Alienacao Alguém já disse que o pecado deixa marcas. Mesmo depois de vencido e esquecido. Diz-se que quando você arranca o prego da madeira (pelo arrependimento, confissão e perdão), ele é extirpado, mas os buracos dos pregos ficam.
Bem, fico a pensar que talvez essa triste metáfora não esteja completa. Toda metáfora tem suas limitações. Talvez seja possível tampar esses buracos de pregos, mesmo que seja com outra madeira, ou cera. A restauração de vasos quebrados pode trazer muita alegria de volta. Deixe-me explicar.
Existem posturas, crenças e atitudes, extremamente danosas às pessoas e às famílias, que podem se perpetuar por gerações, produzindo muita dor e separação, sem que sejam percebidas e tratadas. Vão sobrevivendo ao tempo, como se fosse uma sina ou maldição familiar, até serem descobertas e vencidas.
Quero contar a história de uma moça que foi “a última geração” de uma “maldição” desse tipo.
O costume familiar era o da infidelidade masculina: o avô e o pai davam suas “escapadas”, conforme o costume do mundo. A avó e a mãe sempre souberam, mas, de certo modo, toleravam, por achar que “todo homem é assim”.
Um dia o evangelho entrou naquela família, e a questão da fidelidade entre cônjuges e entre pais e filhos se tornou um valor aceito e a ser incorporado à nova vida. Entretanto, o antigo sistema não foi descoberto, logo de início, porque nunca chegaram a conversar sobre ele. As coisas mudaram com a conversão do pai, mas ficaram guardadas no seu coração. Entretanto, as atitudes e reações da “mãe” não mudaram. Toda vez que conversas ou situações envolviam fidelidade, ela revelava ceticismo e incapacidade de confiar. A filha, sem perceber, sofria o fenômeno hoje conhecido como “alienação parental”, pelo qual, pais separados procuram, conscientemente ou não, afastar a criança do outro cônjuge. A mãe da moça não “deixava barato”, mesmo que continuassem a viver juntos.
O marido e pai, por sua vez, sabia o que já tinha feito, e, embora afirmasse que agora era um novo homem em Cristo, de certa forma compreendia a dificuldade da esposa em mudar. Ele agora procurava ser fiel; até virtualmente, não aceitando o menor flerte em sites de relacionamento; nem mesmo a velha pornografia, aparentemente tão inofensiva. Seus amigos diziam: “é só para olhar e fantasiar; isso não tira pedaço”.
Pois bem, moça cresceu e se casou com um rapaz crente, cujo coração, nessa área, imitava o de José, na casa do potifar: “como pois eu … pecaria contra Deus?”. Entretanto, começaram a viver dificuldades. É que esse rapaz se sentia ofendido toda vez que era tratado como se fosse seu sogro (o sogro dos velhos tempos). E a desconfiança não ficava por aí. Era mais que isso; era falta de confiança, falta de admiração, falta de consideração, falta de respeito; era insubmissão, a ser passada para os filhos, na forma da velha alienação parental. A submissão de Efésios 5:21 não chegava sequer a ser considerada e compreendida numa perspectiva correta e bíblica; era descartada com as mesmas ironias e gracejos que a avó e a mãe sempre usaram.
O novo casal não sabia o que fazer. A moça se ressentia de desamparo. Seu casamento não lhe dava a segurança que esperava. O rapaz, por sua vez, sentia-se como que insultado e caluniado pela esposa. Uma calúnia velada, que não lhe dava oportunidade de defesa. Quando visitavam os pais dela, as conversas se tornavam muito incômodas para ele, pois percebia que era visto como um hábil bandido, que ainda não havia sido pego. Ele não compreendia como seu sogro aguentava uma situação dessas.
Chegaram a pensar que seu casamento havia sido um erro.
O evangelho, então, mostrou novamente o seu poder: ao procurarem ajuda, o antigo costume masculino foi descoberto e olhado da perspectiva da Palavra de Deus, e as mudanças de comportamento também foram percebidas. Inclusive no pai-sogro. É verdade! Ele nunca mais havia dado motivos para desconfiança. Agora isso ficava claro.
Restava, portanto, deixar para trás as desconfianças e acusações veladas, pois não tinham mais lugar na família.
Foram, então, aconselhados a celebrar diante de Deus uma aliança de fidelidade e confiança, envolvendo toda a família. Todos participariam de um novo casamento. E assim se fez, com alegria e ação de graças. No poder do sangue de Jesus, o mal foi vencido.

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