Que a justiça nasça firme!

QUE A JUSTIÇA NASÇA FIRME

Série: Cristo em nós e Nós no Mundo – uma igreja cidadã e serva

 

Texto básico: Isaías 65.17-25

Abertura

Aqui está o eixo central, no qual devem girar as propostas de cidadania e serviço — a prática da justiça. Neste sentido é muito oportuno ler e meditar na promessa alvissareira da Nova Jerusalém.

O projeto dos homens é marcado pela injustiça. O projeto de Deus, ao contrário, tem por fundamento a justiça. O Reino de Deus é a consequência da justiça de Deus. A Nova Jerusalém é o símbolo máximo da justiça de Deus. Qualquer tentativa de servir a cidade precisa situar-se entre os dois projetos: a cidade dos homens e a cidade de Deus.

Perguntas para discussão em grupo

Deus, por meio do profeta Isaías, compartilhou seu sonho de cidade justa e santa. A “velha” Jerusalém deveria ser restaurada e reconstruída à luz da “nova” Jerusalém. O texto é Isaías 65.17-25, um clássico da ação urbana no Antigo Testamento.

Leia os textos com muita atenção e responda (Isaías 65.17-25):

1. Qual o sonho de Deus para a cidade: O texto nos fala de pelo menos sete características da cidade criada por Deus. Quais são estas bênçãos?

2. Que novidade nasce com a cidade de Deus?

3. Qual é o conteúdo, a realidade viva desta cidade?

4. Deus purificará a criação do mal introduzido pela queda e restaurá-la integralmente em que proporção? Como esta esperança nos motiva na ação em favor da cidade hoje? Isto envolve o cuidado com o meio ambiente? Quais podemos praticar?

5. Você acredita que mudanças significativas podem acontecer no atual sistema?

É papel do cristão, a partir da resposta anterior, denunciar as injustiças, os absurdos e as iniquidades cometidas contra a vida comum da cidade e não somente prestar socorro? Cite exemplos de engajamento que lutam em favor da justiça:

Vendo a cidade com os olhos de Deus

1. Um ambiente natural renovado: “Pois vejam! Criarei novos céus e nova terra, e as coisas passadas não serão lembradas. Jamais virão à mente!” (v. 17). A cidade de Deus é ecologicamente harmônica. Os construtores humanos se rendem ao projeto de Deus para a cidade. Deus chama a atenção do seu povo: “Pois vejam”. Deus convoca seu povo para ver o seu projeto final. Um projeto que passa pelo “novo”: novos céus

e nova terra (Ap 21.5). O novo de Deus aniquila as lembranças passadas. O ambiente é renovado. Finalmente, a natureza que aguardava sua libertação e redenção da escravidão e decadência em que se encontrava, agora não geme mais (Rm 8.18-22). Ela é renovada! Esse “novos céus e nova terra” só tem sentido se tiver gente lá dentro, e gente feliz!

2. Um povo renovado e feliz: “Eis que crio para Jerusalém alegria e para o seu povo, regozijo” (v. 18b). Chega de lembranças de coisas passadas. Que se apague da memória os motivos de infelicidade. Chega de voz de choro. Deus se exultaria por causa de Jerusalém e ficaria alegre por seu povo. Deus sonha com um

povo feliz. A cidade de Deus é cidade alegre. Uma alegria cuja fonte é o próprio Deus. Os novos céus e nova terra (v. 17) são geografias marcadas pela felicidade. Felicidade não pelas coisas, mas por causa de Deus. Esse povo gozará outro tipo de vida!

3. Vida em plenitude: “Nunca mais haverá nela uma criança que viva poucos dias, e um idoso que não complete os seus anos de idade; quem morrer aos cem anos ainda será jovem, e quem não chegar aos cem será maldito” (v. 20). A cidade de Deus tem olhos para as crianças e os idosos. Do nascimento ao envelhecimento é vida em plenitude. A linguagem é poética e metafórica, pois na nova Jerusalém ninguém morre. É o fim da mortalidade infantil e do desprezo à velhice. É uma prova incontestável do amor de Deus aos mais fragilizados e dependentes: as crianças e os

idosos. A cidade de Deus põe fim a tudo que conspira contra a vida! Essa vida em plenitude é redimensionada em suas relações.

