O Dia Mundial da Infância e a pergunta do filósofo
Conta-se que, quando Sócrates, o filósofo, voltava para Atenas, sempre perguntava:
— Onde estão as crianças?
— Por que perguntas pelas crianças?
— Porque o futuro de Atenas depende destas crianças!
Nesta semana em que celebramos o Dia Mundial da Infância, é preciso refletir nesta pergunta séria e solene “Onde estão as crianças?”
Podemos afirmar que as crianças estão exatamente onde os adultos as têm deixado, nas diversas esferas na nossa sociedade:
1. O GOVERNO não proporciona uma educação de qualidade, pelo contrário, o sistema de educação está comprometido a deixar as crianças cada vez mais indiferentes à cultura e aos valores que formam a sociedade brasileira, e por que não dizer, que não se importa com nenhum valor que seja bom e saudável.
• Aumenta a cada ano o número de analfabetos funcionais. Os estudantes brasileiros estão classificados nos níveis mais baixos de conhecimento.
• Não há um ambiente atraente e prazeroso ao ensino.
• Há influência perniciosa dos traficantes de drogas e dos promotores de ideologias nefastas.
• Os professores não são bem-preparados e nem motivados a fazer o melhor.
Que saibamos analisar que todos estes fatos afetarão o futuro das crianças. Que futuro terão? Há mudanças substanciais e estruturais que devem ser implementadas urgentemente!
2. A SOCIEDADE enxerga a criança apenas como uma consumidora:
• Há a mentalidade de que as famílias precisam dar bens materiais às crianças.
• Há a indústria do entretenimento altamente rentável, que vorazmente investe no mercado “infanto-juvenil” com produtos que deformam e corrompem o caráter da criança, induzindo-a a uma vida de pecado. Na verdade o impacto de todas as mídias na introdução de conceitos perniciosos, fúteis e violentos chega a ser assustador,
• Fala-se que a infância é linda, mas é uma afirmação vazia. A prova está no aumento assustador dos casos de abusos verbais, físicos e sexuais. E o que dizer da ideologia de gênero, uma verdadeira perversão?
3. AS FAMÍLIAS, em sua grande maioria, têm-se deixado pela filosofia do hedonismo:
• Muitos pais não são fiéis aos compromissos assumidos por ocasião do seu casamento. Partem para aventuras amorosas, para o terrível adultério, deixando as crianças desestabilizadas e depressivas.
• Muitos pais priorizam a sua realização profissional em detrimento do cuidado dos filhos. Terceiros são contratados para cuidar deles desde a mais tenra idade.
• Muitos pais enviam prematuramente seus filhos às escolinhas maternais e pré-escolares, delegando a estas instituições uma responsabilidade indelegável.
• O hedonismo no uso das drogas, da bebida e na prática de relações sexuais descomprometidas, acabam tendo uma séria consequência no aumento de casos de abortos, uma das maiores tragédias do nosso tempo.
4. AS IGREJAS, embora haja honrosas exceções, preocupam-se tanto com os adultos que chegam a investir neste público quase que a totalidade do seu orçamento. Tem sido raro encontrar igrejas que invistam pelo menos 10% do seu orçamento com as crianças porque:
• A criança só dá despesa e não traz contribuição financeira.
• A criança precisa apenas ficar num lugar à parte com alguns monitores que as distraiam enquanto os adultos podem ter as suas reuniões sem perturbação. Em muitos lugares a criança é usada literalmente como “isca” para atrair os peixes maiores, os seus pais.
• Não há investimento na evangelização e no discipulado das crianças, e lamentavelmente há:
a) Falta de pessoas bem treinadas. Pelo contrário, parece que para orientar as crianças qualquer pessoa serve, e lamentavelmente fica aberta uma porta para que ensinos sem qualquer conteúdo bíblico seja ensinado à nova geração.
b) Falta de materiais de conteúdo apropriado e de qualidade.
c) Falta de currículo inteligente e prático.
d) Falta de ambiente acolhedor e apropriado.
– Filósofo, Por que perguntas pelas crianças?
– Porque o futuro depende destas crianças!
Quando a criança será devidamente considerada? Este quadro precisa ser mudado em todas as dimensões consideradas acima. É urgente que surjam líderes, homens e mulheres que dediquem a sua atenção, com maior diligência, para o desenvolvimento físico, emocional, intelectual, cultural, moral e espiritual das crianças. O período da infância passa muito rápido. Hoje há um desgaste tão grande na resolução de conflitos que afloram na fase da adolescência. Ah! Se todos tivessem pensado antes, e preparassem as crianças para chegarem bem nesta etapa de suas vidas.
Se alguém deseja trabalhar por um futuro melhor é urgente trabalhar melhor com as crianças que estão hoje em suas mãos. Amanhã será tarde demais. A recomendação da Palavra de Deus é cristalina: “Ensine a criança no caminho em que deve andar, e ainda quando for velho não se desviará dele.” (Provérbios 22:6)
Evidentemente é tempo de confessarmos nossas faltas e negligências, como crentes, como líderes, como pais, e buscarmos o Senhor de todo coração, para caminharmos neste ano de 2023 empenhados, acima de tudo, em conhecermos mais o Senhor e a Sua Palavra e, nos submetermos mais ao Senhor e à Sua Palavra e para que, diante da pergunta: “ONDE ESTÃO AS CRIANÇAS?” A resposta seja: Estão, como Jesus, que “crescia em sabedoria, estatura e graça, diante de Deus e dos homens.” (Lucas 2:52).
E não nos esqueçamos que é urgente evangelizar as crianças, e muitas são as estratégias e ministérios que podem ser desenvolvidos para que, diante da pergunta: ONDE ESTÃO AS CRIANÇAS? a resposta possa ser: ESTÃO SALVAS EM CRISTO JESUS!
Aí, sim, haverá bom futuro! Não só um futuro melhor para o tempo tão breve da existência humana aqui na Terra, como para toda a eternidade!
Por Gilberto Celeti, pastor que serve a Deus na APEC/Brasil desde dezembro de 1973.