Meu pai, meu herói!
Em 2007, a Rede Mãos Dadas teve o privilégio de conhecer uma história de esperança emocionante contada por Teresa Cristina Belchior Santos. Ela conta como foi a vida de seu pai e como o Senhor transformou os seus momentos difíceis em momentos de alegria, fruto de muita luta e de sonhos. É sempre bom lembrarmos que estamos em tempo de preparação para a páscoa, que é um tempo de meditação, de transformação, tempo de voltar para o caminho do Senhor que as vezes nos desviamos, tempo de lembrarmos que Cristo existe em nós. Hoje aos 80 anos o senhor Nelsino continua um homem ativo, alegre e vive feliz ao lado de sua esposa Elazir.
Meu pai, Nelsino Belchior dos Santos, não entende porque eu quis escrever sua história. Disse-lhe simplesmente que, se ela serve de inspiração para mim, com certeza abençoará outros.
A vida não foi nada fácil para ele. O 16º em dezenove filhos não conviveu muito tempo com os pais (aos 3 anos perdeu o pai; aos 8, a mãe). Morava em uma fazenda, num distrito de Trajano de Moraes, no interior do estado do Rio de Janeiro. Tempo depois da morte da minha avó, ele e um irmão menor foram viver com um irmão mais velho. Mas as condições de vida eram muito precárias: trabalhava muito e não tinha tempo para a escola.
Outros irmãos já haviam se mudado para Niterói e resolveram levar os dois pequenos para lá. Meu pai passou a freqüentar a escola, mas continuou sendo obrigado a trabalhar. Tornou-se o empregado doméstico de uma casa de família, serviço pesado para sua idade. Mas o pior de tudo era o preconceito…
O sonho de ser cantor
Aos 10 anos de idade uma experiência simples transformou para sempre sua visão de mundo e de futuro: foi ao cinema. Ficou deslumbrado com o musical que viu ali. Daí por diante o sonho de ser cantor não o largava.
Contou para sua patroa. “Estudar música? Você está brincando. Música é só para gente rica!”, disse ela. Mas houve uma outra família em sua adolescência que o incentivou, o adotou como afilhado e nutriu por ele uma amizade que dura até hoje. Foi a família do Almirante Gustavo Gurgulino de Souza.
A vida para meu pai era de avanços e retrocessos. Conseguiu uma bolsa no conservatório, mas foi logo obrigado a parar os estudos. Alguns anos depois, um amigo, Gilberto Menezes de Andrade, levou-o ao Rio de Janeiro para procurar o tenor Reis e Silva, um renomado cantor. Este se recusou a aceitá-lo como aluno. Mas meu pai não aceitou o “não”. Insistiu, ficou parado do lado de fora da sala de aula do tenor o dia todo. E ele acabou cedendo. Meu pai pagava as aulas com muito sacrifício.
Daí para frente, a história revela alguém que está disposto a lutar: formou-se em canto e licenciatura musical, e ainda fez o curso de serviço social. Trabalhou por alguns anos na Fundação Nacional do Bem-Estar do Menor.
Mas continuava sonhando em ser cantor… Resolveu participar do concurso para ingressar no coro do Teatro Municipal do Rio de Janeiro. Alcançou o primeiro lugar do naipe dos barítonos, e lá ficou por trinta anos.
Novos sonhos
Meu pai se casou com a pianista e colega Elazir Assumpção. Aí viemos nós: dois meninos, hoje coronéis do Corpo de Bombeiros, e eu, missionária e assistente social.
O evangelho entrou em nossa família após onze anos de casamento. Meu pai sentiu o chamado para estudar teologia, tornou-se pastor e fundou duas igrejas.
Hoje, com 74 anos, aposentado, avô de cinco netos, pastor auxiliar da Igreja Batista, ele continua trabalhando como músico e cantando ao lado da minha mãe. Mas com novos sonhos: está preparando o repertório para um CD de músicas folclóricas brasileiras, porque quer ensinar a nova geração a valorizar a cultura musical de nossa terra.
Teresa Cristina Belchior Santos é uma das fundadoras da Rede Viva (RJ), instituição que reúne organizações sociais evangélicas no trabalho com crianças. Atualmente trabalha para o CADI Brasil.
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Publicado originalmente na Revista Mãos Dadas, Edição 18, em novembro de 2007.
Henrique Rossi Roseiro
Um prazer para mim poder conhecer pessoalmente o “Seu Belchior” através de sua filha, hoje amiga e companheira de CADI, Teresa.
Deus abençoe essa família maravilhosa.
elsie
Prezado Henrique, bom dia!
Muito bom receber o seu contato.
Realmente você tem sorte. Conhecer o senhor Belchior deve ser uma dádiva do senhor.
Que Deus continue abençoando você também!
Renato Andrade
Boa tarde de Paz para todos!
Foi uma honra recebe-los em minha casa. Um homem de Deus, Uma mulher de Deus… Guerreiros e vencedores no Senhor! Tenho orgulho de tê-los como amigos! Que a graça do Pai se estenda a todos.
elsie
Querido Renato, boa tarde!
A Rede Mãos Dadas agradece o seu carinho! Que Deus continue abençoando a sua família.
Um forte abraço de toda a nossa equipe.
Eliseu Lucas
Olá Teresa Cristina. Sou o Eliseu Lucas, pastor e professor de História. Sou casado com a Ester Pacheco, irmã dá Rosicler e Débora, lá da IBCA. Fui membro da I.B.C Colégio e amigo de seus pais. Sua mãe tocava o piano e ele regia o “coral” da Igreja, em 1979. Fico feliz em saber notícias, embora publicada há tempos. Tenho saudades de todos. Mande meu abraço aos pais, aos dois “meninos”, agora coronéis e um abraço nosso pra você também.
elsie
Querido Eliseu, boa tarde!
Encaminhamos o seu comentário por e-mail para a Teresa. Esperamos ter ajudado.
Que Deus possa abençoar você e sua família.
Marcia Espíndola Santos
Orgulho dizer que sou sobrinha “emprestada” (o sobrinho é o meu marido, Elias) dessa pessoa não apenas lutadora, mas amorosa, que sempre acompanhou e acompanha seus familiares, juntamente com sua esposa.
elsie
Oi Márcia! Que bom receber seu comentário! Que bom que gostou de ler essa história. Forte abraço e volte sempre!
Jefferson Castilho Teixeira
Olá, boa tarde.
Eu cresci ao lado dessa linda família. Eles fizeram parte da minha infância e de toda minha família também.
Gostaria de saber como anda o Pr Nelsino Belchior, bem como sua esposa e família. Muitos tempo sem contato deles e consegui achar alguma informação deles através de vcs.
Obrigado e abraço a todos.
elsie
Oi Jefferson! Tudo bem? Que bom que você entrou em contato. Enviamos um e-mail pra você, assim podemos conversar melhor. Verifique, por favor. Abraços!