4. Novas condições sociais: “Construirão ‘casas’ e nelas habitarão; ‘plantarão’ vinhas e comerão do seu fruto. Já não construirão casas para outros ocuparem, nem plantarão para outros comerem. Pois o meu povo terá vida longa como as árvores; os meus escolhidos esbanjarão o fruto do seu “trabalho”. Não labutarão inutilmente…” (v. 21-23a). “Moradia, comida e trabalho”: três elementos essenciais e básicos da e

para a vida. A cidade de Deus é promotora de dignidade humana: “casa, alimento e trabalho” para todos! O sonho de Deus para a cidade não é luxo nem lixo. É o simples e o básico que promovem dignidade. Esse povo que passa a ter casa, comida e trabalho, viverá feliz em suas famílias.

5. Nova condição familiar: “…nem gerarão filhos para a infelicidade; pois serão um povo abençoado pelo Senhor, eles e os seus descendentes” (v. 23). Menores de rua? Nem pensar! Crianças pedindo dinheiro nos semáforos? Jamais! Menina grávida aos 12 anos cheirando cola nas casas abandonadas? Sem chance! Adolescentes e jovens na Cracolândia? Impossível! A cidade de Deus é cheia de filhos felizes, que foram gerados para viver em harmonia em suas famílias. A família tem prioridade para Deus. E elas são ajustadas e equilibradas. Nessa cidade não entra maldição familiar.

6. Nova relação com Deus: “Antes de clamarem, eu responderei; ainda não estarão falando, e eu os ouvirei” (v. 24). A cidade é marcada pela própria presença de Deus. Uma relação tão “próxima-íntima” que não há mais necessidade de clamar. Antes que se fale a palavra “Pai”, ele já a ouviu. “Agora o tabernáculo de Deus está com os homens, com os quais ele viverá. Eles serão os seus povos; o próprio Deus estará com eles e será o seu Deus” (Ap 21.3). Nessa cidade não tem igreja: “não vi templo na cidade” (Ap 21.22a). Por que não? Porque “o Senhor Deus todo-poderoso e o Cordeiro são o seu templo” (Ap 21.22b). E Deus é o templo, O único digno de ser adorado; “as nações andarão em sua luz” (Ap 22.24) e não mais em injustiça. Paz e justiça determinam o relacionamento com o outro.

7. Nova relação com o próximo: “O lobo e o cordeiro comerão juntos, e o leão comerá feno, como o boi, mas o pó será a comida da serpente. Ninguém fará nem mal nem destruição em todo o meu santo monte, diz o Senhor” (v. 25). “Maldade e destruição” não têm lugar na cidade de Deus. A relação com o próximo será pacifica, de justiça absoluta.

Aplicação

É com essa visão e sonho de Deus que os exilados deveriam recomeçar a vida e reconstruir a velha Jerusalém. Os paradigmas da nova Jerusalém deveriam nortear a vida no aqui e agora. Isso te diz algo? Não seria também a hora de deixarmos de ver a cidade com os nossos olhos e passarmos a vê-la como Deus a vê? É hora de trazer a nova Jerusalém para o nosso chão de cada dia. Esse é o sonho de Deus? Torne-o realidade em sua geografia! A promessa de Isaías 65 deve ser vista por nós, igreja do Senhor, como contraponto, isto é, como símbolo de esperança diante deste clima de desesperança presente no centro urbano. A igreja interessada na elaboração de um plano de pastoral urbana é inspirada neste texto de esperança cristã entre outros.

Atitudes

Com base no ensino bíblico, algumas atitudes são esperadas, tais como:

• Desfrutar da beleza da criação;

• A beleza da criação deve levar-nos a adorar o criador;

• A degradação ambiental traz muitos problemas sociais, cuidar do jardim de Deus é um ato de amor ao próximo;

• Ao orarmos pelo lugar onde moramos, devemos incluir o uso sustentável e o incentivo de desenvolvimento do meio ambiente em nossas petições;

• Devemos assumir um estilo de vida simples (não consumista);

• Participar de luta em favor da justiça em momentos significativos da vida da cidade; anunciando, denunciando, construindo, mediante palavra e ação, à luz da perspectiva da justiça e da paz do Reino de Deus.

 

Referência Bibliográfica

1. Ações pastorais da Igreja com a Cidade, Jorge Henrique Barro, Descoberta Editora Ltda.  – Londrina/ PR, 2000.

2. A cidade é minha paróquiaClóvis Pinto de Castro, EDITEO – Editora da Faculdade de Teologia da Igreja Metodista – São Bernardo do Campo/ SP, 1996.

Leitura indicada: Os Cristãos e os Desafios Contemporâneos, John Stott. Editora Ultimato, 2014.

>> Autor da Lição:  Jony Wagner de Almeida

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5 Comentários para “Que a justiça nasça firme!”

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