Semana 17: Lucas 6.1-13

Num sábado, Jesus estava atravessando uma plantação de trigo. Os seus discípulos começaram a colher e a debulhar espigas, e a comer os grãos de trigo. Então alguns fariseus perguntaram: — Por que é que vocês estão fazendo uma coisa que a nossa Lei proíbe fazer no sábado?… (vv.1-2)

Num outro sábado Jesus entrou na sinagoga e começou a ensinar. Estava ali um homem que tinha a mão direita aleijada. Alguns mestres da Lei e alguns fariseus ficaram espiando Jesus com atenção para ver se ele ia curar alguém no sábado. Pois queriam arranjar algum motivo para o acusar de desobedecer à Lei… (vv.6-7)

Aí os mestres da Lei e os fariseus ficaram furiosos e começaram a conversar sobre o que poderiam fazer contra Jesus. Naquela ocasião Jesus subiu um monte para orar e passou a noite orando a Deus. Quando amanheceu, chamou os seus discípulos e escolheu doze deles. E deu o nome de apóstolos a estes doze… (vv.11-13)

Desculpe não citar a passagem acima toda, mas eu só queria ressaltar a oposição dos fariseus e a reação subsequente de Jesus. Reparou?

Duas vezes Jesus fez algo no sábado que aborreceu a liderança religiosa, pelo menos “os mestres da Lei e os fariseus”.

Duas vezes Jesus “respondeu” afirmando a sua autoridade, já reinterpretando a Lei de forma contrária à liderança. Lógico que os líderes religiosos se indignaram, mas além disto, lemos que eles “ficaram furiosos e começaram a conversar sobre o que poderiam fazer contra Jesus”, o que, por sinal, estabelece o tom para todo o resto do Evangelho de Lucas.

Veja bem. Até então havia conversa entre Jesus e os seus opositores. Mas chegou um momento que os opositores não tinham mais conversa com ele! Como Jesus respondeu esta vez? Simplesmente parou de focar a oposição, volveu os olhos para Deus (subiu no monte e orou) e embarcou no projeto para o qual foi chamado (designando os 12 apóstolos).

Percebe alguma lição? Eu percebo duas. Primeiro, eu como líder religioso, preciso me vigiar constantemente para não ficar tão regimentado pelo “manual” que aprendi para ser ministro que não percebo a graça maior e além disto ao meu redor. A posição mais “farisaica” que posso assumir é de não me enxergar no papel dos fariseus nestas histórias e, ao invés disto, me ver sempre no lugar de Jesus. Claro que Jesus é o nosso modelo e não os fariseus, mas existe uma razão fortíssima que temos tantas lições no Novo Testamento sobre os fariseus!

Segundo, se consigo me ver no lugar de Jesus, devo reparar que chega a hora de não mais “responder” à oposição, e sim, me colocar rosto no chão diante de Deus em oração e também arregaçar as mangas e continuar o projeto para o qual Deus me chamou. Só que que há uma amardilha… Se eu fizer isto com arrogância e orgulho, acabo me colocando novamente no lugar do fariseu…

Oração

Graças to dou, amado Senhor, pelo projeto incrível que nos deu para realizar. Que possamos discernir a hora de responder à oposição e a ora de volvermos a nossa atenção para Ti e arregaçãr as mangas para trabalhar. Em nome de Jesus. Amém.

  1. Olá amigo, Bom dia!
    Concordo sim.
    É claro que uma reinterpretação da lei revela um aspecto ofuscado pelo obscurantismo religioso tanto daquele tempo como nesses dias. É a questão do valor humano, das pessoas estar acima dessas questões; ter mais valor do que ritos, legalismos, enfim… Esse foi o produto da reinterpretação da lei, outra vez digo, estava lá, mas ofuscado.
    Ainda hoje, esse comportamento tem um produto também, a saber: muitas vítimas de uma leitura errada e um hermenêuntica situacional.
    Agora, permita-me responder ao título, mas lembrando sempre de meu respeito e consideração por todos daqui.
    É claro que nunca queremos o debate; ele machuca , ofende, desgasta, humiha envaidece.. mas com certeza, no desenvolvimento da missão ele vem.
    Se eu pudesse mudaria o nome de debate para diálogo e isso depende da postura. Jesus como o senhor citou, é o maior exemplo disso. Há uma outra passagem em que o resultado do debate entre Jesus e os mestres, resultou numa reflexão profunda, revelando o aspecto humano da lei de Deus ( refiro-me à questão do ” …qual o grande mandamento…”) Ali Jesus, por sua postura, pode apresentar a mensagem, que, acredito, tenha resultado na conversão daquele mestre, mesmo considerando a intensidade do conflito no momento. É sem dúvida uma grande lição.
    A igreja de hoje , dado ao contexto social, passará por esse desafio. Diante dos valores relativizados, principalmente em relação aos conceitos que eram absolutos, como, por exemplo, a verdade; há uma pergunta: onde está a verdade? Pilatos perguntou o que é? a sociedade, que se tornou adulta, pergunta: onde está ? percebe? E esse questionamento se levanta em meio a muitos elementos que estão respondendo à espiritualidade moderna. Há uma espiritualidade hoje sim, mas não bíblica nem no Deus bíblico. As manifestações ateístas hoje acontecem em contraposição ao Deus Bíblico, ou seja, todo esforço se dá ao trabalho negá-lo e sim está diretamente relacionado à fé cristã.
    Observemos, é uma tendência, talves demore um pouco, mas é uma tendência.
    É considerando esse comportamento que admito a inevitável era do debate. Escrevi no espaço do leitor um texto: Pés descalços no evangelho da paz e da razão também. descalço na razão, considerando a igreja brasileira e sua postura ant intelectualista; e da paz por conta do descompromisso com a missão.
    O ponto de partida é que o “ide” tem que existir em qualquer contexto e estamos diante de um que não tem ouvido para o evangelho a menos que tenha suas questões respondidas.
    Mas eu concordo que o bom mesmo é trabalhar, enquanto não… vamos trabalhar!

    Grande abraço.

    • Sim, Sérgio, sem dúvida há lugar para o debate…ou o diálogo, e como observou, Jesus é o nosso exemplo disto também. De certo modo, este é o propósito deste blog. Grato pela sua participação e diálogo!

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