Elifaz:

Mas você quer acabar com o sentimento religioso; se dependesse de você, ninguém oraria a Deus. (NTLH)

Também, você quebra a reverência e retira a contemplação sábia diante de Deus. (tradução minha ao pé da letra)

Como é que pode desprezar o jeito “consagrado” de agir e falar a respeito das coisas de Deus? (tradução minha livre)

Reflexão

Puxa vida, três tentativas de traduzir este versículo! Mas creio que deu para ter a idéia do que Elifaz está reclamando. Jó deu a sua resposta longa e super-áspera nos capítulos 12, 13 e 14 para os conselhos dos seus três “amigos”, Elifaz (capítulos 4-5), Bildade (capítulo oito) e Zofar (capítulo 11). Vale a pena ler! Agora começa uma segunda rodada de conselhos e respostas (cap.s 15-21), começando com Elifaz. Elifaz não gostou nem da atitude e nem das palavras de Jó. Efetivamente é isto que ele diz no versículo acima. Elifaz evidentemente acredita que existe um jeitinho de se colocar e uma jeitinho de falar das coisas de Deus. Hoje denominamos este “jeitinho” de “consagrado” ou, às vezes, “piedoso”, algo que facilmente confundimos com os nossos “usos e costumes”.  O que normalmente não se encaixam dentro do nosso conceito de “consagrado” são expressões de chateação, a verbalização das nossas dúvidas, a insistência de usar uma linguagem “normal” ao invés duma linguagem religiosa, até certas posturas e roupas (tênis e bermuda certamente não são consagrados).

Jó é culpado de tudo isto porque falou o que estava no seu coração, mesmo quando isto questionava diretamente o Criador (por sinal, na resposta de Jó nos capítulos 12-14, reparei 21 referências aos aspectos organícos e inorgânicos da criação!). E por isso, os seus amigos só poderiam tirar uma conclusão: “Você fala assim por causa do seu pecado” (Jó 15.5a).

Eu confesso que estou começando a ficar com certo complexo de estar batendo sempre na mesma tecla nestas devocionais. A minha única defesa é que exatamente isto que encontramos no Livro de Jó e só posso concluir que estamos tão obstinados em sermos “bons amigos” e “bons conselheiros” que nos faz bem (por nos faz mal!) ouvir os desacertos dos amigos de Jó. E lá vamos nós para uma segunda rodada de diálogo entre Jó e seus amigos os próximos sete capítulos! Quem sabe a ficha eventualmente cai!

Oração

Como precisamos de Ti, ó Pai. Precisamos aprender como ouvir bem as angústias dos outros, como expressar de modo transparente as próprias angústias, e como depender e confiar em Ti na hora da provação. Venhas ao nosso socorro. Em nome de Jesus. Amém.

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