Quem fala a verdade? [Como reconhecer quem fala mentiras em nome de Deus]

QUEM FALA A VERDADE?

Texto básico: Jeremias 5; 23; 27; 28

Texto devocional: Ezequiel 13.1-9

Versículo chave: Jeremias 23.28-29

“Que tem a palha com o trigo? – diz o Senhor. Não é a minha palavra fogo, diz o Senhor, e martelo que esmiúça a penha?”

Alvo da lição: Ao estudar esta lição, você aprenderá a reconhecer os falsos profetas que falam mentiras em nome do Senhor.

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Introdução
Iniciaremos nossa jornada a partir de Jeremias 5.1-4. Desde o momento de sua chamada, Jeremias sabia que sua tarefa não seria fácil ( Jr 1.17-19). Mas não imaginava, de início, de onde viria a oposição. Ele sabia que as reformas promulgadas pelo rei Josias não en­contravam guarida no coração do povo comum (Jr 5.4), mas acreditava que a liderança entenderia o recado divino. Quanto engano ( Jr 5.5)! “Dai voltas às ruas de Jerusalém; vede agora, procurai saber, buscai pelas suas praças a ver se achais alguém, se há um homem que pra­tique a justiça ou busque a verdade; e eu lhe perdoarei a ela” ( Jr 5.1). A idolatria e a imoralidade tomavam conta de todos ( Jr 5.7). A liderança espiritual devia funcionar como a consciência da nação ( Jr 5.30-31), mas não exercia seu papel. A maior oposição que Jeremias teve de enfrentar veio dos falsos profetas.

I. Profeta x “profeta”  (Jr 27-28)

1. Vamos nos rebelar?
Começou o reinado de Zedequias, o último rei de Judá. Os reis vizinhos enviaram mensageiros a Jerusalém ( Jr 27.3), com o intuito de montar uma conspiração contra Nabucodo­nosor. Aquilo não funcionaria, e Deus mandou o recado por Jeremias de maneira bem dramática. O profeta foi ao encontro dos embaixadores usando sobre o pescoço “correias e canzis” ( Jr 27.2), ou seja, um jugo de bois, com cordas e madeiras! A mensagem era clara: as nações só teriam paz andando em submissão ao rei Nabucodonosor ( Jr 27.8,11), que colocou Zedequias no trono (2Rs 24.17). Mas Nabuco­donosor não passava de um “servo” nos planos do Senhor, que o tinha colocado no trono de domínio sobre as terras ( Jr 27.6). Afinal, quem reina é Deus, o Senhor ( Jr 27.5)!

2. Vozes conflitantes
Por que os reis não reconheceram que a conspiração estava destinada ao fracasso? (cf. Jr 27.9-10,14-15). Havia vozes falsas, enganosas, falando menti­ras com uma suposta autoridade espiri­tual. No caso das nações, além de pro­fetas, havia todo tipo de médium, “guia espiritual” ( Jr 27.9). No caso do povo de Deus, eram profetas que falavam em nome do Senhor ( Jr 27.15). Mas tudo era “mentira” ( Jr 27.10,14,16). O inte­resse deles pela causa de Deus se limi­tava às coisas materiais, os “utensílios” do templo ( Jr 27.16; 28.2-3).

3. Corpo a corpo
No capítulo 28, aparece o pro­feta Hananias com sua mensagem de restauração completa “dentro de dois anos” ( Jr 28.1-4). Ele contradisse tudo o que Jeremias falou – o jugo não vale nada, pois “quebrei o jugo do rei da Ba­bilônia” ( Jr 28.2,4). É impressionante como, ao longo do capítulo, os dois homens são chamados de “profeta” (cf. v.5,10,12,15). Os dois falam em nome do Senhor: Hananias nos versos 2 e 11; Jeremias nos versos 14 e 16. Como é que o povo saberia em quem acreditar?

É um problema perene, antigo e atual. Moisés já o previa e deu dois tes­tes: primeiro – profecia que não se cum­pre não veio de Deus (Dt 18.20-22); segundo – profecia em nome de outros deuses, mesmo que se cumpra, é pecado mortal (Dt 13.1-5). O segundo teste já condena os profetas pagãos ( Jr 27.9), e o primeiro teste serviu para desmascarar Hananias, pois os “dois anos” (Jr 28.3) se passaram, e nada mudou; enquanto isso, outra profecia, esta de Jeremias, teve seu cumprimento mais rápido (Jr 28.15-17).

4. Reagindo à mentira
A reação de Jeremias nesse episó­dio pode servir de modelo para nós. Duas palavras resumem a reação de Jeremias: “Amém!” e “Será?”

“Amém!” ( Jr 28.6). É claro que a mensagem de Hananias era bem mais popular do que a de Jeremias. Quem não quer uma mensagem de libertação ( Jr 28.10-11), de restauração ( Jr 28.3), enfim, de paz ( Jr 6.14)? Jeremias tam­bém queria que tais expressões fossem a verdade. Como sabemos, Jeremias não tinha nenhum prazer em pregar o juízo: “nem tampouco desejei o dia da aflição” ( Jr 17.16). Jeremias pregava na esperança de que sua profecia não fosse cumprida, de que o povo se arre­pendesse e encontrasse a misericórdia e o perdão de Deus.

“Será?” ( Jr 28.7-9). O que impor­ta é que o profeta fale a verdade, seja agradável ou não. E Jeremias nos dá um terceiro teste (além dos dois citados por Moisés): a palavra é coerente com o que Deus falou no passado? Em geral, os profetas de Deus são mensageiros de juízo. Mesmo o Profeta maior, o Senhor Jesus Cristo, falou muitas vezes sobre o juízo.

