por parte de mãe. Herdou de seu ascendente céltico o dom da poesia, o senso de humor e sensibilidade de artista, possuindo a energia indomável própria do caráter britânico. Estudou História em Oxford, estudos que completou no Magistério de Stockwell, em Londres, para dedicar-se à prática do ensino, porém durante um ano somente, pois sua saúde delicada lhe impediria de continuar, e o mal que a levaria – ainda relativamente nova – já se fazia sentir. Uma vez instalada em Cambridge, interessou-se pelas Ciências Sociais e começou um estudo sobre a situação social na cidade. Em 1913, encontrando-se nos Bálcãs, em guerra, tomou consciência da miséria das crianças. Em 1919, sentiu ainda mais a necessidade de atuar em favor delas.
Como todas as mulheres que souberam incitar verdadeiras reformas sociais, ela não era nem sentimental nem “compassiva”. Dotada de um vontade de ferro, de um zelo devorador e de uma tendência autoritária, sabia reconhecer uma situação e despertar nos outros sentimento de responsabilidade e consciência social. Mais do que em uma reforma radical, ou em uma intervenção das autoridades, ela acreditava na solidariedade humana e no poder da ação individual. Segundo ela, o nível de um país mede-se pela proteção da qual usufruem os mais fracos.
Em 17 de maio de 1923, a União Internacional de Proteção à Infância, fundada e dirigida por Eglantyne Jebb, uma inglesa que depois da Primeira Guerra Mundial dedicou sua vida à infância europeia, adotou os cinco princípios da Declaração de Genebra. Em fevereiro de 1924, o texto original da Declaração, traduzido para todos os idiomas do mundo, foi apresentado à imprensa suíça, no Museu de Arte e História de Genebra.
Vinte e quatro anos depois, em 1948, após a Segunda Guerra Mundial, a Declaração ganhou dois novos importantes parágrafos, um contra a discriminação de raça, nacionalidade e religião, e outro, pela integridade da família e direitos sociais da criança.
Finalmente, em 20 de novembro de 1959, a Assembleia Geral das Nações Unidas, a ONU, aprovou os dez princípios que compõem em definitivo a Declaração Universal dos Direitos da Criança, tão importantes como a Declaração Universal dos Direitos do Homem, mas praticamente desconhecidos até hoje pela maioria dos povos do mundo, que continua a ignorar os direitos da infância.

Fonte: Elifas Andreato, Almanaque Brasil, janeiro de 2003.

 

Texto da primeira declaração de direitos da criança redigido por Eglantyne Jebb:

À criança deve ser concedido os meios necessários para o seu desenvolvimento normal, tanto material como espiritual.
À criança que tem fome deve ser alimentada, a criança que está doente deve receber os cuidados de saúde necessários, a criança que está atrasada deve ser ajudada, a criança delinqüente deve ser recuperada, e o órfão e a criança abandonada deve ser protegida e abrigada.
A criança deve ser a primeira a receber o socorro em tempos de crise ou emergência.
À criança deve ser dados todas as ferramentas para que ela se torne capaz de sustentar-se, e deve ser protegida contra toda forma de exploração.
A criança deve ser criada na consciência de que seus talentos devem ser colocados a serviço de seus semelhantes.

 

Eglantyne Jebb é também fundadora do Save The Children Fund.

  1. Amei, não conhecia a história, creio que a maioria das pessoas também não conhece.
    Muito tocante, motivante. Uma mensagem de esperança para todos que atuam pela dignidade das crianças à luz das Escrituras. Pois ela teve uma revelação de Jesus e da importância de todo ser humano para Ele, mas principalmente as crianças.

  2. Agradeço imensamente a contribuição dada pelas suas informações.
    Foram muito importantes para o enriquecimento do trabalho (TCC) sobre a justiça restaurativa, que estou elaborando juntamente com uma colega de faculdade (Direito) com a devida menção no referencial bibliográfico.
    Muito obrigada!

    • Querida Janice, bom dia!
      A Rede Mãos Dadas agradece o seu contato.
      Bom saber que contribuimos de alguma forma em sua vida.
      Que Deus lhe abençoe. Um abraço de toda a nossa equipe!

    • Prezada Raquel, bom dia!
      A Rede Mãos Dadas agradece o seu contato e pedimos desculpas pela demora em responder ao seu pedido.
      Sobre o texto “A história da heroína que criou a Declaração dos Direitos da Criança”, o mesmo foi recontado pela Elsie Gilbert que foi quem o traduziu, mas a autora é Eglantyne Jebb.
      Podemos ajudá-la em algo mais?

  3. bom dia, seu texto é muito bom. gostaria de saber se posso utilizar algumas informações para o meu primeiro artigo, pós é muito importante, trata de um projeto chamado , cidade amiga das crianças, eu e minha orientadora temos planos de implementar esse projeto em nossa cidade.

  4. O texto com os direitos da criança mencionados na Convenção de Genebra 1924 fazem parte da carta de Maria Antonietta de Castro à sociedade paulista informando que

    …”acaba de ser instituída nesta Capital, sob os auspícios da Associação de Educação Sanitária,
    a CRUZADA PRÓ-INFÂNCIA, que adopta como princípios os Direitos da Criança e da Gestante,
    conhecidos por Convenção de Genebra assignada aos 28 de Setembro de 1924, pela
    Conferência da Liga das Nações…

    Segue-se um “Programma de Acção” em relação à Gestante, à Nutriz, à Criança e a constituição da Diretoria: Perola Ellis Byington , diretora -geral (cargo que exerceu durante 30 anos até a sua morte em 1963), vice-diretora Magdalena Sampaio de oliveira, diretora-tesoureira Conceição Figueira de Mello, diretora-secretaria Maria Antonietta de Castro.

    Só recentemente ao fazer uma palestra sobre o Dia da Criança conheci a bela história de Eglantine Jebb, a professora inglesa cuja vida foi dedicada à criança.

    Maria Elisa Botelho Byington

  5. Olá!

    Sou enfermeira, estudante de pós -graduação e atualmente desenvolvo pesquisas relacionadas à proteção dos direitos das crianças. Sirvo ao Senhor Jesus em uma igreja local em Lauro de Freitas – Bahia. Achei muito interessante o texto sobre “A história da heroína que criou a Declaração dos Direitos da Criança”. Gostaria de receber sempre informativos referentes às ações do grupo Mãos Dadas. É possivel?

    • Olá Ana Carla! Nosso conteúdo está sempre fresquinho em nosso site, blog e redes sociais, como facebook, instagram e twitter. Vocë também pode se cadastrar no nosso boletim Tecendo a Rede e baixar nosso aplicativo Folhinha Mãos Dadas. Ficamos muito felizes com o seu comentário e no seu desejo em nos acompanhar! Um forte abraço e volte sempre!

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