Esposas em angústia

ESPOSAS EM ANGÚSTIA

Texto Básico: 1 Pedro 3.1-6

Leitura diária
D – Ef 5.22 – Seja uma mulher submissa
S – 1Co 7.12-16, 39 – Seja uma mulher fiel
T – 1Tm 2.9-10 – Seja uma mulher piedosa
Q – Pv 14.1 –  Seja uma mulher sábia
Q – Pv 31.29-31 – Seja uma mulher virtuosa
S – 1Sm 1.9-18 – Seja uma mulher de oração
S – 1Pe 3.5-6 – Seja uma mulher crente

 

Introdução

Assim como nos dias de Pedro, hoje, muitas mulheres cristãs são casadas com maridos descrentes. Muitas dessas mulheres se converteram depois de já estarem casadas. Infelizmente, há pessoas que incentivam o divórcio nestes casos. O fato de a mulher servir ao Senhor Jesus pode gerar alguns conflitos dentro do lar. A mulher cristã não poderá mais participar dos atos pecaminosos do marido, como mentiras ou imoralidades. O que fazer então? Quais são as recomendações bíblicas para as mulheres cristãs casadas com descrentes?

I. Mulheres crentes casadas com descrentes

A. A mulher na antiguidade
No primeiro século, a situação da mulher em geral era bem diferente da posição que ela desfruta nas modernas sociedades ocidentais. Ela não tinha alguns direitos básicos, não possuía existência independente do seu marido; não podia tomar decisões próprias; vivia debaixo dos caprichos do pai, quando era solteira, e, depois, dos caprichos do marido, quando se casava. Pai e marido tinham direito de vida e morte sobre a mulher. O marido podia abandonar (divorciar-se) sua mulher a qualquer momento e por qualquer motivo. Se uma mulher não cozinhasse bem, por exemplo, poderia ser mandada embora de casa. A educação das mulheres se limitava às prendas domésticas: lavar, costurar, cozinhar e cuidar dos filhos. Casar-se era uma necessidade para sobreviver. Quando maltratadas, não recebiam quase nenhum apoio. As mulheres eram consideradas, praticamente, como objetos do marido.

Catão, famoso político romano daquela época, disse o seguinte: “quem apanhar a sua mulher cometendo adultério pode matá-la que nada lhe acontecerá”. Ele deu carta branca para os romanos assassinarem as suas mulheres se elas fossem infiéis aos seus maridos. Mas se o homem fosse infiel, nada era feito. Era nesse tipo de ambiente que viviam as mulheres cristãs quando Pedro escreveu sua primeira carta.

B. As esposas cristãs
O que representava para uma mulher casada se tornar cristã, no contexto descrito? A sua situação poderia se tornar extremamente complicada. As religiões dos gregos e romanos daquela época eram essencialmente idólatras e pagãs. Havia o culto ao imperador, as religiões de mistério e a religião tradicional dos gregos. O paganismo e a idolatria em geral eram a religião de todos eles. Quando uma mulher cria em Jesus Cristo e se tornar cristã, isso implicava abandonar a religião do marido, o que representava uma afronta à autoridade dele. Ela não podia fazer isso sem a permissão dele. As mulheres tinham de seguir a religião do marido. Uma mulher casada que desejasse se tornar cristã tinha que saber que estava correndo o risco de ser espancada pelo marido, ser expulsa de casa, ou até mesmo ser morta por ele. Sem cair na generalização, casos deste tipo eram muito frequentes naquela época.

Apesar de todo o possível sofrimento que pudessem enfrentar e do risco de morte, é fato que milhares de mulheres daquela época se tornaram cristãs. A situação delas era muito delicada, especialmente quando o marido não aprovava a mudança de religião ou não queria acompanhá-las na nova fé. Considerando essa delicada situação, talvez seja por isso que o apóstolo Pedro deu seis vezes mais espaço para falar às mulheres em nosso texto básico do que aos homens. Aos homens eles dedica somente um versículo (1Pe 3.7), mas para as mulheres dedica seis (1Pe 3.1-6).

