Os indícios de que ela tinha entrado num relacionamento abusivo começaram cedo, mas ela só se deu conta da gravidade do problema quando, com apenas seis meses de casada, ela foi agredida fisicamente. O controle emocional já estava instalado, mas ainda era possível tentar se convencer que as coisas estavam acontecendo só na sua cabeça. Iam passar.

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Valerie era jovem, estava sozinha num país distante da família e amigos. A distância não era só geográfica; era também emocional pois casara-se contra a vontade dos pais. Quando as coisas começaram a desmoronar no seu casamento, ela resolveu que tinha de suportar tudo calada. A decisão tinha sido sua, agora tinha de assumir as consequências. E o isolamento foi se aprofundando. Quanto mais isolada, mais dependente e vulnerável ela se tornava.

 

Esta situação persistiu por dois anos. Valerie foi salva pelas cunhadas. As irmãs do seu marido começaram a perceber os sinais de uma mulher que vive em constante tormenta. Começaram a chamá-la para reuniões em suas casas onde traziam mulheres que já tinham passado por violências parecidas. Encontrar pessoas com experiência semelhante às dela foi fundamental para Valerie começar a escalar os degraus para fora do poço fundo onde se encontrava. 

 

Um desses degraus, foi perdoar a si mesma pela decisão precipitada de se casar com alguém relativamente desconhecido, e contra a vontade dos pais. Outro degrau foi a reconciliação com os pais. Essencial para esta escalada para fora do poço foram as reuniões com um grupo de mulheres com experiências semelhantes. E isto aconteceu porque existia em sua igreja um grupo anônimo, que a acolheu e proporcionou um espaço seguro de partilha e ajuda mútua. 

 

Um dos últimos degraus foi o divórcio, dois anos após a separação física. Isto porque apesar do perdão que Valerie estava disposta a estender ao marido violento, ele não quis mudar. Reconciliação que inclui risco de vida não é reconciliação — é opressão. Valerie chegou à conclusão de que Deus não exigia este tipo de sacrifício de nenhuma mulher.

 

Hoje, Valerie desfruta de um relacionamento sólido com seu marido Marcos. São missionários no Brasil envolvidos no trabalho de levar as igrejas brasileiras a se comprometerem com o discipulado das crianças. Ela entende que as crianças que circulam em nossas igrejas são, muitas vezes, desvalorizadas e tratadas como “ainda não” cidadãos do Reino.

 

Há problemas na vida que são muito maiores do que a nossa capacidade de lidar com eles. É por isto que o primeiro passo dos Alcoólicos Anônimos diz: “Admitimos que éramos impotentes perante o álcool – que tínhamos perdido o domínio sobre nossas vidas”. Todos os outros programas de auto-ajuda baseados nos 12 passos começam com afirmações semelhantes, substituindo-se o “álcool” pelo problema que mais aflige o grupo. O problema em comum pode ser drogas, o comer compulsivo, a pornografia, o sexo, o uso abusivo de jogos online, e até relacionamentos pegajosos. 

 

Cuidado mútuo foi vital para Valerie que hoje diz para quem está passando por situações difíceis: “Não desista. A melhor forma para mim é buscar uma comunidade para te encorajar nesse momento difícil que você está passando. (…) Quando aparecer a vontade de se isolar, de se separar de tudo porque tá difícil, faça ao contrário, busque uma comunidade para te encorajar e te levar a pensar nas coisas positivas. É assim que a gente vai fazer a diferença, é assim que Deus nos encoraja para não perder a esperança”.

 

Grupo MADA: No caso de mulheres que se encontram em relacionamentos abusivos e violentos, há um grupo chamado MADA — Mulheres que Amam Demais Anônimas. Este grupo ajuda mulheres a identificar e tratar da codependência — uma tendência muito comum nas mulheres. Codependência é um termo da área de saúde mental usado para se referir a pessoas fortemente ligadas a uma pessoa problemática, definida como alguém com séria dependência física ou psicológica de uma substância ou com um comportamento destrutivo.

 

Sintomas de Codependência:

Responsabilidade em excesso

Ajuda ao próximo com prejuízo próprio

Dificuldade em identificar suas próprias necessidades

Tendência de sentir atração por pessoas problemáticas

Sentimentos de baixa autoestima ou superioridade

Dificuldade em sentir suas próprias emoções

Tentativas constantes de agradar os outros para ser aceito

Desonesto com seus próprios sentimentos

Tem mais empatia com os outros do que consigo mesmo

Encontre nas páginas 10 e 11 do Guia Meu Educador Social Cristão.

 

Veja mais aqui!

 


Hoje Valerie é missionária da SEPAL e fundadora do ministério Geração Elo, um ministério criado a partir de 2014 com o propósito de fortalecer a igreja na sua missão de conduzir as crianças a uma fé inabalável.

A Val lidera um grupo de pessoas que compartilham da mesma visão e que estão envolvidas no trabalho com as crianças em suas igrejas locais.

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