TempoAssisti recentemente ao filme “O Preço do Amanhã”, no qual, em um futuro próximo, o envelhecimento passa a ser controlado para evitar a superpopulação, tornando o tempo a principal moeda de troca. Um cafezinho custa 3 minutos. Um carro de luxo, 20 anos.

As pessoas vivem tranquilamente até os 25 anos. Ao atingirem essa idade, recebem um relógio subcutâneo no braço com um ano de crédito e passam a trabalhar para ganhar tempo para viver e para pagar as contas. Quem fica rico pode viver centenas de anos sem nunca deixar de aparentar 25 anos.

Todas as relações comerciais agora são desenvolvidas por meio de compra, venda, troca e doação de tempo. Se o relógio de alguém chega a zero, a pessoa cai morta onde estiver. Uma proposta instigante.

De fato, o tempo é um bem limitado. Quando estamos impacientes com as crianças, dizemos: “Ei, não tenho todo o tempo do mundo!”. Queremos dizer que não aceitamos que “tomem o nosso tempo”. No filme isso seria possível; alguém poderia ser roubado, à noite.

Pessoas educadas dizem: “Posso tomar alguns minutos seus?”. E depois agradecem: “Obrigado pelo seu tempo”. O tempo é reconhecido como um “objeto de valor”.

Veja como isso é verdade: Você marca um encontro para as 6h e, cuidadoso, chega até antes. Mas sua contraparte chega às 7h e diz: “Desculpe o atraso”. Ok, mas o que você fez nesse tempo? Se já conhecia o jeito da pessoa, pode ter levado um livro para ler ou o caderno para estudar. Mas, se estava desprevenido, sente-se roubado naquilo que poderia ter feito com essa hora “perdida”.

Há, inclusive, um custo social para o mau uso do tempo. É quando uma pessoa (ou instituição) se apropria do tempo de muita gente. Isso acontece, por exemplo, quando um médico dá um “chá de cadeira” em seus pacientes, deixando-os esperar por horas. Pode acontecer o mesmo em qualquer sala de espera. As filas desproporcionais e os engarrafamentos de trânsito são outros exemplos. Há organizações especializadas em medir e quantificar o custo desse tempo perdido, em termos nacionais.

Quando ouço que a água é um bem escasso e não renovável, que devemos usá-la com consciência, penso no meu tempo de vida e em como usá-lo com sabedoria.

De todas as coisas que podemos fazer com nosso tempo, a mais improvável é “doá-lo” — usá-lo como “serviço” gratuito aos outros –, porque a lógica diz que cada um deve usar o seu ou vendê-lo. Então contemplo o Natal de Jesus; e naquela manjedoura percebo Deus entrando no tempo para doá-lo inteiramente a nós. Ao iniciar sua vida pública, Jesus sabia que já lhe restava pouco tempo. Mas estava disposto a oferecê-lo.

Qual é o maior presente que alguém pode dar? Talvez a vida. Mas se déssemos “tempo”, não estaríamos dando “vida”? A nossa vida? Penso imediatamente em doação de tempo entre cônjuges, pais e filhos, família, amigos — e tempo para Deus! Sim, nosso presente maior para eles talvez seja nosso tempo. Já não falo do tempo que “me tomam”, mas daquele que, deliberada e alegremente, ofereço.

Gostaria de aprender a arte de doar tempo. Mais do que isso, doar “o melhor do meu tempo”, para que, quando meu relógio chegar a zero, eu saia do tempo rico em amizades.

 

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