 

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II. O que as mulheres cristãs não deveriam fazer

A. Não deveriam se divorciar
Pedro não diz que aquelas mulheres deviam se separar de seus maridos. É importante salientar isso. Mas sempre existiram correntes dentro do cristianismo defendendo que mulheres cristãs casadas com maridos descrentes deveriam se separar para melhor servir a Deus, para se dedicar integralmente a Jesus Cristo e à sua igreja. O marido descrente é visto como um empecilho, um obstáculo à fé da esposa. Contudo, o casamento jamais pode ser dissolvido em nome de uma maior dedicação a Deus ou em nome de uma espiritualidade.

Aparentemente, desde cedo, na história da igreja, mulheres cristãs tiveram questões de consciência relacionadas à permanência ao lado de um marido descrente. O apóstolo Paulo tratou de um problema assim. Algumas mulheres da igreja de Corinto desejavam saber se podiam abandonar os maridos descrentes para se dedicar mais ao Senhor (cf. 1Co 7.12-16). Podemos entender que essa era uma questão aguda e generalizada nas igrejas. As respostas de Paulo e de Pedro são semelhantes em muitos aspectos. Para os dois apóstolos, a conversão de um cônjuge a Cristo não é motivo para dissolver o casamento. A parte crente deveria permanecer fiel, firme e se conduzir de tal modo a levar o cônjuge à fé no Senhor Jesus.

Na perspectiva bíblica, o casamento é uma ordenança de Deus para a humanidade em geral. Quando Deus criou o homem e a mulher e determinou que eles vivessem juntos, o pecado ainda não havia entrado no mundo. O fato de que alguns se tornaram cristãos depois de casados não quer dizer que podem acabar com o casamento, como se a vocação cristã fosse maior que a ordenança matrimonial. Pelo contrário, é o cristianismo que vai nos dar força e graça para tornar o casamento melhor. Para a esposa cristã, o divórcio não é o caminho de Deus, mesmo que o seja para a sociedade em geral.

B. Não deveriam se revoltar
Note que no texto básico Pedro não diz para aquelas mulheres: “abandonem os seus maridos, vivam o evangelho, sejam felizes e comecem uma vida nova”. Não! Ele também não aconselha as mulheres a se revoltarem contra seus maridos. E o que é ainda mais interessante, Pedro nem mesmo diz àquelas mulheres para que tentem converter o marido ao cristianismo por força de palavras e discussão. É verdade que todas as mulheres crentes gostariam de ver seus maridos convertidos ao evangelho. Infelizmente, o que acontece, às vezes, é que as mulheres tentam converter o marido sem ter sabedoria quanto ao método, ao tempo e ao modo de fazê-lo. Inconscientemente, querem converter o marido não cristão a qualquer custo.

III. O que as mulheres cristãs deveriam fazer

Pedro apresenta outro caminho para que as esposas ganhem os maridos descrentes. Vejamos, portanto, as instruções de Pedro quanto ao comportamento das esposas cristãs.

A. Sujeitar-se ao seu marido
“Mulheres, sede vós, igualmente, submissas a vosso próprio marido” (3.1). Conforme vimos em outra lição, “sujeitar-se” significa “colocar-se debaixo da autoridade de alguém”. Pedro está refletindo aqui o ensino bíblico de que Deus estabeleceu o universo seguindo uma determinada estrutura na família, na igreja e na sociedade, e que tais estruturas devem ser obedecidas. Ao homem cabe a função de liderar, orientar, proteger e se responsabilizar por sua família. À mulher cabe a função de ajudar o seu marido no desempenho de seu papel, seguir sua orientação e cooperar com ele na estrutura da família e na criação dos filhos.

Quando o casamento vai bem, marido e mulher trabalham juntos, há harmonia, consenso, e as decisões são tomadas em conjunto. No entanto, há situações em que alguém tem de tomar uma decisão. O papel que Deus deu ao marido foi de, nesses casos, assumir a liderança e a responsabilidade pela família. O ponto de Pedro é que as esposas devem se sujeitar a seus maridos, mesmo que eles sejam descrentes. É preciso ressaltar, como já vimos na lição anterior, que a submissão aqui referida por Pedro não significa que a mulher cristã deve fazer tudo o que o seu marido deseja. Em última análise, a mulher cristã obedece a Cristo. Portanto, o que Pedro está ensinando é que as mulheres casadas com maridos descrentes deveriam se despojar voluntariamente do seu eu, fazer morrer o seu orgulho e servir com alegria ao seu marido, por amor a Jesus Cristo.

