A família nos planos de Deus

A família nos planos de Deus

Texto básico: Gênesis 2. 18-25

Leitura diária
D – Gn 2.4-17 – O jardim no Éden
S – Ap 21.1-4 – O lar celestial
T – Zc 8.3-8 – Serei o seu Deus
Q – Êx 33.17–34.9 – A glória de Deus
Q – Êx 34.29-35 – O rosto resplandecente
S – Ef 5.1,2,21–6.4 – O lar cristão
S – Jo 14.1-3 – Jesus prepara-nos lugar

Introdução

O Senhor nosso Deus nos ama e manifesta seu amor no cuidado que tem por nós. Compreendemos melhor esse cuidado, quanto mais conhecemos acerca das coisas que Deus tem preparado para nós o seu povo.

A família é uma das áreas onde o amor de Deus pelos seus eleitos se demonstra mais intensamente. Na aliança de amor que Deus estabeleceu com a sua criação e o seu povo, a família recebe um cuidado todo especial. Assim, tanto o primeiro lar, como nosso lar futuro, nos dão vislumbres gloriosos de Deus e de seu projeto para a família.

As lições que aprendemos sobre esses lares (o primeiro lar e o lar futuro) devem ser aplicadas ao terceiro lar – nossa casa.

I. O lar do jardim

O lar do jardim era um lugar da graça. Depois de chamar à existência a criação, o Deus Trino criou o homem e a mulher à sua própria imagem (Gn 1.26; 2.7).

Por ser criado à imagem de Deus, o homem tinha a capacidade de viver em comunhão com Deus. O homem podia viver face a face com Deus e depois refletir a glória de Deus aos outros.

Após cada ato da criação Deus pronunciou a bênção: “é bom”. Mas quando criou o homem, Deus disse: “Não é bom que o homem esteja só” (Gn 2.18). Não se tratou de um erro divino. Foi um projeto divino. Não era bom que o homem estivesse só porque Deus o projetou para viver em companhia. Então Deus disse: “far-lhe-ei uma auxiliadora que lhe seja idônea” (Gn 2.18), ou seja, uma auxiliadora que lhe fosse adequada.

Então, o lar criado por Deus para o homem tornou-se perfeito, porque havia alguém a quem o homem pudesse refletir a glória de Deus. Ao compreender este aspecto do plano de Deus para sua família, nosso pai Adão exultou de alegria, pois, a partir da criação da mulher o homem compartilharia toda a criação de Deus com alguém que era carne da sua carne e ossos de seus ossos, e com quem se fundiria numa só carne.

Ambos, homem e mulher, receberam uma incumbência cultural (Gn 1.28) de governar a criação que lhe era submissa. Para tanto Deus providenciou para ambos os recursos necessários para executarem suas responsabilidades, de forma que as espécies vegetais e as espécies animais lhes fossem por mantimento (Gn 1.29,30), como efetivamente foi feito.

II. Os princípios do lar do jardim

Os princípios desse primeiro lar eram os seguintes:

