Semana 23: Lucas 7.17-23

[João] os enviou ao Senhor Jesus para perguntarem: “O senhor é aquele que ia chegar ou devemos esperar outro?” (v.19) … [Jesus] respondeu aos discípulos de João: — Voltem e contem a João o que vocês viram e ouviram. Digam a ele que os cegos vêem, os coxos andam, os leprosos são curados, os surdos ouvem, os mortos são ressuscitados, e os pobres recebem o evangelho. E felizes são as pessoas que não duvidam de mim! (vv.22-23)

Alguém duvida que João Batista era homem de Deus? A Bíblia não deixa dúvida. O seu nascimento, o seu ministério e as palavras de Jesus ao seu respeito confirmam: João é uma figura extraordinária, homem de fé e de ação. Por que, então, ele precisava perguntar se Jesus era “aquele que ia chegar?” Será que João não poderia discernir isto?

Eis a minha primeira observação: se uma figura da estatura de João não poderia discernir com certeza a verdade a respeito de Jesus, o discernimento é mais fácil para nós, meros mortais? Alguns líderes cristão e cristãos “espirituais” falam (fingem?) como se o discernimento espiritual fosse relativamente fácil e seguro para eles. Falam categoricamente com toda a autoridade, “Deus me mostrou…” ou “Deus me falou…” Agora, penses bem e fales a verdade. Já não falaste tu deste jeito? Eu confesso que eu já falei… e sinceramente. Mas também confesso que quando falo assim sinto bem dentro de mim um pouquinho de censura, e hoje não acredito que a censura vem do diabo, não. Creio que seja a convicção do Espiríto Santo que queira que a gente seja um pouco mais humilde nas nossas afirmações. E sinceros, como João, na expressão das nossas dúvidas. João poderia fazer a pergunta que fez para Jesus justamente porque Deus estava o convencendo. Mas era (apropriadamente) humilde o suficiente para pedir esclarecimento. Que sigamos o seu exemplo que, por sinal, Jesus não censurou!

Segunda observação: veja como Jesus respondeu. Ele apontou para as evidências do seu ministério, algo, aliás, que João teria condições de avaliar. Não apelou para algum senso etêrio de discernimento interior, algo místico, mas para o bom senso e mais importante ainda, para as evidências exteriores.

Nós que estamos no ministério poderemos dizer o mesmo em relação ao nosso ministério?

Oração

Eterno Deus, graças Te damos pela manifestação da Tua ação através do ministério concreto e visível de Jesus. Aja em nós da mesma forma para que as pessoas possam conhecer Cristo em nós. Que os nossos ministérios sejam transformadores das condições que as pessoas vivem. Em nome de Jesus. Amém.

  1. Bom dia a todos!
    O comentário argumentativo em que se desenvolve o texto me fez lembrar de uma proposta semelhante que Paulo faz ao seu jovem pastor Timóteo ” pondera o que digo e Deus o esclarecerá…” O jovem pastor não precisaria aceitar de “olhos fechados” as instruções do apóstolo, mesmo tendo empenhado e comprometido parte de seu legado na formação de Timóteo.
    É pertinente essa observação supra, uma vez que vivemos em um contexto onde os manuais estão em alto uso; as técnicas do “como fazer” “como funciona” dominam todos os setores do nosso mundo, em busca dos resultados, incluindo também a igreja. Nada melhor do que o legado, a coerência e o compromisso com a palavra, ao invés de usarmos a técnica do “deus me disse” para forçar a barra.
    Concordantemente é melhor, mesmo que Deus nos tenha dito, termos a humildade de perguntar de saber e concordar com os outros. Afinal não estamos só. Somos a igreja de Deus e Ele sabe que dependemos dessa integração
    Essa reflexão é do livro de John Stot: Mensagem II Timóteo, tú porém.
    Um grande abraço fraterno ao Pr. Carriker.

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