Propostas de Diálogo
Dez questões sobre o “Teste da Fé”: uma resposta inicial aos críticos
47por Guilherme de Carvalho
O lançamento recente do livro O Teste da Fé gerou discussões acaloradas, e perguntas foram feitas sobre a nossa identidade teológica. Há muito o que dizer, e não há como resolver isso em um único post. Então decidi organizar os questionamentos em perguntas principais, e vamos começar respondendo a 10 perguntas básicas:
(1) Qual é o propósito do projeto “Teste da Fé Brasil”?
Antes de tudo, reabrir a conversação sobre a relação entre ciência moderna e fé evangélica.
O campo evangélico brasileiro apresenta uma atitude ambígua em relação à ciência, e em geral não apresenta a estima e a valorização da vida intelectual e da vida científica que caracterizam o protestantismo clássico. No seu extremo mais fundamentalista tendemos a combinar uma leitura bíblica questionável com um uso seletivo e pragmático da evidência científica, sem reconhecer o campo científico como um campo legítimo e sem ver a ciência como uma vocação legítima para o cristão.
Por outro lado, no extremo mais “modernista” do movimento evangélico, onde ele se aproxima do que grosso modo se chama às vezes de “liberalismo teológico”, vê-se a tendência de revisar a fé evangélica sistematicamente, em termos de ideologias e cosmovisões seculares que pululam a academia moderna, apelando-se ao avanço da ciência moderna como prova de que a doutrina e as formas confessionais clássicas da fé cristã estariam ultrapassadas. (mais…)
Kuyper e o Conflito de Fé e Ciência
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Por Rodolfo Amorim
Não verdade não existe, segundo Kuyper, um conflito básico entre fé e ciência! Nenhuma surpresa. É que a ciência, quando tenta estabelecer a relação entre sujeito e objeto, necessita pressupor pela fé vários princípios não verificáveis racional ou empiricamente. Dentre estes estão: a autoconsciência do investigador; o trabalho acurado dos sentidos na medida em que este fornece informações reais sobre a externalidade; o funcionamento correto das leis do pensamento atuando no sujeito da investigação; fé em algo universal escondido por detrás dos fenômenos especiais; fé na vida; e fé nestes princípios gerais dos quais o sujeito procede em qualquer empreendimento científico (mais…)
Teísmo Cristão e Ciência: o pensamento de Roy Clouser
0Por Guilherme de Carvalho
O filósofo americano Roy Clouser desenvolveu recentemente um modelo para explicar a relação entre a religião e a ciência, a partir de uma crítica interna do empreendimento científico. Segundo Clouser, todo pensamento teórico depende de pressuposições a respeito da ordem cósmica cuja natureza é indistinguível de certos tipos de crença religiosa – aquelas crenças a respeito do que constituiria o fundamento divino do mundo. A partir da observação da indistinguibilidade dessas crenças, Clouser sustenta que a ciência tem, necessariamente, um ponto de partida religioso que condiciona a construção teórica.
Resenha: Por que o Diálogo de Ciência e Religião é Importante?
0Por Guilherme de Carvalho
O livro de WATTS, Fraser, DUTTON, Kevin, eds, Why the Science and Religion Dialogue Matters: Voices from the International Society for Science and Religion. (London/Philadelphia: Templeton Foundation Press, 2006, 158 p.) tem onze capítulos organizados em três grandes seções. Na primeira, intitulada “Porque o Diálogo Importa”, três capítulos tentam responder a essa questão central do livro. Seus autores – George F. R. Ellis, John Polkinghorne e Holmes Rolston III – são experts no debate sobre religião e ciência e também ganhadores do Prêmio Templeton para o Progresso da Religião.
O debate sobre religião e ciência — uma introdução
0Ciência e teologia têm coisas a dizer uma à outra, uma vez que ambas se preocupam com a busca da verdade, alcançada por meio da crença fundamentada. Entre os tópicos importantes para tal diálogo estão a teologia natural, a criação, a providência divina e os milagres. Este artigo apresenta um breve panorama do estado atual do diálogo.
Os participantes do debate entre ciência e religião empregam diversas estratégias, dependendo do que procuram — confronto ou harmonia. Para uma introdução ao assunto, a primeira tarefa é resumir a agenda de discussão.
O parceiro natural para o diálogo com a ciência é a teologia, a disciplina intelectual que descreve a experiência religiosa, da mesma forma como a ciência descreve a investigação humana do universo físico. Tanto a ciência como a teologia reivindicam explorar a natureza da realidade, mas claramente o fazem em níveis diferentes. (mais…)