Em 2030 o UNICEF prevê que: 9 em cada 10 crianças, estarão vivendo em pobreza extrema na África ao sul do Saara. Tire um momento e ore por isso! (Fonte)

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A Rede Mãos Dadas dedica a partir de hoje, todas as sextas-feiras à intercessão pelas crianças que sofrem no mundo. A pobreza e a fome não são experiências apenas das crianças da África, veja abaixo o depoimento da Lahyssa Mariamma Agrelli do Nascimento – Recife (PE) da Diaconia, que ganhou o primeiro lugar num concurso de redação “Compaixão pelas Crianças com Fome”, realizado pela Rede Mãos Dadshutterstock_266507513 (2)as em 2006. Lahyssa refletiu de forma profunda sobre o que é ter fome.
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“Compaixão pelas Crianças com Fome”

Ninguém precisa ir muito longe para ver. Não importa se você mora na periferia ou no bairro mais chique. Não importa se você mora no nordeste do Brasil ou na periferia de Nova York.

Em toda parte vemos crianças com fome.

Da janela de sua casa ou do seu carro, você pode vê-las: olhos sem brilho, corpos frágeis, mãos estendidas e um choro preso na garganta.

Enquanto dormimos, estudamos, brincamos e vemos TV elas estão lá. Fazem tudo por um prato de comida: vendem seus corpos, a infância e os seus sonhos… e na nossa vida tão ” perfeita”, nunca paramos para pensar nisso ou perguntar porque.

É o fato de ignorar essas crianças que impede a gente de ter compaixão por elas, pois para ter compaixão de alguém a gente precisa enxergar esse alguém.

Às vezes evitamos pensar nisso e ignoramos a existência dessas crianças porque achamos que nada poderemos fazer por elas. E também porque, agindo assim, acreditamos que estamos afastando tristeza e sofrimento de nossos pensamentos.

Sempre achamos que, se a culpa não é nossa, não devemos nos preocupar.

Dizemos que o governo deveria resolver, que os adultos deveriam resolver, e nunca lembramos de perguntar o que nós poderíamos fazer.

Ter compaixão por uma criança que tem fome, não é só ver a criança e ter pena. Ter compaixão é se colocar no lugar dela e se comprometer em fazer algo para mudar isso. As vezes uma pequena coisa faz uma grande diferença.

Os governantes têm que fazer a parte deles, mas nós podemos também fazer a nossa. Existem muitos grupos que fazem um trabalho bonito, dando a essas crianças alimento, educação, saúde, brinquedos. Não existe só a fome de comida na vida dessas crianças…

Se a gente tiver coragem de deixar de lado aquele lanche caro, que a gente come na escola sem nem estar com fome (só porque a turma compra).

Se a gente deixar de comprar aquela roupa ou sapato, que a gente nem precisa mais comprar só porque é festa (são joão, natal, etc.)

Se nós conseguirmos juntar todos esses pequenos gestos e entregarmos a essas pessoas que trabalham com essas crianças o fruto dessas renúncias, estaremos ajudando a fazer a diferença.

Às vezes entulhamos nossos armários e guarda-roupas com coisas que não usamos. Esquecemos que aquele casaco que não cabe mais em nós, pode servir para aquecer alguém. E aquela boneca com a qual nem brincamos mais, pode fazer a alegria de uma criancinha.

Somos tão egoístas às vezes, que nem percebemos que, o que não serve para nós pode servir para alguém. Esquecemos também de que todo mundo por mais pobre que seja é capaz de ter algo para oferecer a outra pessoa.

Se não podemos doar dinheiro, comida, roupas, brinquedos, podemos doar o nosso tempo livre visitando e ajudando a esses grupos que trabalham com elas.

Muitas crianças, adolescentes e jovens já descobriram que podem ser úteis e ajudar outras pessoas através de uma ação chamada voluntariado.

Não é preciso ir muito longe para ajudar. Muitas vezes em nossas comunidades, bem pertinho de nós existem crianças que precisam desse tipo de compaixão, uma compaixão que não é pena, é compromisso.

Na comunidade do Morro da Conceição (Recife, PE) temos muitas crianças que ainda sofrem com fome e outras necessidades. Mas, temos também um grupo de pessoas que se comprometeram a mudar a vida dessas crianças.

Essas pessoas dão para as crianças do Morro não só comida, mas dão educação e a chance delas terem uma vida melhor no futuro. Eles ensinam que todo mundo tem direitos e deveres, não importa a idade. Eles ensinam o que é cidadania.

Essas pessoas fazem parte de um grupo chamado Projeto Crescendo no Morro. Nós crianças e adolescentes do Morro agradecemos a Deus todos os dias a oportunidade que tivemos e continuamos tendo em participar desse projeto. Se nós tivéssemos continuado nossas vidas isoladas, sem participar dele, nós jamais teríamos aprendido o verdadeiro significado da palavra compaixão.

Aprendemos também que a fome e a miséria são coisas tristes, mas que o mundo não tem que ser assim com está que nós temos o dever (e podemos) transformá-lo.

Se mais pessoas se comprometerem, se mais pessoas tiverem dentro de si esse tipo de compaixão teremos então um mundo mais bonito, porque todas as crianças poderão simplesmente sorrir e ser feliz e a fome de qualquer tipo vai ser coisa do passado. E assim o mundo será mais justo.

Lahyssa Mariamma Agrelli do Nascimento – Recife (PE)

Baixe o Relatório da Situação Mundial da Infância (Clique aqui!)

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