  1. O Senhor Deus formou o homem e o colocou no jardim. “Deus” é o Criador soberano. “Senhor” é o seu nome pessoal; revela seu relacionamento pessoal e seu compromisso com o homem e a mulher.
  2. Deus construiu o lar do jardim. Esse santuário foi edificado e abastecido por Deus. Era o lugar ao qual eles pertenciam.
  3. Homem e mulher foram criados à imagem de Deus. Tinham capacidade para viver em comunhão íntima com Deus. Havia igualdade de posição, como portadores da imagem de Deus.
  4. Foram criados macho e fêmea. A igualdade não excluía a diversidade de sexos. A igualdade permitia que essa distinção fosse perfeitamente complementar, que se mesclassem numa unidade que refletia gloriosamente a unidade da Trindade.
  5. O homem foi criado primeiro e deu nome à mulher. A ordem da criação e o privilégio de dar nome à mulher conferiram ao homem a responsabilidade da liderança e autoridade na casa (1Tm 2.11-13).
  6. A mulher foi planejada para ser auxiliadora. Isso não implicou inferioridade de posição ou de responsabilidade. A palavra hebraica para auxiliadora – ezer – muitas vezes é usada no Antigo Testamento para se referir a Deus como nosso ezer. É a presença da mulher neste contexto que dá inteireza ao lar do jardim, tornando-o completo.
  7. Eram uma só carne. Essa intimidade maravilhosa removeu a solidão de Adão e proclamou a centralidade do casamento. O fato de serem homem e mulher, marido e esposa, dois numa só carne, exige um respeito mútuo, de forma que respeitar o outro é respeitar a nós mesmos.
  8. Casamento significaria deixar pai e mãe. Adão e Eva seriam o pai e mãe de quem os filhos deveriam se separar para constituir seus próprios casamentos. Por meio desse processo, os relacionamentos ficariam fortalecidos, e a unidade das famílias ficaria preservada.
  9. O homem estava unido à sua esposa. Essa é uma linguagem pactual, que reflete o compromisso de Deus para com os seus.
  10. Havia nudez, mas não vergonha. Homem e mulher podiam estar nus, um diante do outro, porque refletiam mutuamente a glória de Deus.
  11. Adão e Eva tinham responsabilidades. O primeiro casal podia refletir mutuamente a glória de Deus e então voltar-se para a criação com uma unidade de propósito – obedecer ao mandato cultural de ser fecundo e de exercer domínio sobre a terra.

O lar do jardim era um santuário da graça porque Deus estava lá e vivia em comunhão com os portadores da sua imagem. Adão e Eva contemplavam a glória de Deus e então tocavam um ao outro com a glória daquele amor. Todas as responsabilidades de um para com o outro, e de ambos para com a criação, estavam em harmonia. Não havia egoísmo, vergonha, nem tristeza.

O lar do jardim está fora de alcance para nós, hoje. Não podemos alcançar plenamente aquela unidade, porque pecamos em Adão. Mas o Filho de Deus providenciou um modo de os filhos de Adão serem redimidos. Comprou um lar celestial que excede em excelência o lar do jardim.

III. O lar celestial

As semelhanças entre o lar do jardim e o lar celestial são marcantes. O céu é o lugar da habitação de Deus e, portanto, é um santuário da graça (Ap 21.1-4, 22.1-5).

Sabemos que Jesus já preparou esse lugar para nós e que ele nos levará para lá (Jo 14.2,3). Sabemos que o céu é um lugar onde seremos bem recebidos porque Jesus quer que estejamos lá com ele (Jo 17.24). Sabemos também que viveremos lá para sempre gozando da bondade e da misericórdia de Deus eternamente. (Sl 23.6).

Zacarias registra uma declaração do nosso lar celestial. No sentido imediato, a visão aplica-se aos judeus que tinham voltado do exílio na Babilônia. Mas a descrição do profeta oferece esperança para nós também, pois o texto fala da comunidade do povo de Deus, reunida, com Deus no seu meio (Zc 8.3-8).

Iremos novamente contemplar a Deus e refletiremos somente Deus uns aos outros. Seremos seu povo e ele será sempre fiel e justo conosco, não porque mereçamos, mas porque ele se uniu a nós na fidelidade da sua aliança. Seremos novamente a comunidade do pacto reunida por Deus, em Deus e com Deus no nosso meio.

Na cidade de Deus não haverá distância entre as gerações, não haverá culpa, nem tristeza, pois Deus habitará conosco no meio da sua cidade, e portanto, não haverá pecado na Santa Cidade. É justamente por causa do pecado que nunca poderemos ter uma réplica do nosso lar celestial aqui na terra. Mas, isto não deve impedir que o lar cristão seja uma amostra, um exemplo do lar que nosso Salvador comprou e preparou para nós.

Estamos hoje entre o lar do jardim e o lar celestial. Não podemos criar o céu na terra, mas nossos lares podem e devem ser um reflexo do lar que nosso salvador comprou e preparou para nós.

