As pessoas ainda não são coisas
Semana 59: Lucas 16.10-18
Quem é fiel nas coisas pequenas também será nas grandes; e quem é desonesto nas coisas pequenas também será nas grandes. Pois, se vocês não forem honestos com as riquezas deste mundo, quem vai pôr vocês para tomar conta das riquezas verdadeiras? E, se não forem honestos com o que é dos outros, quem lhes dará o que é de vocês? — Um escravo não pode servir a dois donos ao mesmo tempo, pois vai rejeitar um e preferir o outro; ou será fiel a um e desprezará o outro. Vocês não podem servir a Deus e também servir ao dinheiro. Os fariseus ouviram isso e zombaram de Jesus porque amavam o dinheiro. Então Jesus disse a eles: — Para as pessoas vocês parecem bons, mas Deus conhece o coração de vocês. Pois aquilo que as pessoas acham que vale muito não vale nada para Deus.— A Lei de Moisés e os ensinamentos dos Profetas duraram até a época de João Batista. Desde esse tempo a boa notícia do Reino de Deus está sendo anunciada, e cada um se esforça para entrar nele. — É mais fácil o céu e a terra desaparecerem do que ser tirado um simples acento de qualquer palavra da Lei. — Se um homem se divorciar e casar com outra mulher, comete adultério. E quem casar com a mulher divorciada também comete adultério.
Nos versículos anteriores, Jesus efetivamente exortou os seus discípulos a valorizarem mais as pessoas que posses materiais ou dinheiro. Faz faz isto através de uma parábola ou um estudo de caso a respeito de um administrador desonesto. A partir disto, nos versículos acima, Jesus continuou a recomendar a postura altruísta (vv.10-13). Mas sua recomendação aborreceu um outro grupo de ouvintes (do que os discípulos, v.1): os fariseus (v.14). É importante ver estes versículos 10-13 como uma só recomendação, como um crescendo musical, uma intensificação progressiva, mas ou menos da seguinte forma:
A fidelidade em “coisas pequenas” significa priorizar a comunidade, ou as amizades, especialmente as mais negligenciadas. Procurar vantagem própria (desejar riquezas) é o oposto disto e logo, a definição bíblica de desonestidade. Diante disto, é impossível, ao mesmo tempo, ter estas duas prioridades, o favorecimento da comunidade ou o favorecimento pessoal, como alvo da vida. No conceito bíblico, favorecer o próximo é servir a Deus (Lc 10). Logo, não se pode servir a Deus e ao dinheiro (a si mesmo) ao mesmo tempo.
Lucas nos disse que os fariseus zombaram da filosofia econômica de Jesus porque entre as duas opções que Jesus apresentava, os fariseus amavam mesmo o dinheiro. Mas obviamente isto não era a perspectiva assumida dos fariseus. Eles achavam que amavam mesmo a Deus e que isto não implicava em nenhum conflito com o apego ao dinheiro. Afinal, a sua teologia, uma teologia de prosperidade com base no Antigo Testamento (exemplos dos patriarcas e reis, Malaquias 3, etc.), dizia que as riquezas eram evidências da bênção de Deus. Por isso, Jesus disse o que disse a respeito das aparências e das Escrituras. Lucas 16.16-17 é absolutamente fundamental para interpretação cristã da Bíblia. A Lei e os Profetas vigoravam até João. Com Jesus, estamos em uma nova e definitiva dispensação (o Novo Testamento). Não que as exigências do reino são menores que o Antigo Testamento. Não, neste sentido, não se mudaram. Mas as exigências hoje são maiores.
Encontramos esta mesma lição no Sermão no Monte. E como exemplo, Jesus cita o caso de divórcio, algo que Moisés permitia (veja também Mt 5.31-32; 19.3-12 e 1Co 7), mas que não representa o ideal de Deus, (que neste caso, está contido na própria Lei).
Novamente, a lição é a mesma da passagem anterior: as pessoas não são comodidades financeiras, devem ser tratadas com justiça. Os relacionamentos justas são mais importantes que o dinheiro e o ganho pessoal.
Oração
Graças Te damos, ó Deus, pela revelação da Tua verdade e do Teu amor em Cristo Jesus. Amém.