Por Débora Vieira

Quando servimos crianças no ministério é bem possível nos percebermos como Marta, irmã de Maria, em Lucas 10:38-42. Só quem vive as demandas dominicais da “salinha” sabe o que significa a vontade, o chamado para ensinar, e tão poucos recursos disponíveis. Sabemos das urgências na assistência das famílias das crianças, mas enfrentamos limitações quanto aos auxílios. Falta tempo aos voluntários para o preparo de ministrações que realmente levem a transformações de vida – e não só fiquem fazendo as crianças matarem tempo durante o culto. Além disso, lidamos com as conhecidas questões de falta de verba, conflitos de opinião quando existe equipe de professores e, em não poucas situações, a falta de apoio da figura pastoral ou liderança da igreja. Olha… Como Marta não teria serviço? A demanda é real e não para! A casa é dela! Jesus está ali. 

E Maria não se toca. 

Desde 2022 a OMS reconheceu que pessoas que se dedicam a outras pessoas intensamente estão mais suscetíveis a um estado de exaustão física e mental causado especificamente pelo servir. Este é o burnout, a doença gerada pelo estresse das pessoas exigentes, entusiasmadas com o trabalho e que normalmente não têm medo de aceitar novas responsabilidades ao lidar com expectativas do outro. Ele não aparece de uma hora pra outra, normalmente é desenvolvido ao longo de anos até atingir o pico da tensão. Mulheres de 25 a 40 anos são as mais afetadas, mas homens sofrem também. As áreas de trabalho mais atingidas? Saúde, Educação e Segurança Pública. O que é simbólico demais para o educador do Ministério Infantil sério, que ministra justamente saúde, educação e segurança espiritual às crianças! Seria exagero dizer que educadores do Ministério Infantil podem sofrer, sim, de burnout?

Como Marta deveria agir, afinal, diante de tanto? É tanto cuidado real, tanta entrega cheia de amor… Pois é… Mas como sabemos, Jesus realmente ensina Marta a ver as coisas de outro modo. Por que será, hein? Ele, o maior exemplo de Servo para o cristão. Foi Ele quem disse: “O Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir, e para dar a sua vida em resgate de muitos.” (Mt.20:28) Também, em Filipenses 2:6 vemos que Jesus, apesar de ser Deus, não considerou que, justamente, “ser Deus” era algo ao qual deveria se apegar, mas se esvaziou, tornou-se homem e veio para entregar-se ao máximo, morrendo por nossos pecados. Por que Ele diz para Marta mudar de postura, afinal? Jesus diz, especificamente: “Marta! Marta! Você está preocupada e inquieta com muitas coisas; todavia apenas uma é necessária…” (Lucas 10:41,42a) O Servo dos servos diz que apenas uma coisa é necessária. Ele não despreza a preocupação e a inquietação de Marta. Ele as reconhece. Ele percebe o coração dela, mas com amor o leva para outro lugar: estar diante do Servo dos servos é poder aprender com Ele. “Como Ele serve?”, “O que Ele realmente faz para servir?”, “Com o que Ele gasta tempo?”, “Com o que Ele se importa?”, “Ele se retira para orar sozinho?”, “Ele descansa?”, “Ele tem tempo com amigos íntimos?”, “Ele tem conversas profundas e difíceis?”, “Como ele se prepara?”, “Ele se cala?”, “A quais opiniões ele dá importância?” Ah! Como há o que se aprender diante do Servo que mais serviu e serve pessoas no mundo! 

“Maria escolheu a boa parte, e esta não lhe será tirada.” (Lucas 10:42b)

Às vezes precisamos aprender com amigos, com irmãos… com as irmãs… com as Marias que nos ensinam a acalmar para ouvir o Bom Pastor. Jesus convida Marta a olhar de outro modo para sua irmã Maria. Será que há alguém próximo a você, que ama Jesus, e pode te inspirar a se aquietar diante Dele? Como a vida dele ou dela te ensina? Não é preciso caminhar sozinho, no fim das contas.

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“Venham a mim, todos os que estão cansados e sobrecarregados, e eu darei descanso a vocês. Tomem sobre vocês o meu jugo e aprendam de mim, pois sou manso e humilde de coração, e vocês encontrarão descanso para as suas almas. Pois o meu jugo é suave e o meu fardo é leve”. (Mateus 11:28-30)

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