Por Terezinha Candieiro

“Porque um menino nos nasceu, um filho nos foi dado, e o governo está sobre os seus ombros. E ele será chamado Maravilhoso Conselheiro, Deus Poderoso, Pai Eterno, Príncipe da Paz”. Isaías 9.6

JesusQue maravilhosa promessa esta que lemos no livro de Isaías. Promessa que se cumpriu e precisa ser conhecida por todos os homens. O Natal nos traz à memória a mensagem do Deus que se esvaziou de Sua glória, tornando-se uma criança – o Deus-menino. Ele veio ao mundo para trazer paz aos homens de boa vontade.

Além de trazer a mensagem de salvação, o nascimento de Jesus, o Deus menino, resgata o valor e o reconhecimento dos pequeninos entre nós, pois o próprio Jesus nos diz: “Quem recebe uma destas crianças em meu nome está me recebendo” (Mateus 18.5).

Receber a uma criança é, portanto, receber a Jesus. E isso muda o “olhar” que direcionamos à criança e nos desafia a amá-la ainda mais, a valorizá-la, a protegê-la, a cuidar e a nutrir como alguém digno e muito importante para Deus Pai. Se assim não o fizermos, roubaremos dela o que de mais precioso Deus colocou em nós: um coração dependente do Pai.

Isso nos chama a atenção para o fato de que Jesus veio também para os pequeninos. Jesus foi enviado por Deus para trazer as boas novas aos pobres, aos necessitados, aos de coração dependentes e abertos para ouvir a mensagem de Deus, aos cegos, aos que estão cativos. Ele não vê limite de idade, mas a condição de um coração sincero e pronto que podem compreender as coisas do Reino. Muitas vezes as ações da igreja se direcionam apenas para a evangelização, o ensinamento, o discipulado dos adultos, não se preocupando seriamente em resgatar a criança para Jesus. Elas também precisam ouvir de Jesus, elas também precisam ser salvas, ser nutridas na fé e discipuladas. Jesus, em seu ministério, sempre deu atenção especial às crianças, nunca as rejeitou, nunca as marginalizou, ou as maltratou.

Jesus nasceu e cresceu: “E o menino ia crescendo em sabedoria, estatura e graça diante de Deus e dos homens” (Lucas 2.52). Ele foi criança como eu, como você. Jesus viveu e se submeteu a todas as fases do desenvolvimento humano por isso pode entender as crianças, os adolescentes, os jovens, os adultos e ouvir a voz dos que tem seu direito negado.

As crianças precisam ganhar visibilidade diante dos homens como têm diante de Deus. No Antigo Testamento as crianças eram vistas como participantes nos rituais de fé do povo de Israel. Deus frequentemente usa as crianças para fazer seu trabalho (veja Êxodo 2.4-9; I Samuel 3; II Crônicas 34.2; Salmo 22.9-10). Para os israelitas, não ter filhos era uma desgraça e, consequentemente ter filhos era equivalente a receber a benção de Deus.

Deus continua a utilizar o mesmo padrão quando envia Jesus para nascer como um menino e traz uma nova perspectiva para os tempos do Novo Testamento e para os dias de hoje.

No Novo Testamento podemos encontrar que a visão sobre criança se desenvolvia sob três perspectivas: a do judaísmo, dos gentios e de Jesus.

No Judaísmo as crianças eram vistas como continuidade da família. Na sociedade dos gentios embora os pais “amassem” seus filhos a educação de crianças era geralmente vista como “treinar um animal”.

Segundo estudiosos da Bíblia, a inclusão da narrativa do nascimento de Jesus em Mateus e em Lucas teve significativo impacto para o entendimento cristão com relação à infância. Ou seja, naqueles tempos era difícil associar a ideia de Jesus sendo criança ser completamente Deus e Homem ao mesmo tempo. As crianças não eram vistas ou consideradas como dignas. Porém Jesus trouxe um ensino revolucionário. Jesus tinha uma visão e abordagem diferentes daquela sociedade. Podemos constatar isto através de vários textos bíblicos Ele inclui a criança no Seu ministério, na sua comunidade e no Reino de Deus. (Marcos 5.21-24, 35-43, 9.14-29, 9;33-37, 10:13-16; Mateus 18;1-7, 18;13-15; Lucas 9.46-48, 18;15-17 e outros). As crianças eram e são muito importantes para Jesus.

Nos dias atuais as crianças, especialmente as que estão em situação de vulnerabilidade, estão invisíveis ou excluídas, ficando à margem da sociedade.

A mensagem do Natal é inclusiva e traz dignidade, valor e esperança para todas as crianças e para toda a humanidade, pois “quem não se converter e não se tornar como uma criança não entrará no Reino dos Céus”. Conhecendo a Jesus, valorizamos as crianças. Valorizando as crianças, aceitamos o Deus menino que veio habitar entre nós.

 

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Terezinha Candieiro, missionária e coordenadora do PEPE Internacional da Junta de Missões Mundiais.

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