Direito de ser ouvida: dicas para pais, mães e responsáveis…
Entre os direitos preconizados pela Convenção dos Direitos da Criança de 1999, está o “direito de se expressar livremente” que só pode ser garantido para aquelas crianças que convivem com pessoas dispostas a ouvi-las. Ouvir uma criança, no entanto, não é tarefa tão simples como parece, especialmente para nós, pais e mães acometidos pela síndrome moderna do déficit de atenção por excesso de afazeres (*).
Adele Faber é norte americana, especialista em comunicação entre adultos e crianças e escritora de vários livros dedicados à educação de filhos sendo ela mesma mãe de três. É conhecida pela frase “Eu fui uma excelente mãe antes de ter meus filhos.” No seu livro “How to talk, so kids will listen, and listen so kids will talk”, ela nos revela várias dicas para melhorarmos nossa escuta e consequentemente o clima em nossos lares.
Algumas dicas:
Entre várias estão as seguintes sugestões:
- Ouça de verdade, prestando atenção. Compare os dois cartoons!
- Faça questão de mostrar que você está ouvindo com uma palavrinha ou meneio da cabeça. Ninguém gosta de falar com uma múmia!
- Dê um nome aos sentimentos da criança: tristeza, alegria, frustração, raiva, medo, etc. Com uma boa escuta você pode ajudar seu filho ou filha a compreender melhor e até a expressar mais claramente seu próprios sentimentos. Mas cuidado, ao fazer isto é importante perceber que você está interpretando o comportamento da criança. Sendo assim, dê a ela a chance de lhe corrigir. “Não pai, eu não estou triste, estou é com muita raiva!”.
- Dê à criança o que ela deseja em forma de fantasia. Ao invés de confronto─“Você sabe que isto é impossível, filho!”─ajude-o a sonhar em voz alta com coisas que ele sabe instintivamente que são de fato impossíveis. “É, seria maravilhoso se fosse possível a gente ir nadar agora! Já pensou como seria legal nadar no meio de uma tempestade…” A permissão para imaginar está dada e o “não” está implícito ainda que mais brando. É possível para uma criança ter tanto prazer em imaginar algo como o teria se fosse possível realizar a fantasia de fato.
Alguns perigos:
A autora também alerta para alguns perigos na comunicação com as crianças:
- As crianças geralmente não gostam que você repita as mesmas palavras que elas falaram para você. Mostre que você entendeu com as suas próprias palavras.
- Há algumas crianças que preferem não conversar quando estão chateadas. Para elas o que vai valer é a sua presença e não as suas palavras.
- Algumas crianças ficam muito irritadas quando elas experimentam emoções muito fortes e os pais dão a resposta certa mas de forma muito seca.
- Também não funciona muito bem quando os pais ficam mais emocionados com a situação do que a própria criança.
- Nunca repita nomes (Sou uma idiota!) que a criança dá a si mesma de volta para ela.
Vejo que estes conselhos são válidos para qualquer pai, mãe, avô, avó, tio, tia, independente do contexto sócio-econômico ou cultural das famílias. Estas dicas não exigem de nós nada além da vontade de acertar na tarefa que nos foi confiada por Deus de educar nossos filhos no caminho em que devem andar! Provérbios 22:6
Para educadores:
Criei uma apostila para reuniões com pais, mães ou responsáveis com este assunto. É um material dinâmico que dá para trabalhar em 2, 3 ou 4 reuniões (dependendo da duração de cada reunião) em linguagem bem acessível, ideal para encontros de pais e mães em projetos sociais. Para obter uma cópia eletrônica desta apostila entre em contato conosco pelo e-mail: cartas@maosdadas.org.
Boa escuta!
Elsie B. C. Gilbert
(*)Não precisa procurar este termo no Google porque eu acabei de inventá-lo!