Crucificar o eu
Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, tome a sua cruz e siga-me. (Mateus 16.24)
Para seguir a Cristo, devemos não somente abandonar alguns pecados específicos, como também renunciar aos nossos desejos egoístas, que se encontram na raiz de todos os nossos pecados. Seguir a Cristo é entregar a ele os direitos sobre a nossa própria vida. É também abdicar ao trono do nosso coração e reverenciá-lo como nosso Rei. Jesus descreve vividamente, em três frases, essa renúncia.
Negue-se a si mesmo: “Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue”. Esse mesmo verbo foi usado quando Pedro negou ao Senhor no pátio do palácio do sumo sacerdote. Devemos repudiar a nós mesmos da mesma forma como Pedro repudiou a Cristo quando disse, “Não conheço tal homem”. Não se trata de parar de comer doces ou de fumar definitivamente ou por um período de abstinência voluntária. A questão não é negar algumas coisas a si mesmo, mas negar a si mesmo. É dizer não ao eu e sim a Cristo; repudiar o eu e reconhecer a Cristo como Senhor de nossas vidas.
Tome a sua cruz: “Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, tome a sua cruz e siga-me”. Se vivêssemos na Palestina, na época de Jesus, e víssemos um homem carregando uma cruz, nós saberíamos imediatamente tratar-se de um condenado à penalidade máxima, pois a Palestina era um país ocupado, e era assim que os romanos castigavam seus condenados. O professor H. B. Swete escreve em seu comentário sobre o evangelho de Marcos, que tomar a cruz é “colocar-se na posição de um homem condenado, a caminho de sua execução”. Em outras palavras, tomar a cruz é crucificar o eu. Paulo usa essa mesma metáfora quando declara que, “Os que são de Cristo Jesus crucificaram a carne [isto é, nossa natureza corrupta] com as suas paixões e concupiscências”.
Na versão de Lucas dessas palavras de Cristo, a expressão “dia a dia” é acrescentada. Isto significa que o cristão deve morrer diariamente. Todos os dias ele renuncia à soberania de sua própria vontade. Todos os dias ele renova a sua entrega incondicional a Jesus Cristo.
Perder a sua vida. A terceira expressão usada por Jesus para descrever a renúncia ao eu é perder a vida: “Quem quiser salvar a sua vida, perdê-la-á; quem perder a vida por minha causa, esse a salvará”. A palavra “vida” aqui não denota a existência física, nem a alma, mas o nosso eu. A psique é o ego, a personalidade humana, que pensa, sente, planeja e escolhe. De acordo com um ditado semelhante preservado por Lucas, Jesus simplesmente usou o pronome reflexivo para falar sobre o homem perder “a si mesmo”. O homem que assume um compromisso com Cristo perde a si mesmo. Isso não significa que ele perde a sua individualidade. A sua vontade é, de fato, submetida à vontade de Cristo, mas a sua personalidade não é absorvida pela personalidade de Cristo. Ao contrário, quando o cristão se perde, ele encontra a si mesmo e descobre a sua verdadeira identidade.
Assim, para seguir a Cristo, temos que negar a nós mesmos, crucificar a nós mesmos e perder a nós mesmos. Isso é o que Jesus requer de cada um de seus seguidores. Ele não nos chama para segui-lo de forma displicente, mas através de um compromisso forte e absoluto. Ele nos chama para que façamos dele o Senhor de nossas vidas.
Trecho extraído do livro Cristianismo Básico. Ultimato, 2014.
anthony
this is the better words in my life. Thank you! Good Bye.
Orlando José Mendes Diniz
Muito boa essa reflexão. Obrigado
Dani
Maravilhoso!Obrigada.
Aldice Gonçalves
Obrigado são maravilhosas palavras 🙏🙏