Fale educadora: toda criança tem direito a brincar
Janaína Lima é missionária com formação em missiologia pelo CEM (Centro Evangélico de Missões), estudante de pedagogia, ligada à Rede Mãos que Ajudam e colaboradora da equipe de mobilização da Campanha Bola na Rede em Recife. Recentemente nos concedeu esta entrevista sobre uma ideia que está dando certo e que é fruto do trabalho em rede com apoio de várias pessoas e instituições. A primeira brinquedoteca instalada pelo Projeto “Direito de Ser Criança” foi uma ação em parceria com a Missão Sal da Terra, em Caiçarinha da Penha que fica a 406 Km da cidade de Recife.
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A partir de que data você descobriu que queria ter um ministério especial voltado para crianças?
Dizer uma data para esse descobrimento é praticamente impossível, pois desde que me entendo de gente sempre trabalhei com crianças, lembro-me quando tinha uns 8 ou 9 anos e já ajudava minha professora na escola dominical, logo depois já estava como auxiliar de tia Nancy, aí já contava historias, preparava tarefas, distribuía o lanche e brincava com as crianças, era muito divertido e prazeroso.
Em minha casa também tive um exemplo muito forte. Minha mãe tinha um ministério de evangelismo com crianças e foi quem primeiro me levou às comunidades carentes para evangelizar de casa em casa. A princípio era muito difícil, pois sentia ciúmes, mas com o decorrer do tempo, eu me sentia parte da vida e da história de cada uma daquelas crianças.
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De lá pra cá, conte-nos um pouco sobre sua trajetória.
Posso falar que minha trajetória ministerial iniciou quando terminei um curso básico de teologia e determinei em meu coração que iria trabalhar de tempo integral em missões, foi quando tive uns sonhos e me via de mãos dadas com crianças tentando protegê-las de homens maus dentro das favelas. A partir daí as portas se abriram, conheci alguns projetos sociais e me voluntariei para o trabalho com crianças em três comunidades na cidade de Recife.
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Como surgiu a vontade/ideia de criar a brinquedoteca?
A ideia de criar brinquedotecas surgiu a partir de uma aula de ludicidade quando a professora Ana Paula nos incentivou a montar uma brinquedoteca na faculdade e depois levarmos parte do material para alguma instituição. Lancei então a proposta de levarmos para o sertão, pois conhecendo a dura realidade da criança sertaneja entendi que seria muito relevante montar um espaço com cara de criança para os pequeninos. Conversei com o Jorge e Aldenice (missionários do Sal da Terra em Caiçarinha da Penha) e lancei a proposta de levar a montagem da brinquedoteca para Caiçarinha da Penha. Por ser um povoado que já fazia parte de minha história no sertão, perguntei ao pessoal lá se tinham interesse e como a resposta foi positiva e recebida com muito entusiasmo, juntei as doações dos alunos da faculdade, busquei mais doações e organizei o acervo para a primeira montagem. Levei minha igreja local e fizemos a festa. Montamos o projeto, participamos das atividades da igreja de lá e realizamos um dia inteiro de brincadeiras com as crianças
Alguns missionários que visitaram Caiçarinha da Penha ficaram tão alegres com o espaço, que pediram a montagem em suas comunidades, assim surgiu o Projeto “Direito de Ser Criança”
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Quantas crianças são atendidas pelo projeto?
O projeto visa atender todas as crianças que circulam no povoado, estejam na comunidade ou nos sítios ao redor.
Esse atendimento, no entanto, depende do interesse dos educadores da escola local, dos missionários e dos familiares, pois são eles que farão a agenda de utilização do espaço junto aos missionários locais.
O espaço da brinquedoteca é composto de cinco cantinhos: Leitura, Arte, Jogos, Música e Casinha, cada canto tem um acervo específico e destinado a contribuir com o brincar e o aprender brincando, tudo isso com o desejo de fortalecer o desenvolvimento integral da criança.
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Qual o maior desafio que você encontrou?
Após a montagem, o maior desafio tem sido o agendamento de alguns pais e professores, pois as crianças querem o espaço, pedem para ir, mas nem todos se aliam a essa proposta e agendam sua turma ou levam seus filhos.
Outro desafio é o fato de estar longe do povoado e não poder acompanhar mais de perto o projeto, estou aguardando a oportunidade de retornar para fortalecer a importância do uso do espaço para a vida das crianças e também para realizar alguns treinamentos para os professores locais, enquanto isso, ligo, converso, troco ideias e oro para que Deus os oriente e fortaleça na prática do cuidado e da proteção dos pequeninos.
Esse é um pedido de oração!
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Conte-nos a importância do trabalho em rede no seu trabalho.
Acredito que sem o trabalho em rede o projeto não poderia acontecer, pois desde o primeiro momento, do sonhar ao executar, vários parceiros se envolveram. Minha turma da faculdade, minha igreja local, o Sal da Terra, o Voz na Rua, a Rede Mãos que Ajudam, minha família e muitas outras pessoas contribuíram de alguma forma. Louvo a Deus pelas parcerias, apoio, incentivo e orações recebidas.
Hoje estamos às vésperas de montar mais uma brinquedoteca, desta vez numa comunidade quilombola no sertão de Alagoas, o missionário Edvaldo (também vinculado ao Sal da Terra) está bem animado e nosso maior desejo é que Alto de Negras vivencie cada vez mais da graça de nosso Deus que tem prazer em cuidar dos seus pequeninos.
“Todas as vezes que fizeste isto a um destes meus irmãos mais pequeninos, foi a mim mesmo que o fizeste” (Mt 25,40)
Bebeto Araújo
Jana!
Louvado seja o nome do SENHOR por sua vida, disposição e entrega pela vida daqueles que foram colocados pelo MESTRE como modelo e referência para quem deseja entrar no Reino: as crianças!