IV. A lição de Moisés e de Paulo

Moisés e Paulo nos fornecem material didático para que nossos lares sejam um reflexo do lar do jardim, que virá.

A lição de Moisés

Depois que Deus lhe prometeu que sua presença iria com o povo, Moisés fez a Deus o pedido máximo. Pediu para ver a glória de Deus. Moisés tinha visto o poder de Deus na sarça, nas pragas, no muro de água no Mar Vermelho, no Sinai. Agora Deus mostrou a Moisés sua bondade e o resplendor da Pessoa Divina (Êx 33.18,19; 34.6,7).

Deus revelou-se a Moisés como Senhor, ou Yahweh. Esse nome proclama a bondade intrínseca de Deus e a qualidade íntima do relacionamento de Deus com seu povo pactual. Quando Moisés desceu do monte, voltou com o rosto resplandecendo, por refletir a glória de Deus (Êx 34.29).

De início, Moisés não percebeu que estava com o rosto resplandecendo. Isso se aplica a nós em dois sentidos. Por um lado, quanto mais estamos cientes de nós mesmos, menos irradiamos o caráter de Deus. Nosso egocentrismo ofusca o reflexo da glória de Deus. Por outro lado, quando contemplarmos a glória de Deus, somos transformados à semelhança dele e nos tornamos cada vez mais compassivos, graciosos, tardios em irar, amorosos, fiéis e perdoadores. Nossos lares são transformados em lugar da graça, onde a glória da bondade de Deus se irradia por meio dos que ali habitam. E isso não tem nada a ver com esforço próprio. É a vida na graça de Deus.

A lição de Paulo

O apóstolo Paulo inicia a carta aos Efésios expondo sobre a pessoa e obra da Trindade; a seguir, fala da união de judeus e gentios em Cristo pela graça; cuida da unidade e da fé e da união dos crentes em santidade de vida; por fim, Paulo trata do mistério da igreja, entremeando instruções às famílias individuais (Ef 5.1,2,21–6.4). Em todos esse temas há um sentido de comunidade do pacto, ou seja, de família da fé segundo os planos de Deus, de Família da Aliança. Assim entendemos que, sem lares cristãos sadios, as realidades profundas da fé cristã permanecem meras abstrações para os membros das famílias e não criam raízes na sociedade como um todo.

Os escritores apostólicos não exortavam as pessoas a se afastarem da sociedade, mas a recuarem do seu próprio eu. Para tanto, ensinaram o princípio do sacrifício das prioridades pessoais em benefício das necessidades da pessoa amada. Quando vivemos um para o outro, encenamos a história do sacrifício de Jesus, o que nos leva a uma vida com propósito, a vida com Deus.

Conclusão

O empreendimento de nutrir uma família forte está acima do nosso alcance. Entretanto, esse empreendimento foi projetado para nos levar além da nossa capacidade e nos introduzir na esfera da graça. A graça de Deus nos capacita a viver acima da habilidade que possuímos, pensando nas pessoas de modo prático e pedindo graça ao Senhor para mostrarmos às pessoas a bondade de Deus.

Deus criou a família dentro de um plano especial. Deus fez homem e mulher, dando a ambos alguém com quem refletir a glória de Deus. E Deus deu a ambos uma incumbência cultural, providenciando os recursos necessários para que cumprissem suas responsabilidades (Gn 1.29,30).

A natureza complementar dos dois sexos visa a uma cooperação enriquecedora não só no casamento, na procriação e na vida familiar, mas também nas mais amplas atividades da vida.

O modelo do casamento, antes da queda, é a base para o governo no lar e nas igrejas, bem como um tipo do relacionamento entre Cristo e sua igreja.

Aplicação

Faça uma lista dos atributos divinos que Deus mostrou a Moisés em Êxodo 34.5-7 a ore para que Deus lhe dê graça para refletir essas qualidades à sua família.

Compare Efésios 5.21–6.4 com sua família. Trabalhe e ore para que essa seja uma descrição do seu lar.

>> Estudo publicado originalmente pela Editora Cultura Cristã, usado com permissão.

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