Na terça-feira passada estudamos em nossa comunidade o Salmo 72. Um capítulo belíssimo que nos apresenta um Rei perfeito e um Reino perfeito. Descreve o Reino de Deus, onde prevalecem a justiça e a retidão, onde os oprimidos são acolhidos, os pobres e os fracos socorridos e onde a fartura e a prosperidade alcançam a todos. Um salmo messiânico, uma mensagem profética sobre o Reino de Jesus Cristo.

No início da tarde da quarta-feira, tomamos conhecimento do atentado terrorista na sede da revista Charlie Hebdo, em Paris. Dois ou três homens encapuzados, adentraram as dependências daquela revista e assassinaram à queima roupa 12 pessoas, deixando mais cinco feridos. Na quinta-feira, outro atentado aconteceu, em Montrouge, na periferia ao sul de Paris, com o saldo de mais dois mortos. Segundo o site de notícias G1, havia a suspeita de que ambos atentados estariam de alguma forma conectados, com o objetivo de enfraquecer a ação da polícia. Até o momento que terminei este artigo a teoria não havia ainda sido comprovada.

Muitas opiniões foram dadas sobre os episódios. Algumas lúcidas e outras eivadas de preconceitos e generalizações. Alguns chegaram ao cúmulo de atribuir aos céus as ações terroristas como juízo divino pelo desrespeito da editoria do Charlie aos muçulmanos, judeus e cristãos. É de assustar uma opinião como essa.

O economista Samuel Huntington anunciava, no final do século XX, sua teoria sobre o choque das civilizações, onde os conflitos mundiais teriam por foco, essencialmente, questões culturais e religiosas e não mais políticas, econômicas ou ideológicas. Desde o atentado ao World Trade Center, passando pelas bombas na Maratona de Boston e agora os assassinatos em Paris, vemos sinais evidentes desses conflitos.

Alguns discursos surgem. Dentre eles o que apela para a paz por meio da tolerância à diversidade. Sem dúvida, o respeito ao outro é um princípio necessário para a convivência fraterna no mundo plural. O problema é quando essa tolerância exige que os discípulos de Cristo abram mão da proclamação do Evangelho. Em nome da diversidade e do respeito deixa-se de pregar a Cristo como o único Caminho que conduz a humanidade até Deus (Jo 14.6). Esse discurso se fortalece em alguns círculos, como se os deuses das religiões fossem faces diferentes do mesmo deus e Cristo Jesus apenas mais um dos muitos profetas. Destrói-se assim a unicidade de Cristo.

O Salmo 72 descreve o Reino de Deus como justiça e paz. Reino esse já inaugurado em Jesus Cristo, mas não manifestado em sua plenitude. Vivemos o já, mas o ainda não. Mateus 24 nos lembra: para que o Reino venha com toda sua força, devemos anunciar o Evangelho, como testemunho a todas as nações. Somente assim, o mundo se livrará definitivamente da violência, do medo, da morte e da injustiça – faces do pecado. Por isso, a igreja não deve esmorecer. Deve seguir pregando a Palavra a tempo e fora de tempo, anunciando o Reino de Paz que virá. Somente Cristo Jesus é o unigênito Filho de Deus, Senhor e Salvador. Somente nEle o pecado será extirpado. “Venha a nós o Teu Reino!”

 

 

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