Provocações pós-COMIBAM 2025

 

Por Fernando Freitas

 

O V Congresso COMIBAM 2025, realizado na Cidade do Panamá nos dias 22 a 25 de abril, foi mais do que um evento marcante. Foi um ponto de inflexão para a igreja ibero-americana. Em meio às profundas transformações do nosso tempo – culturais, sociais, espirituais e tecnológicas –, o congresso soou como um chamado coletivo ao discernimento e à ação. A mensagem foi direta e contundente, começando com slogam do evento: “La Misma Missión para una Iglesia en Movimiento” (A Mesma Missão para uma Igreja em Movimento).  Ou seja, o propósito da missão permanece, mas a igreja está em movimento – e precisa responder com  agilidade, coragem e fidelidade ao que Deus está fazendo hoje entre os povos.

O mundo mudou, e a dinâmica da missão também. A mobilidade humana, os fluxos migratórios, os refugiados, os deslocamentos forçados, as fronteiras fluidas e as redes de conexão global não são exceções nem margens do trabalho missionário – são o novo campo. São, inclusive, uma das maiores oportunidades que a igreja tem diante de si neste século. A diáspora não é um desafio a ser contornado, mas uma chave estratégica para a expansão do Reino. Pessoas de diversas origens estão se deslocando, vivendo fora de suas pátrias, buscando pertencimento, identidade, acolhimento. O campo missionário vem até nós – e a pergunta que fica é: a igreja está preparada para recebê-lo com graça, visão e compromisso?

O COMIBAM nos levou a reconhecer que ignorar esse cenário é desperdiçar uma oportunidade histórica. Continuar pensando em missão apenas em categorias geográficas tradicionais é não perceber que Deus está escrevendo novas rotas e cruzando caminhos que antes pareciam impossíveis. A igreja que deseja ser relevante precisa ajustar sua rota, seus métodos e sua escuta.

Ouvindo as novas gerações

Ao mesmo tempo, uma das provocações mais profundas do congresso ecoou da nova geração – que deve sair da condição de mera participante e ser protagonista. São jovens que já lideram, já sonham, já servem – e que não querem apenas ser ouvidos, mas também fazer parte das decisões. São pessoas que pensam diferente dos mais velhos, que se comunicam em outros códigos, que se movem por causas, que vivem a fé de forma intensa e relacional. E eles não pedem permissão –se posicionam com ousadia e fé (1 Tm 4.12-14).

A escuta intergeracional deixou de ser um gesto de boa vontade. Tornou-se uma atitude missional inegociável. A missão do século 21 não pode ser pensada sem a colaboração direta entre gerações. Os mais experientes trazem sabedoria, história e fundamentos; os mais jovens trazem inovação, sensibilidade cultural e novas linguagens. Quando essas forças se unem, a missão ganha força e relevância.

Intencional, contextualizada e colaborativa

O V COMIBAM nos confrontou com essa urgência: a missão precisa ser intencional, contextualizada e colaborativa, transformando estruturas e modelos, alguns deles pesados e desatualizados. Chegou o tempo de avançarmos do discurso de mudança para o novo. A igreja precisa se mover com leveza, discernimento e mais abertura ao Espírito Santo, que continua nos surpreendendo com Seus caminhos.

Essa é a hora. O Reino está em movimento. E nós, como igreja brasileira, precisamos assumir nossa parte com seriedade, disposição e visão. O tempo de observar já passou. É tempo de caminhar, servir, enviar e acolher com os olhos atentos ao mundo, os ouvidos atentos às novas gerações e o coração totalmente entregue à missão de Deus.

 

 

 

 

  • Fernando Freitas é pastor ordenado há 41 anos, professor de Teologia de Missões. Foi missionário na África por 16 anos. Desde 2010, reside nos Estados Unidos, onde lidera o Ministério Escolhas, oferecendo cuidado emocional a missionários, pastores e suas famílias. É membro da American Association of Christian Counselors (AACC). Fernando foi um dos brasileiros participantes presencialmente no Congresso Lausanne 4, em Seul, Coreia do Sul, em 2024.

 

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