O dever nos convida a seguir em direção a uma vida ativa. Vamos com alegria, esperança e seriedade, e vamos nos empenhar em encontrar a parte especial reservada para cada um de nós. Quando a encontrarmos, de boa vontade e com fidelidade, nós a executaremos; porque cada obstáculo superado, cada sucesso alcançado tem a tendência de nos aproximar de Deus. 

Ann Sullivan em seu discurso de formatura de junho de 1886

 

Ann Sullivan nasceu em uma família de irlandeses emigrados para os Estados Unidos fugindo da grande fome que assolou a Irlanda na década de 1840. Ela nasceu em Feeding Hills, Massachusetts, no dia 14 de abril de 1866. Seus pais geraram 5 filhos mas perderam dois ainda bebês. Ficaram três: Ann, Mary e Timmie. A família vivia na mais extrema pobreza. 

Entre 5 e 7 anos de idade seu corpinho lutou contra o tracoma, uma espécie de conjuntivite crônica, uma das principais causas de cegueira em crianças no século XIX. O tracoma a deixou com baixa visão. Aos 8 anos ela perdeu a mãe, vítima de tuberculose. Como órfã, foi rejeitada pelos parentes próximos que ofereceram abrigo para Timmie e Mary mas a deixaram sob o controle de um pai alcoólico e violento. 

Aos 10 anos, ela e o irmão Timmie foram levados para um abrigo, Tewksbury Almshouse, que recebia os desprovidos, os doentes mentais, os idosos, crianças e mulheres abandonadas. A instituição abrigava uma média de 940 pessoas entre homens, mulheres e crianças. Tudo indica que ela nunca mais esteve com a irmã Mary. 

A taxa de mortalidade no abrigo era muito alta. Três meses depois de ingressar na instituição, Timmie adoeceu e morreu. Então Ann passou a subsistir numa espécie de depósito de pessoas indesejadas pela sociedade. Com 10 anos, ela estava quase cega, analfabeta, sem família, sem nenhuma perspectiva de futuro, dormindo ao lado de mulheres mentalmente adoecidas, fazendo todo o possível para se esquivar dos abusadores com os quais era obrigada a dividir o mesmo teto.

O que seria dessa menina? 

Durante os quatro anos que Ann permaneceu no abrigo, ela descobriu que existiam instituições de ensino para pessoas cegas ou de baixa visão como ela. No coração dela surgiu um sonho, o sonho de poder estudar.

Um belo dia, Tewksbury Almshouse recebeu uma visita de uma comissão para avaliar a situação insustentável da instituição. Ann seguiu os homens importantes durante todo o dia e juntou toda a sua coragem para entrar no caminho deles e pedir: “Me leva para uma escola de cegos. Eu quero estudar!” Eles atenderam ao seu pedido e ela foi transferida para a Escola Perkins para Cegos em 1800, com 14 anos. 

Apesar do temperamento forte, da falta de instrução total, e dos maus modos adquiridos no abrigo, Ann estava determinada a vencer. Nos 6 anos que durou a sua formação, ela acabou se tornando a primeira aluna da turma e ganhou a admiração do diretor Michael Anagnos. Foi a oradora da turma em sua formatura em junho de 1886. Esta frase do seu discurso mostra o que lhe dava esperança: “…porque cada obstáculo superado, cada sucesso alcançado tem a tendência de nos aproximar de Deus.” Ann nutria a convicção que os obstáculos da vida eram usados por Deus para ajudá-la a chegar mais perto dele!

Em março de 1887, oito meses depois da formatura, com apenas 20 anos, Ann foi para Tuscumbia, Alabama, para trabalhar como professora de uma menina de 6 anos. Helen Keller tinha sobrevivido a uma doença grave quando tinha apenas 19 meses de idade. Mas as sequelas ficaram. Ela tinha perdido a visão e a audição.

Ann pediu para os pais da menina deixarem as duas, professora e aluna, isoladas por algum tempo numa casinha afastada. Ali ela trabalhou a princípio para controlar os acessos de raiva da menina e em seguida para ensiná-la a conexão entre os sinais que ela fazia na mão de Helen com os objetos à sua volta. Em alguns meses, Helen tinha aprendido 600 palavras, quase toda a tabuada e já era capaz de ler em Braille.

Ann encorajou Helen a ir para a mesma escola, Escola Perkins para os Cegos, e mais tarde para a faculdade. Isto aconteceu em 1900 – Ann estava com 34 e Helen com 20 anos. Durante as aulas ela soletrava as palavras na mão de Helen e depois gastava horas transmitindo os conhecimentos dos livros para a moça. O resultado foi que Helen Keller foi a primeira pessoa sem audição e visão a se formar em uma faculdade. A formatura, com louvor, da Radcliffe College, hoje Harvard Radcliffe, aconteceu em 1894.

As duas permaneceram inseparáveis até a morte de Ann Sullivan, que aconteceu em 1936. Anne morreu aos 70 anos, deixando Polly Thomson como nova companhia para Helen Keller que tinha 56 anos na época. Juntas, Ann e Helen, elas viajaram por 39 países defendendo a necessidade de cada nação de prover educação digna para as crianças cegas. 

Ann foi enterrada no mesmo cemitério do presidente Woodrow Wilson, um lugar de honra. No funeral, o Bispo James E. Freeman disse, sobre a menina que não tinha nenhuma perspectiva de futuro:

 

Entre os grandes professores de todos os tempos ela ocupa um lugar de destaque e liderança… O toque da sua mão fez mais do que iluminar o caminho de uma mente confusa; ele literalmente emancipou uma alma.

 

Para conversar:

  1. Que verdade Ann Sullivan acreditou que deu a ela tanta força para vencer os obstáculos da vida? 
  2. Você tem uma verdade parecida com a de Ann? Uma convicção profunda que te ajuda a ter esperança mesmo quando tudo à sua volta parece sugerir o contrário? 
  3. Não é fácil perceber a mão de Deus frente aos obstáculos e acreditar que eles são usados para ajudar-nos a nos aproximar dele. Como superar essa dificuldade? O que tem ajudado você em sua experiência pessoal a crer que Deus está presente? 
  4. Como professor, você já sentiu o mesmo ardor de Ann frente aos maiores desafios apresentados por alunos? O que lhe deu ânimo para persistir? Compartilhe boas histórias da sua experiência.

 

Ann Sullivan do Brasil

https://annsullivan.org.br/

 

Esta história de esperança faz parte da Campanha Meu Educador Social Cristão 2024, e você pode conferir outros materiais dela clicando aqui

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