B. Ter uma conduta honesta e respeitosa
 “… seja ganho, sem palavra alguma, por meio do procedimento de sua esposa, ao observar o vosso honesto comportamento cheio de temor” (3.1b-2). Com as palavras “honesta” e “respeitosa”, o apóstolo resume o padrão de conduta que as mulheres cristãs casadas deveriam ter. Desde o início da carta, Pedro está ensinando sobre como viver em meio a uma sociedade hostil com os cristãos (cf. 1Pe 1.15; 2.12; 3.11,16). Da mesma maneira, as mulheres cristãs casadas com incrédulos deveriam se conduzir com prudência, cuidado e sabedoria. Um comportamento honesto significa uma conduta moral irrepreensível. Uma esposa honesta é moralmente pura. Ela é fiel ao seu marido em todos os sentidos. Ao mesmo tempo, a esposa cristã dever ser “respeitosa”, isto é, ter um comportamento cheio de temor em relação ao marido. Isso, é claro, não significa viver com medo do marido, mas tratá-lo com consideração e respeito. Esposas cristãs podem discordar de seu marido, ter opiniões diferentes, mas sempre com atitude de respeito e dignidade. Eis aqui um grande testemunho.

C. Exibir a verdadeira beleza feminina
“Não seja o adorno da esposa o que é exterior, como frisado de cabelos, adereços de ouro, aparato de vestuário; seja, porém, o homem interior do coração” (3.3-4a). Elas não deveriam procurar ficar bonitas somente na aparência, usando enfeites, penteados exagerados, joias e vestidos caros. Ao contrário, deveriam cultivar a verdadeira beleza, que estava no coração. É importante ressaltar que Pedro não está proibindo as esposas cristãs de cuidar de sua aparência. Ele está dizendo que elas não deveriam ficar bonitas somente ou exclusivamente na aparência exterior, mas dar atenção especial e principalmente à beleza interior. Certa vez, Jesus acusou os fariseus por sua preocupação quanto ao exterior e a negligência quanto ao interior (Mt 23.25-26; cf. Ef 3.16).

D. Ter um espírito manso e tranquilo
unido ao incorruptível trajo de um espírito manso e tranquilo, que é de grande valor diante de Deus” (3.4b). Um grande testemunho que uma esposa cristã pode dar ao seu marido descrente é ser mansa e tranquila no lidar. Qual é o marido que não fica impactado com esse tipo de conduta?

Na sequência do texto, Pedro ilustra esse ponto citando o exemplo de Sara, esposa de Abraão: “Pois foi assim também que a si mesmas se ataviaram, outrora, as santas mulheres que esperavam em Deus, estando submissas ao seu próprio marido, como fazia Sara, que obedeceu a Abraão, chamando-lhe senhor, da qual vós vos tornastes filhas, praticando o bem e não temendo perturbação alguma.” (3.5-6). Pedro exorta as esposas cristãs a se tornarem “filhas de Sara”, praticando o bem e não temendo mal algum. Os exemplos de mulheres piedosas da Bíblia servem de padrão para as mulheres cristãs de hoje.

Conclusão

As mulheres cristãs sofriam muito na antiguidade, especialmente aquelas que criam e confessavam Jesus Cristo. Foi por essa razão que Pedro escreveu o capítulo 3 de sua carta. As orientações de Pedro são para que as mulheres cristãs, casadas com maridos incrédulos, não se divorciem nem se revoltem contra. O apóstolo as exorta a se sujeitar aos seus maridos, ser honestas e respeitosas, exibir a verdadeira beleza feminina, que é interior, do coração, e demonstrar um espírito manso e tranquilo dentro do lar.

Aplicação

As instruções dadas por Pedro servem para todas as mulheres, mais especialmente àquelas que são casadas com maridos descrentes. Busque força e graça em Jesus para conviver bem e feliz com seu marido incrédulo. Que atitudes uma mulher nessa situação poderia tomar no dia a dia, para influenciar positivamente o marido? Você conhece alguma esposa cristã nessa situação? Como a aconselharia?

>> Estudo publicado originalmente pela Editora Cultura Cristã, na série Nossa Fé -– A Bíblia e a Sua Família. Usado com permissão.

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