Bem-aventurados os limpos de coração, porque verão a Deus. (Mt 5.8)

 

Jesus está falando de uma pureza interior, uma santidade íntima que só os pobres de espírito têm o privilégio de possuir. Ou melhor, têm o privilégio de não possuir, pois os pobres de espírito sabem que não possuem nada em si mesmos. Os limpos de coração são limpos por causa da transparência da alma e, assim, acreditam mais em Deus do que neles mesmos.

No discurso de Jesus há outros aspectos dignos de nota:

– Os limpos de coração já choraram seus próprios pecados e, como consequência, usufruem do perdão concedido pelo Pai.

– Os limpos de coração não tocam trombeta quando dão suas esmolas, não oram em pé nas praças para serem vistos dos homens, não jejuam e depois apresentam-se com o rosto desfigurado para impressionar as pessoas.

– Sinceridade e integridade são as características mais evidentes dos limpos de coração.

Jesus abriu o caminho

No Novo Testamento a presença de Deus é enfocada por Jesus numa relação íntima e pessoal. “Entra no teu quarto, e, fechada a porta, orarás a teu Pai que está em secreto” (Mt 6.6). A figura do Pai mostra uma nova forma de relação. O Pai acolhe seus filhos, abraça-os afetuosamente, perdoa-os, estabelece a reconciliação deles consigo e a pacificação entre eles (Lc 15).

A santidade dos limpos de coração é providenciada antecipadamente por meio de Jesus Cristo. Sem essa santidade ninguém verá a Deus. Santidade aqui é uma condição de fé que antecede a ética e a moral. “Tendo, pois, irmãos, intrepidez para entrar no Santo dos Santos, pelo sangue de Jesus, pelo novo e vivo caminho […] aproximemo-nos, com sincero coração, em plena certeza de fé, tendo os corações purificados de má consciência, e lavado o corpo com água pura” (Hb 10.19, 21).

Porta aberta aos filhos

Os limpos de coração são, portanto, os pobres de espírito, que, não tendo o direito de chegar à presença de Deus, confiam incondicionalmente na mediação plena e eficaz de Jesus Cristo. Os filhos são herdeiros de Deus e co-herdeiros com Cristo (Rm 8.17).

O autor da Carta aos Hebreus aponta para a santificação nos seguintes aspectos:

– Ser santificado é ter um coração limpo, uma consciência pura, um corpo preservado sem mácula;
– Ser santificado é manter uma confissão baseada na confiança absoluta em Deus. Santo é todo aquele que descobriu o vivo Caminho para Deus;
– Ser santificado é considerar uns aos outros em amor e servir ao próximo pela prática das boas obras.

Eles verão a Deus

Você já deve ter se sentido extremamente infeliz por ter enganado alguém. O discípulo é feliz pela gana de manter sua vida transparente, sincera, sem farsa. Ele é feliz, acima de tudo, por antecipar para si mesmo a visão da santidade de Deus. Primeiro, eles verão a Deus numa perspectiva escatológica já cumprida — e assim veem a Deus por meio de Jesus Cristo, por meio da revelação de sua Palavra, e no rosto de cada irmão e irmã. Depois, numa perspectiva escatológica futura, verão a Deus em toda a sua plenitude.

Por Carlos Queiroz

 

Veja mais: Bem-aventurados os pacificadores, porque serão chamados filhos de Deus.

 

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