Você notou que Jeremias não diz “assim diz o Senhor” neste discurso dos versos 6-9? É coisa de lógica, que não precisava de revelação divina!

Duas palavras: “amém!” e “será?” E um silêncio. Quando Hananias che­gou ao extremo ultrajante de destruir o jugo simbólico que Jeremias portava, o profeta de Deus não reagiu de imedia­to. Com domínio próprio dado pelo Senhor, simplesmente “se foi, tomando seu caminho” (28.10-12). Foi apenas “depois” (28.12) de um intervalo, no qual certamente buscou a orientação de Deus, que Jeremias voltou a responder com uma palavra não dele, mas do Se­nhor (28.13-16). O profeta entendeu que a ofensa feita era “contra o Senhor” (28.16) e que Ele ia julgar.

Jeremias para hoje

Você tem andado sob o jugo do Rei maior, Jesus Cristo (Mt 11.28-30)? Tem se inte­ressado mais pelas coisas “santas” do que por uma vida santa? Tem discernido corretamente as mensagens ouvidas (seja na televisão, na internet, no rádio ou pessoalmente)?

II. Deus fala a respeito dos falsos profetas (Jr 23.9-40)

1. O mal da profecia falsa

O meu coração está quebrantado dentro de mim; todos os meus ossos estreme­cem; sou como homem embriagado e como homem vencido pelo vinho” ( Jr 23.9). A forte reação de Jeremias mostra a serie­dade do problema. Os profetas estavam desrespeitando as “santas palavras” do Se­nhor, e dessa atitude fluíam muitos males.

a. Davam vazão à imoralidade sexual ( Jr 23.10).

b. Encorajavam os outros no pecado – “fortalecem as mãos dos malfeito­res” ( Jr 23.14), “fazem errar o meu povo” ( Jr 23.32), contaminando toda a terra com a sua impiedade ( Jr 23.15), como enchente que deixa um mar de lama nas casas atingidas.

c. Contradiziam diretamente a pa­lavra do Senhor – “Não virá mal sobre vós” (Jr 23.17) é exatamente o contrário do que Deus falou no verso 12: “trarei sobre eles calamida­de”. Falam sobre paz, mas não sobre pecado. Prometem alegria, mesmo sem arrependimento. Nisso imitam o pai da mentira (Gn 3.4).

2. A “sentença pesada do Senhor”

Enfim, falsos profetas: “furtam as minhas palavras, cada um ao seu compa­nheiro” ( Jr 23.30), repetindo chavões que, mesmo sendo verdades, estavam desgastados e mortos, de tanta repeti­ção. Um desses chavões era a expressão “sentença pesada do Senhor” ( Jr 23.33). Nada há de errado na expressão em si, mas a repetição leviana, usada para legitimar qualquer ‘mensagem’ desses profetas mentirosos, chegou a ponto de Deus proibir seu emprego.

3. A profecia verdadeira

Como é o ministério de um pro­feta verdadeiro? Quais as suas marcas? Podemos esboçar uma resposta a partir da acusação do verso 36: “pois torceis as palavras do Deus vivo, do Senhor dos Exércitos, o nosso Deus”.

a. O profeta genuíno traz uma pa­lavra viva, “do Deus vivo”. Não chavões mortos imitando outros. É uma mensagem que “vem da boca do Senhor” ( Jr 23.16), não de algum livro (ou site!). O pro­feta genuíno “esteve no conselho do Senhor” ( Jr 23.18); a palavra “conselho” aqui dá ideia de um cír­culo de amigos. É traduzida como “segredo” em Amós 3.7.

b. O profeta verdadeiro conhece a Deus na Sua grandeza majestosa como “Senhor dos Exércitos”, Aquele que enche os céus e a terra ( Jr 23.23-24). Assim o profeta vive toda a vida na presença de Deus. Sabe da realidade de Seu juízo ( Jr 23.15,19-20). Não se deixa enganar com “vãs esperan­ças” ( Jr 23.16) e sonhos vazios ( Jr 23.25-28).

c. O profeta genuíno conhece a Deus pessoalmente, como “o nosso Deus”, e compartilha do zelo que Deus tem por Sua casa ( Jr 23.11), Sua terra ( Jr 23.16), Seu povo ( Jr 23.22,32), enfim, Seu próprio Nome. Para o profeta verdadeiro, o pior castigo é ser lançado fora da presença de Deus ( Jr 23.39).

Jeremias para hoje

Que tipo de mensagens você mais gosta de ouvir? Quando seu pastor prega sobre pecado, você se alegra pelas palavras ditas ou você é daqueles que só querem ouvir coisas agradáveis aos ouvidos?

Conclusão

No capítulo 23 de Jeremias, obser­vamos que as mensagens falsas podem brotar de várias raízes: falsos deuses (Jr 23.13); coração humano (Jr 23.16); sonhos ( Jr 23.25); palavras de outros ( Jr 23.30). O Senhor se declara contra todos os que proferem tais mensagens ( Jr 23.30-32) como se viessem de Deus. Em total contraste, a palavra que vem de Deus se faz sentir pelos seus efeitos ( Jr 23.28-29). É “trigo” que alimenta a alma e nos dá força para servir e obedecer. É “fogo” que purifica e nos faz arder o coração para falar da grande salvação que temos em Cristo (cf. Lc 24.32-35). E é “martelo” que quebranta a dureza do nosso coração, trazendo-nos sempre de volta à depen­dência da graça do Senhor.

Autor da lição: Pr. Glenn Thomas Every-Clayton

>> Estudo publicado originalmente pela Editora Cristã Evangélica, na revista “Jeremias e Lamentações”. Usado com permissão.

 

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