O porquê de nossa insistência na oração por crianças e adolescentes socialmente vulneráveis
Em 2016 cristãos ao redor do mundo se reunirão no primeiro fim de semana de junho, dias 3, 4 e 5, para juntos intercederem ao Pai pelas crianças e adolescentes que sofrem todo tipo de adversidade e que habitam todos os cantos do planeta. O primeiro Mutirão de Oração pelas Crianças Socialmente Vulneráveis aconteceu há 21 anos. Uma geração inteira nasceu e cresceu nestes 21 mutirões de oração! Será que nossas orações foram atendidas? Será que tiveram uma infância melhor, mais próxima do ideal de Deus para elas?
A Rede Mãos Dadas recebe poucos ecos dos grupos que se formam para orar pelas crianças durante os mutirões. Sabemos que uma menina em Campinas, SP, orou pedindo uma casa para sua família. Os irmãos daquela igreja ficaram curiosos e foram visitar a menina. Constataram com surpresa que ela e toda sua família viviam num terreno baldio. A igreja se organizou e hoje a menina tem uma casa! Ouvimos do grupo de adolescentes atendidos pelo Projeto Três Corações em São Paulo cuja oração foi respondida em 15 minutos, algo que muito impressionou aqueles meninos marcados pelos conflitos de rua e embates com a polícia. Ouvimos de uma criança raptada na fronteira do Brasil com o Uruguai que por meio da intercessão, foi resgatada. Ouvimos ecos de lugares distantes como a África e a Ásia na forma de relatos enviados a nós por nossa parceira nesta iniciativa, a Viva.
Mas a pergunta continua a incomodar. Será que a nossa intercessão fez diferença para esta geração? As crianças que nascerem em 2016 estarão entrando num mundo melhor do que o mundo no qual as crianças entraram há 21 anos? Em algumas áreas nós avançamos, em outras retrocedemos. Veja a avaliação dos últimos 25 anos da infância brasileira num relatório produzido pelo UNICEF em 2015. O fato é que milhões de crianças brasileiras entram num Brasil muito hostil para elas ainda hoje!
Então, porque insistir na intercessão?
1. Porque as crianças e adolescentes estão no rol dos “pequeninos” de Jesus. As crianças de hoje continuam vulneráveis tanto quanto as crianças de ontem! Enquanto houver disputa por poder, corrupção, guerras, ganância, ódio e desejo de vingança, egoísmo e a persistente cultura de idolatria do próprio eu, o mundo continuará a oprimir os seus pequeninos. Jesus, no entanto, foi muito claro: ele está sempre do lado dos pequeninos.
2. Porque as crianças são grandiosas! Grandes em sua origem pois foram tecidas pelas próprias mãos de Deus; grandes em mistério e transcendência pois só o Criador conhece todos os seus caminhos. Todas elas existem por determinação divina e os seus dias foram ordenados um a um. Quantos grandes homens e mulheres na história lidaram com situações adversas na infância? Entre as pessoas que deixaram um legado para o mundo no século XX estão algumas que se destacam porque sua contribuição aconteceu a despeito das adversidades enfrentadas na infância. Fazem parte deste rol pessoas como Albert Einstein, expulso da escola e, quem sabe, portador de uma forma então desconhecida de autismo; Martin Luther King, Jr., sujeito às leis Jim Crow que legitimavam o racismo muito presente no sul dos Estados Unidos no início do século; Helen Keller, deficiente visual e auditiva; Marie Curie, cientista polonesa que economicamente pobre e órfã de mãe, teve que trabalhar como babá e tutora de uma família abastada para custear os estudos da irmã que mais tarde, quando médica, retornou o favor custeando os seus.
3. Porque intercessão nos ajuda a alinhar nossas prioridades. Foi orando que Madre Teresa recebeu o direcionamento de se dedicar à cidade de Calcutá. Foi a comunicação de Jesus com seus discípulos que removeu o obstáculo colocado pelos discípulos para as crianças que queriam chegar até Jesus. Ousaríamos nós pensar que não agimos como os discípulos de Jesus? Podemos sim erigir montanhas, podemos ser as montanhas que precisam ser removidas! A oração nos alinha com o agir de Deus de modo que ao invés de ações desordenadas e desorientadas, estaremos disponíveis na hora certa, no momento exato em que ele precisar de nós para socorrer uma criança.
4. Porque intercessão é o lado prático da esperança. Quando oramos, tomamos posse da promessa de Jesus proferida ao se despedir dos seus seguidores: “Eu lhes disse essas coisas para que em mim vocês tenham paz. Neste mundo vocês terão aflições; contudo, tenham ânimo! Eu venci o mundo” Jo 16.33. Ao interceder, colocamos o problema de volta na mão daquele que quer, pode e vai resolvê-lo de uma vez por todas. Ao interceder anunciamos o dia em que a criança, o cordeiro e o leão andarão juntos e antevemos aquele tempo futuro no qual as “ruas da cidade ficarão cheias de meninos e meninas brincando”. Zc 8.5. Perto está o Senhor!