Preciso parar de trabalhar?

SÉRIE |
Conversando Sobre o Futuro – a vocação continua  |  Estudo 2

Texto básico: Nn 8.23-26

Textos de apoio
– Js 1.1-7
– 1Rs 19.15-16
– 1Sm 3.1-10
– Jo 19.25-26
– Lc 2.36-38
– Mt 28.18-20

Introdução

A aposentadoria, como a conhecemos hoje, não é relatada na Bíblia. O primeiro país a criar um plano de aposentadoria foi a França em 1673. Desde sua concepção, a aposentadoria vem incorporando beneficiários e benefícios, sendo necessários ajustes ao longo do tempo, para que continue funcionando minimamente bem.

A primeira proposta de aposentadoria chegou ao Brasil em 1923. Em 1934, Vargas a ampliou e fortificou. Em 1966, foi criando o FUNRURAL, FGTS e o INPS. Já em 1988, foi agregada a função de Seguridade Social. Em 1999, criou-se o fator previdenciário. Em 2017, foram feitos ajustes nos cálculos dos benefícios e, em 2019, criou-se o Regime de Capitalização. Sugiro um estudo a parte sobre o sistema previdenciário brasileiro para melhor entendê-lo e utilizá-lo.

Se por um lado a previdência trouxe benefícios, por outro evidenciou alguns perigos, especialmente aqueles relacionados à aposentadoria, por esta vir acompanhada de perda do poder aquisitivo, status, referências, amizades, rotinas, objetivos, metas, etc.

A Bíblia relata pessoas trabalhando até à morte. Trabalho e vocação estão interligados no contexto bíblico. Por outro lado, encontramos nos textos bíblicos vários exemplos de sucessão, quando outra pessoa dá continuidade ao ministério realizado por uma pessoa idosa. Preparar o caminho para o sucessor é uma atitude cristã. Estar preparado para ser substituído é reconhecer nossa finitude e limitação.

É libertador entender que o trabalho realizado na empresa, na ONG, na universidade, na igreja ou em qualquer outro lugar é mais duradouro que nós mesmos. Vai além. De nós é requerido a fidelidade ao nosso chamado e responsabilidade com o dons recebidos. É preciso discernir o momento e a forma de passar o bastão à frente, e seguir nosso caminho.

Para entender o que a Bíblia fala em Números 8.23-26

1) Você sabe quais eram as atividades destinadas aos levitas no velho testamento? Faça uma pesquisa bíblica e liste-as.

2) Qual era o “tempo de serviço” previsto para um levita (Nm 8.24-25)?

3) Porque será que somente para os levitas havia um limite prescrito para uma “aposentadoria”(Nm 1.50-53; 1Cr 23.24-32)?

4) Como entender a importância da atividade do levita após sua “aposentadoria” (Nm 8.26)?

5) Tente harmonizar os conceitos de vocação, trabalho e finitude. Como estes conceitos se aplicam a um trabalhador do século 21?

Hora de Avançar

A “fonte da eterna juventude” pertence à ordem das fantasias
criadas pelo homem para ocultar a realidade.
Paul Tournier

Para pensar

Uma vida adulta que se resume em encontrar um bom emprego, casar, comprar uma casa, ter filhos, juntar dinheiro e viver focado em si após a aposentadoria, é vazia de significado.

Após a aposentadoria normalmente teremos mais 20 a 25 anos de vida. Atualmente, graças aos avanços da medicina, consegue-se prevenir muitas doenças e corrigir várias limitações que normalmente acometem as pessoas idosas. Ou seja, temos a oportunidade de começar uma fase de ouro, com nossa missão de pai ou mãe cumprida, livre de diversas obrigações, e com muito tempo e oportunidades pela frente.

Há aproximadamente 30 anos, o imaginário do aposentado era aquele que vestia um pijama para ver a vida passar ou jogar dominó na praça. Ao contrário, é tempo de fazer os ajustes necessários, encontrar o melhor ritmo de vida que se adequa à sua realidade, e iniciar uma nova caminhada. Ir à frente, com toda experiência acumulada, ser útil sabendo que servir a Deus é a melhor forma de viver a vida.

O que disseram

“Claro, meu amigo, chegou a hora em que tive que me aposentar de vez. Já tinha, fazia tempo, idade para tanto. Mas quando minhas limitações físicas crescentes se aliaram à minha perda de relevância no meu metier profissional, pendurei as chuteiras de vez. … Graças a Deus, existe uma área de nossa vida na qual podemos continuar na ativa. É o trabalho que fazemos para o Reino de Deus.” (Thomas Hahn, 79 anos, em Experiência e Esperança na Velhice, Editora Ultimato, 2015).

“Todo trabalho bem feito pode ser trabalho de Deus e permanecerá para além deste mundo, não por causa de seu caráter religioso, mas porque está ligado ao reino de Deus, aos propósitos de Deus e ao próprio Deus.” (R. Paul Stevens, A espiritualidade na prática).

Para responder

  • O que lhe vem à mente quando você pensa em aposentadoria?
  • Você percebe que pode continuar servindo no meio em que vive, e ao mesmo tempo desfrutando dos benefícios de uma aposentadoria?
  • Quais os principais desafios que você imagina que terá que vencer após se aposentar?

Eu e Deus

Vejo que a aposentadoria é um privilégio e uma oportunidade. Posso parar ou desacelerar minha carreira profissional, porém a vida continua. Há várias maneiras de viver após a aposentadoria, porém é fundamental que elas estejam em harmonia com a direção que Deus tem dado para minha vida.

Pai amado: “faz-me viver de acordo com os teus mandamentos, porque com eles me sinto bem feliz!”. Sl 119.35, versão O Livro.

Autor: Marcelo Barreto

Leia mais:

» Nossa identidade, nossa vocação, Ricardo Barbosa
» Viver a vocação valida a vida, Christian Gillis
» Como descobrir a vocação?, Analzira Nascimento
» Trabalho, Descanso e Dinheiro, Timóteo Carriker
» Experiência e esperança na velhice, revista Ultimato, edição 356
» É Preciso Saber Envelhecer, Paul Tournier

Print Friendly, PDF & Email

Tags:

Nenhum comentário ainda.

Deixe um comentário